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O tenebroso puerpério!

Tempo de Leitura: 3 minutos
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O título assusta, mas é uma definição que escutamos muitas vezes no dia a dia de atendimentos. Hoje vamos iniciar uma série de três colunas sobre aspectos relativos ao pós-parto, com ênfase na saúde da mulher.

Muitas vezes, após o parto, todas as atenções são dirigidas para a nova vida que acaba de chegar. Mas, ao mesmo tempo, não podemos esquecer da mulher, esposa, companheira e todas as outras definições que cabem para além da mãe!

As mulheres ao descobrirem que estão grávidas, geralmente preocupam-se em saber sobre a gestação, pré-natal e parto, o que é totalmente compreensível.  Mas desde logo, é preciso também preparar o corpo e a mente para o que vem depois do nascimento do esperado filho ou filha. Estamos a falar do puerpério.

O puerpério é dividido em fases: o puerpério imediato vai até o décimo dia pós-parto. Já o puerpério tardio vai até o quadragésimo segundo dia. E o que vem depois é chamado de puerpério remoto.

A experiência mostra que o momento mais crítico tende a ser o primeiro mês após o nascimento da criança. Aqui há uma série de mudanças na vida da mulher, tais como físicas, biológicas, comportamentais etc. São muitas as transformações!

Por isso, o puerpério é tido como um período adaptativo, com relevante influência da privação de sono, como também da jornada da amamentação.

Além disso, em razão de tantos impactos, algumas mulheres tendem a experimentar uma forma depressão. O Blues Puerperal, muitas vezes esquecido e subestimado, normalmente faz parte do ciclo gravídico-puerperal e está relacionado às alterações hormonais. Esse estado depressivo costuma aparecer alguns dias após o parto.

Na mesma linha, também temos a depressão pós-parto. Esta é uma forma mais grave e que merece toda a atenção. Antes da pandemia do COVID19, o Brasil registrava uma média de 1 a cada 4 mulheres com depressão de 6 a 18 meses após o nascimento da criança.

Estudo recente, porém, mostrou que a incidência da depressão pós-parto quase dobrou após a pandemia. Os números são preocupantes.

Sintomas como tristeza, alterações de apetite, pessimismo, visão negativa da vida, perda de prazer nas atividades diárias e choro frequentes, dentre outras, são alguns sinais de alerta para a mulher e para a família.

O tratamento é multidisciplinar, mas engloba terapia, tratamento medicamentoso, e uma boa rede de apoio! Nesse período, ajuda para cuidar do bebê e também para as atividades diárias do lar são importantíssimas.

Bom, encerramos a coluna por aqui, mas na próxima oportunidade vamos avançar em alguns aspectos da vida sexual da mulher após o parto, outro ponto chave na evolução da mulher na caminhada da maternidade. Não deixe nunca de conversar com sua médica sobre qualquer situação que a incomode após o parto. Pequenas alterações físicas ou de comportamento podem se transformar em grandes problemas, mas a prevenção ainda é a melhor forma de lidar com as adversidades a fim de tornar a maternidade um período de boas e inesquecíveis recordações.

Dra. Larissa Atala
Ginecologista e Obstetra, membro da Febrasgo
Especialista em Endoscopia Ginecológica
@dralarissaatala
dralarissaatala@gmail.com
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