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Freios linguais: quando decidir pela cirurgia?

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Close-up of baby hand on mother's breast. Mother breastfeeding baby. Concept of motherhood and breastfeeding.

Os freios linguais, conhecidos também como língua presa ou anquiloglossia, são dobras de tecido que conectam a parte inferior da língua ao assoalho da boca. Quando este tecido é anormalmente curto, espesso ou apertado, pode restringir os movimentos da língua, causando uma série de problemas funcionais. Tradicionalmente, a abordagem comum para tratar a anquiloglossia é através de procedimentos cirúrgicos, como a frenotomia ou frenectomia, para liberar o freio lingual. Os diagnósticos dos chamados freios submucosos (vistos com mais dificuldade pois estão escondidos por baixo de uma mucosa) ou os também freios duvidosos, e a enorme divulgação pelas redes sociais de que a liberação cirúrgica traz conforto imediato às mamães que estão sofrendo para amamentar, criou em muitas mães falsas expectativas de que a cirurgia salva a amamentação em todos os casos.

Infelizmente, a cirurgia não é a solução para todos os bebês, já que muitos sintomas e causas diferentes se misturam e precisam ser avaliados isoladamente para que o procedimento cirúrgico não seja mal indicado.

Usualmente as puérperas ao receberem um diagnóstico de freio alterado ou possivelmente alterado, já saem da maternidade com a ânsia de operar o bebê o mais rápido possível pois estão com dificuldades na amamentação. Vale lembrar que é extremamente comum as mães terem dificuldades em estabelecer uma amamentação satisfatória nas primeiras semanas. Os motivos são diversos, desde as questões relativas à mãe como a falta de habilidade em saber colocar o bebê para mamar no seio, o tipo de mama, o tipo de bico do seio, a produção de leite,…  Existem bebês que nascem com disfunção oral, que é quando o bebê não sabe mamar de forma correta.

Alguns ainda sofrem com problemas causados por assimetrias cranianas e torcicolos não diagnosticados. Muitas vezes essas assimetrias passam despercebidas por existir a consciência de que logo nas primeiras horas e dias, a cabeça “amassada” se autocorrige. Porém quando as dificuldades na amamentação surgem, uma das hipóteses da causa pode estar relacionada à assimetria craniana e o torcicolo congênito.

Bebês com assimetria craniana ou torcicolo podem ter dificuldades em manter a cabeça em uma posição neutra ou confortável para mamar, dificultando a obtenção de uma boa pega no seio materno, causando dores nos mamilos da mãe. Todas essas dificuldades nos primeiros dias de vida do bebê podem facilmente serem confundidas com impactos de uma possível anquiloglossia. Normalmente, mascarada pelo tipo de freio submucoso posterior.

Portanto, a conduta de um grupo de profissionais mais atualizados hoje em dia está em aguardar algumas semanas para que exista tempo suficiente para a consultora de lactação ajustar a pega e produção de leite e como ofertar leite materno ou fórmula ao bebê até o completo estabelecimento da amamentação. Uma fonoaudióloga deve atender o bebê sempre antes de se fazer uma cirurgia para avaliar possíveis disfunções orais, tão comuns e muito ignoradas. Também deve-se consultar um Osteopata que irá eliminar tensões musculares no corpo, pescoço e cabeça que possam interferir na mobilidade do bebê e estejam gerando desconforto.  Após esse trabalho transdisciplinar, é possível ter mais clareza sobre a real necessidade de se submeter o bebê ao procedimento cirúrgico de remoção de um freio. Não podemos esquecer que este bebê recém-nascido não veio com manual nem tem histórico médico! É preciso cautela quando indicamos uma cirurgia que exige anestesia, tem risco de hemorragia.

Todo bebê deve ser acompanhado no pós cirúrgico para que a língua não faça uma “readerência”, que é quando a língua não é trabalhada para se manter elevada e cicatriza mais baixa, ficando com menos mobilidade do que era desejado. Nesses casos pode ser necessário nova intervenção. Neste período pós cirúrgico o bebê não pode fazer uso de bicos como mamadeira ou chupeta.

Concluímos então que intervenções precoces com consultores de lactação, fonoaudiólogos e osteopata, além do odontopediatra, podem melhorar significativamente a função oral do bebê, reduzindo a necessidade de intervenções cirúrgicas, especialmente onde existe a dúvida de que freio lingual possa estar realmente impactando na amamentação. E onde a frenectomia for realmente necessária, garantir um pós cirúrgico de sucesso e completo estabelecimento da amamentação. Trabalhar com uma equipe multidisciplinar garante que cada bebê receba o tratamento mais apropriado e eficaz, promovendo seu bem-estar e desenvolvimento saudável.

Dra. Gisele Costa Pinto
É dentista Ortodontista e Odontopediatra com foco no acompanhamento do desenvolvimento Craniofacial desde a Gestação
dragiselecp@gmail.com
@giselecostapinto
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