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Por que devemos evitar o uso de mamadeiras?

Tempo de Leitura: 6 minutos
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O uso de dispositivos substitutos ao aleitamento materno é relatado por historiadores existirem a mais de 3 mil anos. Imagina-se que naquele tempo, o uso de vasilhames de barro com bicos laterais finos, seriam usados em casos da impossibilidade de a mãe amamentar por morte ou doença limitante. Já após a revolução industrial, as mulheres precisavam trabalhar e deixavam seus filhos sem amamentar. Por isso o leite materno foi substituído por outros tipos de leite ou até mesmo suplementos como farinha com água.

A primeira fórmula que substituiria o leite humano foi desenvolvida por um químico alemão em 1867. A propaganda maciça de que o leite formulado era nutritivo, de fácil preparação, seguro e sem a necessidade de ser refrigerado, popularizou o aleitamento artificial. As mamadeiras de vidro com bico de borracha começaram a ser fabricadas em grande escala. Ao longo dos anos, as mamadeiras foram se aperfeiçoando para melhor substituírem o seio da mãe.

Sabemos que nada melhor para a criança que a alimentação ao peito. Amamentar, além de nutrir e fornecer anticorpos como já sabemos, fortalece o vínculo entre mãe e bebê, transmitindo sentimentos de amor, segurança, aconchego, tão essenciais no desenvolvimento infantil.

Estudos mostram que menos de 40% dos bebês com menos de 6 meses de idade são amamentados exclusivamente com leite materno nos países subdesenvolvidos e menos ainda nos países desenvolvidos. Mesmo com aumento do incentivo ao aleitamento materno em todo o mundo, os índices ainda são muito baixos.

 O uso de mamadeiras só deve ser adotado na total impossibilidade do aleitamento natural, e não de forma aleatória como acontece com muita frequência. É importante que a população tenha consciência dos impactos do uso da mamadeira no desenvolvimento da criança a fim de evitar a todo custo a adesão a esse dispositivo.   

Mais quais são os reais danos da mamadeira?

A mamadeira por melhor que seja, não é capaz de reproduzir fielmente a sucção realizada pelo bebê ao ponto de poder e substituir o aleitamento materno sem causar interferência no bom desenvolvimento do bebê. Podemos escolher aquela que parece ser o melhor dispositivo, que mais se assemelha a um peito, com bico em formato e textura similares. Porém, a forma que o bebê extrai o leite na mamadeira não consegue ser igual a extração do leite no seio. O uso da mamadeira não estimula o bom crescimento anterior da mandíbula. Quando se usa ela somente os músculos da bochecha, chamados bucinadores, são ativados. Pouco se utiliza os músculos em volta dos lábios. Também pouco se utiliza a musculatura responsável por movimentar a mandíbula para frente e para trás. A pega na mamadeira funciona como um abre e fecha, para cima e para baixo. No seio materno, o bebê abre e fecha a boca de forma mais complexa com o movimento de deslocar a mandíbula para frente e para trás. Toda essa coordenação de trabalho da musculatura proporciona o crescimento da mandíbula principalmente para frente, de forma que aos 6 meses de idade o bebê já tem uma modificação bastante significativa no seu perfil facial.

Importante saber que nenhum bico artificial consegue ter a flexibilidade e adaptação à boca do bebê igual acontece ao bico do seio materno. A apreensão do bico no céu da boca realizada pela língua, é muito diferente de quando compararmos bicos artificiais e naturais. A língua acaba ficando flácida e sem tonicidade. Ela é empurrada para baixo. Alterações ósseas e musculares acontecem provocando deformidades principalmente no céu da boca, porque a força desses músculos atuando sobre o palato, proporcionam o alargamento das arcadas. Por isso bebês que fazem uso de mamadeira tendem a ficar com palato fundo e atrésico (estreito). Acima do palato temos o nariz, e assim a passagem de ar fica estreita, causando uma necessidade de se fazer a respiração pela boca. A respiração bucal favorece o aparecimento das infecções respiratórias. Amigdalites, faringites, otites, bruxismo, apneia, dentes tortos, mordidas cruzadas, pouco desenvolvimento dos ossos e músculos da face aumentando a lista de problemas de saúde que podem ser relacionados ao uso inocente da mamadeira.

Não vamos esquecer que o aleitamento na mamadeira é muito mais rápido que o aleitamento no seio materno, né? Se você for a academia fazer musculação e se exercitar por 10 minutos com pesos muito leves, terá o mesmo resultado que se fizer atividades por 40 minutos levantando mais pesos? Os músculos e ossos do bebê crescem e se desenvolvem com o esforço que ele realiza ao mamar. Mesmo usando o bico fluxo zero, aquele bico de mamadeira indicado bebê recém-nascido, ele mamará super-rápido e sem esforço. Ao oferecer mamadeira ou chupeta para o bebê, a mãe coloca em risco a amamentação. O bebê faz uma pega na mamadeira muito diferente daquela que ele precisa fazer para abocanhar o peito. É onde começam as confusões de bico: cada bico uma pega diferente. Isso provoca o desmame precoce. O bebê com o tempo passa a rejeitar o seio materno e preferir a mamadeira devido a facilidade em receber leite na boca, claro.

  Os desafios do aleitamento materno são muito grandes envolvendo diversos processos que interagem entre si desde os aspectos neurofisiológicos do bebê, suas funções motoras de coordenar a sucção com a deglutição e a respiração; envolve a anatomia do seio materno, sua produção de leite, os aspectos psicossociais da família entre outros. Para acontecer sucesso na amamentação exclusiva e evitar a introdução de mamadeira, e até mesmo a chupeta, o nível de dedicação materno-infantil exige uma rede de apoio bem ampla, o que acaba sendo bastante difícil para a grande maioria da população.

Para tanto, entendemos o quanto é essencial que as gestantes e mães de bebês recém-nascidos sejam preparados com informações a fim de prevenir o insucesso no aleitamento materno. E para as mães que não conseguirem estabelecer esse processo de amamentação, que se aprofundem no conhecimento de quais dispositivos podem ser usados em substituição, como oferecer e reforçar o vínculo entre mãe e bebê, e que possam providenciar os tratamentos prevenção de danos no desenvolvimento do sistema estomatognático do bebê, realizados por fonoterapeutas e odontopediatras especializados.

Dra. Gisele Costa Pinto
É dentista Ortodontista e Odontopediatra com foco no acompanhamento do desenvolvimento Craniofacial desde a Gestação
dragiselecp@gmail.com
@giselecostapinto
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