Durante muito tempo, acreditou-se que os recém-nascidos eram incapazes de sentir dor devido à imaturidade do sistema nervoso. No entanto, pesquisas científicas realizadas nas últimas décadas demonstraram que essa ideia está equivocada. Hoje, sabe-se que os bebês não apenas sentem dor, mas também que sua percepção pode ser ainda mais intensa do que em crianças maiores ou adultos, devido à imaturidade dos mecanismos de controle da dor.
O sistema nervoso do recém-nascido já está funcional ao nascer, embora ainda esteja em desenvolvimento. A partir da 20ª semana de gestação, as vias que transportam os sinais de dor estão formadas. No entanto, os mecanismos responsáveis por inibir ou reduzir a sensação de dor, só começam a se desenvolver mais tarde, geralmente após o nascimento. Isso significa que os recém-nascidos são mais suscetíveis a estímulos dolorosos, já que não possuem a mesma capacidade de modulá-los que adultos têm.
Quando um recém-nascido é exposto a um estímulo doloroso, como uma picada de agulha ou um procedimento médico, ele responde de forma clara e mensurável. Suas reações incluem aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial, alterações na respiração e aumento nos níveis de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse. Além disso, os bebês manifestam a dor por meio de choro agudo, expressões faciais específicas (como franzir as sobrancelhas e apertar os olhos) e movimentos corporais.
Atualmente, existem várias estratégias para reduzir a dor nos recém-nascidos, e elas podem ser divididas em farmacológicas e não farmacológicas. Entre as técnicas não farmacológicas, destacam-se:
• Amamentação: A sucção e o contato com a mãe durante a amamentação ajudam a reduzir a percepção da dor.
• Sacarose Oral: Dar uma pequena quantidade de solução de açúcar ao bebê antes de procedimentos dolorosos demonstrou ser eficaz no alívio da dor.
• Método Canguru: O contato pele a pele com os pais proporciona conforto e reduz as respostas de dor.
Reconhecer que os recém-nascidos sentem dor é essencial para garantir um atendimento de qualidade e ético. Profissionais de saúde precisam estar atentos e utilizar práticas baseadas em evidências para prevenir e tratar a dor, especialmente em ambientes como as UTIs. A dor em recém-nascidos é real e tem implicações importantes para seu desenvolvimento. Felizmente, avanços na ciência e na prática clínica permitiram compreender melhor esse fenômeno e desenvolver estratégias para minimizar o sofrimento dos bebês. Garantir o alívio da dor neonatal não é apenas uma questão técnica, mas também um dever ético que contribui para a saúde e o bem-estar ao longo da vida.