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Alterações fisiológicas durante a gestação

Tempo de Leitura: 8 minutos
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Diversas alterações ocorrem durante a gravidez, portanto um bom entendimento delas acaba favorecendo o profissional de educação física a orientar de forma eficiente e segura a mulher que se propõe a praticar exercício físico durante a gestação.
Alterações Hormonais
Mudanças significativas no perfil endócrino ocorrem durante a gestação, destacando-se quatro hormônios que desempenham um papel fundamental para a mãe e para o feto. Dois desses são os hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona, os quais são secretados pelo ovário durante o ciclo menstrual normal, passando a ser secretados em grandes quantidades pela placenta durante a gestação. Outros dois importantíssimos são: a gonodotrofina coriônica e a somatomamotropina coriônica humana.
Estrogênio – As principal funções do estrogênio são promover: proliferação de determinadas células (por exemplo, células musculares lisas do útero), aumento da vagina, desenvolvimento dos grandes e pequenos lábios, crescimento de pelos pubianos, alargamento pélvico, crescimento das mamas e de seus elementos glandulares além de deposição de tecido adiposo em áreas específicas femininas, tais como coxas e quadris. Ou seja, o estrogênio é responsável por desenvolver as características sexuais femininas.
Durante as primeiras 15-20 semanas de gravidez o corpo lúteo, responsável pela secreção do estrogênio e do progesterona, aumenta a secreção desses dois hormônios em duas a três vezes o normal, porém após a décima sexta semana a placenta passa a secretar esses hormônios, aumentando de forma drástica sua produção e fazendo com que a secreção de estrogênio fique cerca de 30 vezes maior que o normal.
Durante a gravidez o estrogênio provoca uma rápida proliferação da musculatura uterina, aumento acentuado do crescimento do sistema vascular para o útero, dilatação do orifício vaginal e dos órgãos sexuais externos e relaxamento dos ligamentos pélvicos permitindo assim uma maior dilatação do canal pélvico o que facilita a passagem do feto no momento do nascimento. O estrogênio também é responsável por uma maior deposição de tecido adiposo nas mamas (algo em torno de ½ quilo) fazendo com que elas cresçam, aumentando o número de células glandulares e tamanhos dos ductos.
Progesterona – Ao contrário do estrogênio, a progesterona praticamente não exerce influência sobre as características sexuais femininas, mas sim sobre o preparo do útero para receber o óvulo fertilizado e da mama para secreção do leite. Durante a gestação, a progesterona atua disponibilizando para o uso do feto, nutrientes que ficam armazenados no endométrio. A progesterona também é responsável pelo efeito inibidor da musculatura uterina, uma vez que se isso não ocorresse, as contrações expulsariam o óvulo fertilizado ou até mesmo o feto em desenvolvimento. As mamas também recebem influência do progesterona, fazendo com que os elementos glandulares fiquem ainda maiores e formem um epitélio secretor, promovendo a deposição de nutrientes nas células glandulares.
Gonodotrofina coriônica – A função desse hormônio é manter ativo o corpo lúteo durante o primeiro trimestre. Sem o corpo lúteo em atividade a secreção de progesterona e estrogênio seria afetada e assim o feto cessaria seu desenvolvimento e seria eliminado dentro de poucos dias. Após o primeiro trimestre a remoção do corpo lúteo já não afeta mais a gravidez uma vez que a placenta fica responsável pela secreção de estrogênio e progesterona em quantidades muito elevadas. A concentração máxima de gonodotrofina coriônica acontece aproximadamente na oitava semana, justamente o período que é essencial impedir a evolução do corpo lúteo.
Somatomamotropina coriônica humana – Esse hormônio é responsável principalmente pela nutrição adequada do feto, diminuindo, dessa forma, a utilização da glicose pela mãe e tornando-a disponível em maior quantidade para o feto. Ocorre também uma mobilização aumentada de ácidos graxos do tecido adiposo materno, elevando a utilização dos mesmos como fonte de energia em lugar da glicose. Um outro efeito desse hormônio é auxiliar o crescimento fetal, efeito esse semelhante ao do hormônio do crescimento, contudo esse efeito é relativamente fraco.
A maioria das glândulas endócrinas é alterada. A exemplo disso temos a tireóide também afetada, imitando assim os efeitos do hipertireoidismo, causando sintomas como: taquicardia, palpitações, respiração excessiva, instabilidade emocional e aumento da glândula tireóide. Mas em apenas 0,08% das gestantes ocorre realmente o hipertireoidismo. É comum ocorrer aumento dos hormônios adrenais, o que provavelmente pode contribuir para o surgimento de estrias róseas de pele. Níveis aumentados de glicocorticóides, estrogênios e progesterona modificam o metabolismo da glicose aumentando assim a necessidade de insulina. A insulinase produzida pela placenta pode afetar as necessidades de insulina provocando em muitos casos a diabetes gestacional.
Alterações Cardiovasculares
O débito cardíaco (DC) aumenta cerca de 30-50% iniciando esse aumento por volta da 16ª e atingindo o pico por volta da 24ª semana. Após a 30ª semana o DC pode diminuir um pouco, pois o útero aumentado obstrui a veia cava. Com o DC aumentado, a freqüência cardíaca aumenta de 70bpm, em média, para 80-90bpm, acompanhado de um aumento proporcional no volume de ejeção. O volume sanguíneo também aumenta proporcionalmente com o DC.
Alterações Renais
A taxa de filtração glomerular (TFG) e o fluxo plasmático renal (FPR) são aumentados durante a gravidez e esses aumentos são relacionados ao aumento do DC, diminuição da resistência vascular renal e aumento dos níveis séricos de alguns hormônios. O aumento da excreção urinária de glicose, aminoácidos, proteínas e vitaminas é conseqüência dos aumentos da TFG e do FPR. O volume renal aumenta em até 30% além do normal.
O aumento da TFG geralmente causaria uma grande perda de sódio, porém fatores mitigantes resultam na manutenção da homeostase deste mineral, inclusive atuando sobre seu metabolismo e resultando numa leve retenção deste mineral. Como a função renal é muito sensível à postura durante a gravidez, geralmente aumentando a função na posição supina e diminuindo na posição vertical, a mulher grávida pode sentir necessidade freqüente de urinar quando tenta dormir.
Alterações Pulmonares
Os estímulos hormonais de progesterona e problemas posicionais causados pelo aumento do útero são os responsáveis pelas alterações na função pulmonar. Ocorre aumento do PO2 e diminuição do PCO2, causando hiperventilação. A circunferência torácica aumenta cerca de 10cm.
Alterações Gastrintestinais
Devido à pressão do útero em crescimento contra o reto e a porção inferior do cólon pode acontecer constantemente constipação (intestino preso). Regurgitação e azias também são queixas comuns durante o período gestacional, isso é causado pelo retardamento no tempo de esvaziamento gástrico e do relaxamento do esfíncter na junção do esôfago com o estômago, com conseqüente refluxo do conteúdo gástrico. O relaxamento do hiato diafragmático também contribui com essas queixas.
Geralmente a gravidez pode ser medida por trimestres, mas esses trimestres têm uma duração desigual uma vez que o terceiro trimestre varia de acordo com o tempo total da gravidez.
Primeiro Trimestre (Semana 1 A 12)
A taxa metabólica aumenta em 10-25%, acelerando todas funções corporais.
Os ritmos cardíaco e respiratório aumentam à medida que mais oxigênio tem que ser levado para o feto e mais dióxido de carbono é exalado.
Ocorre expansão uterina pressionando a bexiga e aumentando a vontade de urinar.
Aumento do tamanho e peso dos seios, além de aumentar a sensibilidade dos mesmos logo nas primeiras semanas.
Surgem novos ductos lactíferos
As auréolas dos seios escurecem e as glândulas chamadas de tubérculo de Montgomery aumentam em número e tornam-se mais salientes.
As veias dos seios ficam mais aparentes, resultado do aumento de sangue para essa região.
Segundo Trimestre (Semana 13 A 28)
Retardamento gástrico provocado pela diminuição das secreções gástricas, essa diminuição é resultado do relaxamento da musculatura do trato intestinal. Esse relaxamento também provoca um número menor de evacuações.
Os seios podem formigar e ficar doloridos.
Aumento da pigmentação da pele, principalmente em áreas já pigmentadas como sardas, pintas, mamilos.
As gengivas podem se tornar esponjosas devido à ação aumentada dos hormônios.
O refluxo do esôfago pode provocar azia, devido ao relaxamento do esfíncter no alto do estômago.
O coração trabalha duas vezes mais do que uma mulher não grávida e faz circular 6 litros de sangue por minuto.
O útero precisa de 50% a mais de sangue que o habitual.
Os rins precisam de 25% a mais de sangue do que o habitual.
Terceiro Trimestre (Semana 29 Em Diante)
A taxa de ventilação aumenta cerca de 40%, passando de 7 litros de ar por minuto da mulher não grávida para 10 litros por minuto, enquanto o consumo aumenta apenas 20%. A maior sensibilidade das vias respiratórias pode causar falta de ar.
As costelas são empurradas para fora decorrente do crescimento fetal.
Os ligamentos inclusive da pelve ficam distendidos, podendo causar desconforto ao andar.
Desconforto causado pelas mãos e pés inchados, podendo ser sinal de pré-eclâmpsia.
Podem ocorrer dores nas costas devido a mudanças do centro de gravidade e por um ligeiro relaxamento das articulações pélvicas.
Os mamilos podem secretar colostro.
Aumenta a freqüência e vontade de urinar.
Aumenta a necessidade de repousar e dormir.

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