Mas afinal, o que é uma evacuação “normal”?
Nem todas as crianças evacuam todos os dias, mas precisamos ficar atentos para avaliar o espaçamento entre as evacuações. Quanto mais dias entre as evacuações, a consistência das fezes e consequentemente o esforço e o desconforto para evacuar, podem ser maiores.
Atenção: a única exceção quanto ao espaçamento das evacuações, é para o bebê que está em aleitamento materno exclusivo. Nesta situação, o bebê pode evacuar a cada mamada, ou uma ou mais vezes ao dia, ou ir espaçando as evacuações, podendo chegar até 7-10 dias sem evacuar, e mesmo com esse intervalo, a consistência será normal, até mesmo amolecida.
Fezes muito volumosas, que causam evacuações dolorosas e às vezes até mesmo com sangue, indicam que existe um quadro de constipação.
A coloração será mais escura quanto maior for o intervalo, assim como o odor, mais forte.
Por vezes, o espaçamento entre as evacuações acaba causando uma coalescência de material fecal, ocasionando um bolo fecal grande e endurecido, gerando dificuldade de ser eliminado, até por um mecanismo de defesa da criança, que acaba tendo um comportamento de retenção, para não sentir dor na hora da evacuação.
Como o intestino mantém o seu peristaltismo apesar disso, esse “movimento” pode levar a um escape de material fecal, geralmente mais líquido, escuro e fétido, que ocorre sem que a criança perceba. Esse fenômeno é chamado de “soiling”.
As causas para a constipação podem ser várias e a mais frequente é a baixa ingestão de fibras e de água. Porém, a avaliação de um especialista vai poder descartar outras causas como alergia alimentar, doença celíaca e hipotireoidismo dentre outras.
Dependendo da causa, os tratamentos podem variar, mas sempre vão exigir alguma mudança na alimentação.
Por último, fica uma dica importante para os pais: a criança sempre deve estar confortável. Para isso, se necessário, utilize um piniquinho ou para crianças maiores, um adaptador para o vaso. Além disso, sempre colocar a criança para evacuar com os pés apoiados, ou no chão ou em alguma escadinha ou balde invertido.
Fonte: Dra. Cláudia G. F. Troccoli Menezes, CRM-SP 69769, Pediatra e Gastroenterologista Pediátrica. Atende no Consultório Cuidar Pediatria e Cuidado Integral, em São Paulo
(www.cuidarpediatria.com.br)