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Genética ou hábitos adquiridos? Como a visão dos pais pode alterar o bom desenvolvimento craniofacial dos filhos

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Portrait of happy lad and his parents looking at camera at home

Entendemos que a genética é responsável por transmitir características físicas e traços de personalidade. Quando os pais veem nos filhos traços semelhantes aos seus, como o formato do rosto, das orelhas, do sorriso ou a forma de gesticular, sentem uma continuidade de si mesmos. Isso cria uma sensação de pertencimento e imortalidade, pois os filhos são, literalmente, uma extensão genética dos pais. Estudos mostram que os pais têm uma habilidade natural de reconhecer características físicas dos filhos, mesmo nos primeiros dias após o nascimento. Esse reconhecimento está associado a uma resposta biológica que fortalece o instinto de proteção e cuidado.

Porém a genética sofre influência de fatores ambientais que podem ativar ou desativar certos genes, o que reforça ou modifica as semelhanças entre pais e filhos. Filhos podem desenvolver hábitos ou comportamentos que refletem o estilo de vida dos pais.  Práticas transmitidas de geração em geração podem gerar alterações que impactam na saúde da criança. Um bom exemplo disso, são as crenças de que oferecer chupeta ao bebê não causa problemas dentários, por acreditarem não terem sofrido consequências ruins do uso de bicos artificiais.

Os traços físicos da face como o formato do rosto, os olhos, o sorriso, a postura dos lábios e línguas são as características mais reconhecidas e observadas no bebê pelos seus genitores. Os ossos em crescimento e desenvolvimento no bebê, sofrem enorme influência pelo trabalho da musculatura inserida. A maneira que a musculatura trabalha impacta em como os ossos irão se remodelar. Isso significa que o formato da face, por exemplo, se altera quando temos uma disfunção da musculatura orofacial.

É muito comum os pais não entenderem quais são fatores genéticos herdados realmente e quais são adquiridos por costumes que são prejudiciais ao bom desenvolvimento da criança. Nós profissionais escutamos frases como: “Dra., meu bebê dorme de boquinha aberta como eu quando era bebê.”; “Eu também era uma criança muito alérgica”; “Meu filho tem olheiras fundas como as do pai”; “ele fica com a linguinha para fora como a mamãe”…

Para ficar claro, vamos entender que todos nós nascemos com um “padrão facial”, que são características estruturais e visíveis da face que seguem alguns tipos de crescimento muscular e esquelético. Essas características são determinadas pela nossa carga genética. Nos padrões faciais temos características de proporções mais ou menos padronizadas em face alongada, face encurtada ou face mediana. Não é possível mudar essas características, porém elas podem ser acentuadas quando sofrem influência negativa.

E o que seria essa influência negativa sobre as características genéticas?

Vamos usar como exemplo, um bebê com um formato de rosto alongado (dolicofacial). Indivíduos com esse tipo facial costumam apresentar uma musculatura facial mais flácida (hipotônica), em comparação àqueles com um formato de face mais curto (braquifacial). Se esse bebê do exemplo usar chupeta, ou tiver outro hábito que desequilibre o trabalho da musculatura orofacial, o impacto no crescimento da face será enorme, piorando a característica de face longa e podendo também causar assimetrias e problemas de saúde que não são diagnosticados precocemente como amigdalites, sinusites, infecções de ouvido e adenóides aumentadas. Como consequência final teremos maloclusões dentárias que exigem tratamentos ortodônticos mais complexos. E infelizmente é nesse momento tardio que os pais procuram tratamento de uma condição que poderia ser evitada.

Como posso saber se a face do meu bebê está crescendo e se desenvolvendo bem?

As funções de respirar, sugar, deglutir, mastigar e falar precisam ser avaliadas por profissionais desde o nascimento do bebê e durante todo crescimento da criança. Quando se observar que não está acontecendo equilíbrio no trabalho de toda musculatura envolvida, devemos intervir com terapias para evitar que se instalem desproporções, assimetrias, desvios no padrão genético. 

O que, por exemplo, impacta no desenvolvimento craniofacial do bebê?

O bebê que nasce com a língua presa, o uso de bicos artificiais como a mamadeira e a chupeta, o bebê que fica de boquinha aberta ou que fica com a linguinha pra fora, bebê que prefere mamar mais de um lado do que outro… São muitos exemplos de situações que irão mudar a direção de crescimento da face. Concluímos então que é preciso ter o conhecimento de que consultar especialistas em desenvolvimento craniofacial como fonoaudiólogos, fisioterapeutas de bebês, odontopediatras e otorrinolaringologistas pode evitar diversos problemas que são diagnosticados tardiamente.

Dra. Gisele Costa Pinto
É dentista Ortodontista e Odontopediatra com foco no acompanhamento do desenvolvimento Craniofacial desde a Gestação
dragiselecp@gmail.com
@giselecostapinto
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