A maternidade em si é um laço que envolve a responsabilidade mais sagrada, que é o cuidado com a vida. Alimentação, higiene, saúde, segurança, educação, e tantos outros tópicos são facilmente adicionados dentro do contexto das responsabilidades familiares com a criança. E em termos de cuidados, as mães possuem um espaço privilegiado; tanto por gerarem a vida, como por na maioria das vezes serem responsáveis pelo estabelecimento de rotinas e cuidados diários com as crianças.
A maternidade atípica é um termo que faz referência a mães de pessoas com deficiência. Nesse caso, além das responsabilidades mencionadas, as mulheres que estão dentro desse cenário possuem novas responsabilidades, sendo uma das principais tarefas conciliar a vida pessoal e familiar com as rotinas de terapias das crianças. Relacionamento, trabalho doméstico, vida acadêmica ou profissional, vida social, vida fitness, saúde mental e autocuidado, são exemplos das principais demandas que vejo rotineiramente em consultório.
Como fisioterapeuta pediátrica, vejo que o esforço é diário e muitas vezes, árduo. Assim como vejo que o que move famílias, em especial, mães de crianças com deficiência é a esperança e a busca por melhor qualidade de vida, acessibilidade e inclusão. E sabem por que eu, fisioterapeuta, decidi compartilhar sobre maternidade atípica? Porque acompanho a realidade de muitas mães e muitas famílias; vejo o quanto manter a rotina de terapias exige na rotina familiar.
Medicina, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicomotricidade, musicoterapia, psicologia e neuropsicopedagogia são as terapias mais vistas em clínicas e centros de reabilitação infantil. Além da necessidade de outros especialistas como: protesista ortopédico, ortopedista, cardiologista, gastroenterologista, pneumologista, e outras mais conforme as necessidades individuais de cada criança. Cada uma dessas especialidades possui um conjunto de sugestões que favorecem o desenvolvimento da criança e se unem em prol da autonomia, qualidade de vida e acessibilidade. Essas sugestões estão entrelaçadas umas às outras, e a implementação dessas práticas em ambiente doméstico fica sob responsabilidade das famílias.
Gosto de sugerir que as famílias busquem espaços seguros para compartilhar experiências e sentimentos, principalmente no início da jornada. O suporte emocional é um componente essencial para lidar com situações de rotina e situações que embaralhem a rotina. Frequentar organizações locais e comunitárias que apoiam mães em situações atípicas, pode auxiliar emocionalmente a vivência familiar e ampliar os recursos disponíveis por meio da garantia das necessidades específicas atendidas, das mães e das crianças; algumas delas oferecem amparo social e jurídico.
Um outro ambiente extremamente importante no contexto da família e da criança é o ambiente escolar. Os professores são canais que favorecem o aprendizado e fazem parte da rotina da criança; em sua grande maioria, estão abertos e disponíveis a adaptações de cenários didáticos para garantir a inclusão. Participação das reuniões e conversas abertas com os professores sobre necessidades específicas da criança aumentará as possibilidades de inclusão dentro das atividades escolares.
A todas às mães que vivem a maternidade atípica, meu respeito e carinho. Sintam-se acolhidas, sintam-se vistas.