Ao receber um novo paciente no consultório, sigo um protocolo de entrevista, avaliação e orientação. Na entrevista conheço a criança e a visão da família sobre o problema que os fizeram buscar tratamento; já a avaliação permite compreender as causas do problema apresentando, traçando assim a melhor estratégia para eliminação do mesmo; na orientação, dedico grande parte do atendimento, pois é nela que começa o processo terapêutico por meio de explicações e propostas para a resolução do problema apresentado.
O início do tratamento fonoaudiológico ocorre a partir da compreensão pela família das causas que levaram às dificuldades apresentadas pela criança (por exemplo, o porquê dos erros na fala). O passo seguinte (e na minha opinião, o importante) é a definição dos papeis de todos no processo terapêutico. Sim!
Todos desempenham importante papel para a evolução do tratamento. É um trabalho em equipe pois, definitivamente não há evolução sem a participação da família.
As sessões de fonoterapia ocorrem em frequência semanal (geralmente 1 ou 2 vezes na semana), com duração que varia de 30 a 60 minutos. Seja qual for o objetivo do tratamento, 1 a 2 horas de atuação para a modificação de um padrão é muito pouco, se compararmos com as demais que ela permanece acordada, mantendo o padrão incorreto.
Quando os cuidados em auxiliar a criança na superação de suas dificuldades ficam reservados apenas ao fonoaudiólogo, noto que a criança fica pouco estimulada, se sentindo inferior por apresentar um problema que requer cuidados especiais.
Porém, quando a família se envolve no tratamento, participando diariamente dos treinos e mudanças de hábitos orientados, a criança tem uma evolução infinitamente maior.
Por isso no consultório treino sempre a família e a criança, deixando ao final de cada sessão o que cada um poderá fazer na rotina diária para contribuir na evolução do caso. Para as famílias, desenvolvemos juntas uma percepção especial, deixando-as mais atentas aos aspectos abordados no tratamento. À criança, a motivação e o compromisso de se esforçar não apenas no consultório, mas diariamente com a mamãe e o papai, em momentos definidos em conjunto para estes treinos.
Desta forma, é possível treinos diários incorporados na rotina da família, por exemplo:
- O percurso de casa à escola pode ser ótimo para treinos musculares ou para falar corretamente aquele som que está sendo abordado em terapia.
- Os momentos das refeições podem ajudar nos casos em que a criança precisa recordar o padrão correto para mastigar e engolir os alimentos.
- Preparar a lista de compras do supermercado com a ajuda da criança pode ser um bom momento para os casos cujo trabalho fonoaudiológico aborda a linguagem escrita.
O resultado deste verdadeiro trabalho em equipe? Uma evolução mais rápida, com conquistas celebradas por todos, e uma criança mais consciente de sua grande capacidade de superação.
Conteúdo autorizado para reprodução na Revista Materlife com a fonte retida pelo publicador.
DRA. DANIELA BARBOSA, FONOAUDIÓLOGA, ALMANAQUE DOS PAIS (www.almanaquedospais.com.br)