Estudo australiano feito com ratos diz que sim. Um dos indícios é que os filhotes dos animais obesos, nesse caso, eram mais propensos à diabetes.
Não é pequeno o número de pesquisas sobre a importância da alimentação da mãe no desenvolvimento do bebê. Nem de recomendações médicas para que a gestante tenha uma dieta saudável e balanceada. Você sabe disso. Mas o que tem chamado a atenção de pesquisadores é a influência que a dieta do pai tem nos filhos enquanto eles ainda estão na barriga da mulher. Isso mesmo: os homens também seriam capazes de ajudar, ou não, no desenvolvimento intra-uterino dos filhos.
Pelo menos é o que demonstra um estudo feito na Universidade de New South Wales, Austrália, com camundongos. Durante um período, os pesquisadores alimentaram uma parte dos ratos com uma dieta rica em gorduras. O resultado foi que eles ficaram obesos e as filhotes fêmeas nascidas desenvolveram diabetes antes de chegar à puberdade.
Além disso, a concentração de glicose dessa ninhada era o dobro e a produção de insulina (hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue) metade da encontrada nos filhotes de ratos que ingeriram comida saudável. Os estudiosos acreditam que o efeito nos filhotes machos seja o mesmo do encontrado nas fêmeas.
A professora do Departamento de Obstetrícia da USP (Universidade de São Paulo), Roseli Nomura, explica que o pai pode, sim, transmitir, de uma geração para outra, obesidade e doenças metabólicas, como é o caso da diabetes, quando tem uma dieta rica em gorduras. E isso acontece por causa de um processo chamado epigenética.
Segundo esse conceito científico, o ambiente pode alterar a nossa herança celular, ou seja, os pais podem transmitir aos filhos as características adquiridas em vida, e não somente aquelas já presentes no seu DNA antes mesmo do nascimento, como a cor dos olhos, por exemplo. Assim sendo, a conclusão do estudo é que os homens devem ficar atentos ao peso não apenas para o seu próprio bem, mas também pela saúde das gerações seguintes.
“Ter hábitos saudáveis é essencial para qualquer indíviduo – os homens não estão excluídos disso”, afirma Roseli. Em relação à alimentação, o ideal é evitar comida muito gordurosa e dar preferência para alimentos ricos em fibras, cereais, verduras, legumes, frutas e carnes magras. Ela também comenta que no Brasil ainda é muito forte a atenção dada somente à dieta materna, mas acredita que nos próximos anos isso vai mudar. “Muitos estudos sobre genética tem sido realizados para entender, por exemplo, a relação entre obesidade e transmissão dessa doença para as gerações futuras”, explica a professora.