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A delicada relação entre a mãe e a creche-escola

Tempo de Leitura: 6 minutos
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A licença-maternidade é um período curto, mas intenso. São quatro meses entre o nascimento e a volta à rotina profissional. É um período onde a saúde física e emocional da mãe tem que ser tratada com cuidado. E é um período também em que ela é obrigada a escolher com quem ou onde deixar seu bebê, já que o mercado de trabalho pediu seu retorno. E, no trabalho, filho não entra.
Existem várias opções para sair dessa sinuca, com seus prós e contras. Desistir do emprego e ficar um tempo maior com o pequeno; deixa-lo com os avós; contratar uma babá ou escolher uma creche.
As vantagens e desvantagens dessas escolhas merecem, inclusive, uma matéria especial. Afinal, não é fácil chegar a esta decisão e nem tão pouco escolher. Até porque quando pensamos na melhor pessoa para cuidar do nosso filho, a resposta é clara: nós mesmos.
Mas hoje vamos apenas falar sobre a derradeira hora da primeira separação entre mãe e filho – quando ela o coloca na creche ou escola. Vamos conhecer Fernanda, que só voltou a trabalhar quando o bebê já estava com mais de dois anos e optou por colocá-lo na pré-escola, e Lena, que sofreu e se divertiu até entender que precisaria se adaptar a nova e independente rotina do filho na creche. De qualquer forma, o corte doeu para ambas. Na hora de abrir mão do tempo junto ao filho e transferir a responsabilidade para outros, somos muito parecidas…
O primeiro tchau
A roteirista carioca Lena Gino é mãe de Gabriel, de 14 anos, e Alexandra, de 11, relata com bom humor como pode ser duro o início da longa relação entre a mãe e a creche e como, apesar de tudo, o final pode ser feliz:
“Quando Gabriel completou sete meses, meu marido proferiu o ultimato: ou você o coloca na creche ou nosso casamento e o seu emprego vão correr sérios riscos! Eu estava totalmente obcecada pela condição de mãe e jamais permitiria que alguém ousasse cuidar do meu bebê. Temendo o desemprego e o divórcio, lá fui eu, carregada de culpa e medo, deixar o menino naquele lugar ameaçador, cheio de pessoas desconhecidas, que se julgavam capazes de alimentar, banhar e ninar o meu filho. Socorro, meu bebê está em perigo!
Na primeira semana de adaptação, envelheci quatrocentos anos, chorei e quis matar as berçaristas… Como assim, meu filho será o terceiro a tomar a papinha? No final de um mês, cumprindo junto com o bebê o expediente da creche, a dona da instituição me chamou e declarou veemente: O seu tempo aqui acabou o bebê está adaptado, mas não sabemos mais o que fazer para adaptar você a esta situação.
Descobri, pouco depois, que ele só chorava quando eu estava por perto e, assim que eu virava a esquina, ele, manipulador, caía na farra, feliz, com as outras crianças. Três anos depois, quando meu segundo bebê completou quatro meses, parei o carro na porta, entreguei-o nas mãos da funcionária e avisei: Volto as sete pra buscar. Já ia saindo quando dona da creche, surpresa, perguntou: ‘Você não vai ficar? Virei, olhei-a nos olhos e, sem culpa, caí na risada”.
Ele nem olhou pra trás
Leandro Junior, filho de Fernanda, seguiu com os próprios pequenos passos o “longo caminho” entre o portão da escola e a sala de aula. Ela conta esta trajetória desde a escolha da escola até o início de um mundinho dele, onde ela passou a ser mera espectadora.
A escolha
“Leandro Junior vive num mundo de adultos. Aprendeu a levar o copo que bebeu água para a pia, jogar papel higiênico usado na lata de lixo, colocar o telefone no gancho, guardar os sapatos, etc. Apesar disso não desenvolveu a fala. Com mais de dois anos tinha uma fala enrolada e não formava frases completas. Decidi, por isso, colocá-lo na escola, seguindo dois critérios: que fosse perto da nossa casa e tivesse um bom preço.
Fui à primeira escola selecionada através de uma indicação. A visita ao local não foi animadora. As paredes da sala de aula eram escuras, no banheiro não havia porta e a área de recreação era acarpetada. Meu filho é alérgico a poeira. Descartei a primeira opção.
Na segunda escola indicada, os brinquedos eram de plástico com pontas arredondadas. Os banheiros tinham vasos sanitários especiais para as crianças e as janelas eram seguras. As professoras me pareceram simpáticas e confiantes e na área de recreação os tapetes eram emborrachados. Aprovei”
Como assim?
“Eu estava ansiosa e nervosa no primeiro dia de aula. Na entrada, um senhor chamava as crianças no portão. Eu perguntei se alguém viria pegar o Leandro e ele me respondeu que uma professora o receberia lá dentro. Como assim? Fiquei preocupada porque a partir daquele portão ele estaria sozinho. Como iria reconhecer a professora se os dois ainda não se conheciam? Bem, ele entrou pelo corredor, não me deu tchau e nem olhou para trás… Me esqueceu ali. Fiquei sem direção e com vários sentimentos em erupção: felicidade, perda, medo, orgulho…”
Adaptado
“A adaptação demorou por causa da fala enrolada. Ele foi trocado de sala e ficou com crianças menores, que também falavam pouco. Os coordenadores me encaminharam para uma fonoaudióloga. Também pedi uma reunião com os professores e solicitei que descrevessem o comportamento do meu filho. Queria saber como eles o viam. E eles me falaram tudo o que eu queria: que é carinhoso, educado e divertido, apesar da questão da fala. Já fui a sua primeira festa da escola, na Páscoa. Ele estava lindo!”
Dicas:
– Não escolha só pela boa aparência, consulte quem já utilizou o serviço.
– Informe-se sobre a proposta pedagógica da instituição e a formação dos profissionais.
– Prefira as pré-escolas ou creches próximas a sua casa.
– Verifique se a instituição tem alvará de funcionamento junto à Secretaria de Educação
– Leia atentamente os contratos e fique atenta a valores, multas e rescisões. Guarde todos os recibos (comprovantes de pagamentos).
– Respeite o período de adaptação. Ele é importante para a criança, para você e a instituição.
– Certifique-se de que o é local limpo, organizado, seguro, iluminado, ventilado e com espaço para brincadeiras. Não esqueça também de ver as condições das instalações e dos brinquedos.
– Os banheiros dos adultos devem ser separados dos infantis.
– As pias também têm que estar adequados à altura dos pequenos.
– As refeições devem ser preparadas com higiene e devem seguir a orientação de uma nutricionista. E, se possível, conheça a cozinheira.

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