O desenvolvimento das crianças depende do ambiente em que vivem, envolvendo os tipos de cuidados que recebem, a disponibilidade de seus cuidadores, os estímulos oferecidos e também a rotina estabelecida no dia a dia, como aspectos facilitadores do desenvolvimento. A rotina do bebê é fundamental para mantê-lo seguro e auxiliar no seu desenvolvimento, uma vez que ordenar horários para dormir, comer, tomar banho, brincar, ajuda estabelecer limites e faz com que internalizem vínculos afetivos, fator fundamental para a organização psíquica.
Num primeiro momento, a rotina é adaptada de acordo com a demanda do bebê, seus cuidadores se organizam para atender a livre demanda da criança com as mamadas, sono, troca de fraldas, até mesmo para que haja conexão suficiente e que os pais possam apreender de fato quais as necessidades do seu bebê. Ainda que atendam a livre demanda da criança, é importante que os momentos de mamada, sono, higiene, mantenham um ritual que deixe o bebê seguro do que vai acontecer, pois aos poucos vão se acostumando com o ambiente e entendendo que existe acolhimento quando estão com fome ou querendo dormir, por exemplo.
Esses rituais envolvem a maneira como cada “tarefa” será realizada, portanto, organizar os itens do banho, ter um lugar para amamentar, escolher um local tranquilo para fazer a criança dormir, ajudam a diminuir a ansiedade dos cuidadores e pouco a pouco vai ajudando o bebê a identificar que ele será atendido, trazendo segurança e fortalecendo os vínculos, além de começar a adquirir noção de tempo e reconhecimento de espaço.
A rotina é adaptada de acordo com o desenvolvimento infantil
Conforme o desenvolvimento da criança, a rotina dela deve se modificar, deixando de lado alguns rituais que darão lugar aos novos horários, mais tempo acordado e de interação, alterações na alimentação, tudo de acordo com as necessidades da etapa de desenvolvimento em que se encontra. Essa evolução no desenvolvimento é possível devido a atenção que a mãe (cuidadores) estabelece nos cuidados com o bebê, como fator determinante na construção psíquica e que proporcionará condições para ambos enfrentarem os desafios de cada etapa.
Já com a criança um pouco maior, podem inclusive serem feitos alguns combinados sobre a rotina dela, trazendo maior participação e iniciando a autonomia nas tarefas, como por exemplo, a hora de dormir, assistir televisão, brincar, guardar os brinquedos, realizar tarefas escolares etc., possibilitando à criança a ser participativa na rotina da família, e aos cuidadores que aproveitem bem os momentos com seus filhos, fortalecendo os laços, pois podem observar como a criança reage à rotina estabelecida.
Ter rotina é fundamental para a manutenção da saúde física e emocional das crianças como também dos adultos que as acompanham, o planejamento e a organização, ajudam a estruturar de forma saudável o psiquismo da criança, que num primeiro momento se encontra em extrema dependência de cuidados, e aos poucos vai ganhando autonomia e segurança. Vale ressaltar que estabelecer uma rotina não significa preencher todo o tempo da criança com atividades, mas que a ordem como as coisas acontecem pode facilitar o desempenho do dia, ajudar a desenvolver senso de responsabilidade e coletividade, uma vez que ela internaliza o afeto e cuidados recebidos, podendo oferecer o mesmo ao ambiente à sua volta.
Não é sempre possível manter a rotina dentro do planejado, por isso, é saudável ter flexibilidade se necessário, as vezes o banho pode atrasar, os momentos de cochilo não acontecerem, a criança ou algum familiar adoecer e isso com certeza irá alterar a dinâmica do dia, mas, é preciso que haja empenho para se cumprir uma rotina saudável para a família, buscando qualidade de tempo e investimento afetivo, como componentes importantes na estruturação de um ambiente saudável e promissor, que permita ajustes contínuos e leve em consideração a importância dos hábitos cotidianos.