As fissuras de lábio e/ou palato são classificadas malformações congênitas craniofaciais sendo a etiologia complexa por envolver fatores genéticos e ambientais. Elas podem assumir diferentes localizações e extensão, acometendo a criança de forma isolada ou em associação a outras doenças. Estima-se que há um caso de recém-nascido com fenda labial e/ou fissura palatina a cada 700 nascidos vivos em todo mundo, e no Brasil um caso para cada 1.000, sendo essas fissuras podendo ser bilaterais ou unilaterais, categorizadas com base na sua posição em relação ao forame incisivo. O cuidado com as fissuras requer a colaboração de diferentes profissionais, uma vez que é fundamental para o manejo adequado dessa deformidade congênita.
O processo de tratamento de indivíduos que possuem fissura é longo devido a sua complexidade, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que sejam feitas abordagens por equipe multidisciplinar e centralizadas. As primeiras intervenções ocorrem no recém-nascido, com abordagens fonoaudiológicas que visam, no geral, evitar o desenvolvimento de distúrbios articulatórios e auxiliar no processo do aleitamento materno.
Para uma abordagem adequada, é imprescindível a participação de uma equipe multiprofissional composta por médicos, cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. A atuação da fonoaudiologia em indivíduos fissurados visa contribuir na melhoria da qualidade de vida, alimentação e inteligibilidade de fala. Indivíduos que têm fissuras no lábio e/ou palato, enfrentam diversos desafios em relação à alimentação como engasgos, refluxo pelo nariz e dificuldades na capacidade de sugar são algumas das complicações frequentemente mencionadas em pacientes com aberturas no lábio e/ou palato. Assim como, indivíduos que possuem fendas no lábio e/ou palato enfrentam dificuldades emocionais e sociais, manifestando insatisfação com a aparência facial, fala, condição dentária, audição e interações sociais.
Com relação ao acompanhamento fonoaudiológico, ele é ofertado o desde os primeiros dias de vida em crianças com fissuras labiopalatais. Com o intuito de observar as necessidades fonoaudiológicas de cada caso, são realizadas avaliações para a compreensão das características da malformação, assim como impacto nas funções de sucção, respiração, deglutição, mastigação e fala. Quando necessário é realizada a avaliação de linguagem oral, compreensão e expressão, também é realizada a avaliação auditiva, e sempre que identificadas alterações, os pacientes são encaminhados para o tratamento adequado.
Cabe ao fonoaudiólogo, que trabalha na reabilitação de pacientes com Fissuras Labiopalatais verificar desenvolvimento dos aspectos oromiofuncionais, linguagem oral, escrita e aprendizagem, fala, voz e audição. Caso tenha alguma alteração nesses fatores, é necessário a intervenção e para casos mais avançados é feito o encaminhamento para outras especialidades. A presença do fonoaudiólogo no processo é fundamental, com participação ativa desde o início do tratamento, visando contribuir para o desenvolvimento das habilidades comunicativas e em outras funções essenciais para o desenvolvimento, bem como, detectar possíveis alterações para intervir o mais precocemente possível.