Dados recentes divulgados pela Secretaria da Saúde alertam sobre a incidência de casos de anemia em crianças de todo o Brasil, principalmente na região nordeste do país. Os números ainda revelam que 82,7% das crianças com idade entre onze e treze meses de idade, que moram nessas cidades, apresentam quadro de anemia, um dos problemas nutricionais mais presentes em todo o mundo.
“Os casos registrados de anemia tem diminuído lenta e progressivamente na população infantil em geral, mas apesar da implementação de medidas de prevenção e tratamento, principalmente em crianças e gestantes, algumas regiões do Brasil ainda mantêm altos índices da doença”, afirma a Dra. Regina Biasoli, hematologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica/DASA.
A disparidade de casos de anemia infantil em algumas localidades se deve a não adesão do governo e da população às medidas indicadas por médicos e autoridades. “Entre os principais fatores que contribuem para a diminuição da doença estão o aleitamento materno, exclusivo até os seis meses de vida, implantação de programas de saneamento básico, erradicação de doenças infecciosas e parasitárias e maior ingestão de alimentos enriquecidos com ferro como farinhas de trigo, leite e demais alimentos infantis”, conta a especialista.
Pesquisas epidemiológicas comprovam que a anemia pode ter diversas causas como condições socioeconômicas, escassez de assistência à saúde e nutrição, alimentação incorreta com falta de ferro, fatores biológicos e presença de outras doenças concomitantes como tuberculose, diabetes e doenças neoplásicas.
A hematologista alerta que uma dieta balanceada é a maneira mais adequada para aumentar a concentração de ferro no organismo, já que a ausência dessa substância é responsável por 90% das anemias diagnosticadas na infância. “As principais causas de deficiência de ferro são o esgotamento dos estoques desse mineral no organismo, inclusive ao nascimento, falta da ingestão de alimentos que o contenham, aumento das perdas de ferro orgânico, redução na sua absorção por fatores diversos e aumento irregular do seu consumo”, comenta a Dra. Biasoli.
O diagnóstico precoce continua sendo o fator de destaque para o controle da doença. Aos primeiros sinais de fraqueza, dor muscular e cefaléia, um médico de confiança deve ser consultado. Após uma avaliação clínica, alguns exames devem ser solicitados, como o hemograma e o perfil do metabolismo do ferro.
Se confirmada a falta de ferro no organismo e diagnosticada a anemia, o especialista deve indicar uma dieta balanceada e, se necessário, a adição de medicamentos via oral ou venal à rotina do paciente para compor as deficiências acarretadas pela doença. “É preciso muita cautela na prescrição da reposição de ferro via intramuscular, já que a medicação pode provocar uma agressão ao tecido muscular”, diz a Dra. Regina Biasoli.
“Alguns estudos populacionais brasileiros relatam que a prevalência de anemia em áreas urbanas é comparada com a de áreas rurais. Porém, as regiões afastadas da cidade têm maior expressão, e apresentam casos de anemia ferropriva (com deficiência de ferro) em cerca de 50% das crianças. Esse dado pode estar associado à dificuldade de acesso a alimentos ricos em ferro e em vitamina C, bem como a introdução precoce de alimentos nos seis primeiros meses de vida, período em que o aleitamento materno deveria ser exclusivo”, conclui a especialista.