Clique e acesse a edição digital

Baixas coberturas vacinais nos colocam em risco

Tempo de Leitura: 5 minutos
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Black little girl getting vaccinated at doctor's office due to virus pandemic.

Nenhuma ação e investimento em saúde da história ofereceu retorno tão eficaz e transformador quanto a vacinação. Ela produziu efeito bastante expressivo na redução da mortalidade e no crescimento populacional mundial, gerando benefícios diretos e indiretos com melhorias das condições de saúde e bem-estar da população, economia para sociedade com redução dos custos com consultas, tratamentos, internações, além de impacto na diminuição absenteísmo escolar e do trabalho.

O século XX foi marcado com o início da vacinação de rotina nas grandes populações, trazendo sempre novidades e novas perspectivas constantes na área de imunizações, totalizando mais de 1 bilhão de crianças vacinadas na última década. Recentemente tivemos a publicação na revista The Lancet de um importante estudo liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelando que os esforços globais de imunização salvaram cerca de 154 milhões de vidas – ou o equivalente a seis vidas a cada minuto de cada ano – nos últimos 50 anos. A grande maioria das vidas salvas – 101 milhões – foi de crianças.

Segundo o estudo, quase 94 milhões das cerca de 154 milhões de vidas salvas desde 1974 resultaram da proteção das vacinas obtida contra o sarampo; em contrapartida a esse número tão expressivo, nos deparamos com a marca de 33 milhões de crianças que não tomaram uma dose da vacina contra o sarampo em 2022: quase 22 milhões perderam a primeira dose e outras 11 milhões perderam a segunda dose. Esse número é extremamente preocupante e o Brasil infelizmente colabora com ele por conta das nossas coberturas vacinais que ainda possuem falhas. O sarampo é um dos exemplos, mas em todas as vacinas isso ocorre, com coberturas abaixo do indicado e com isso possibilidade de ressurgimento de doenças.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973, mas campanhas de vacinação já aconteciam antes disso, há mais de 100 anos. Ele é responsável pela organização da política nacional de vacinação na população brasileira, sendo uma referência internacional de política pública de saúde, com erradicação de doenças de alcance mundial como varíola e poliomielite. A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela OMS.

Respeitar e receber as vacinas nos momentos e intervalos preconizados é fundamental para o sucesso do esquema vacinal, em termos de proteção e produção de anticorpos. Quando acontecem atrasos das datas, a proteção não pode ser garantida na sua totalidade. Os intervalos estipulados são sempre frutos de estudos científicos sérios sendo dessa maneira que é atingida a proteção máxima.

Estamos assistindo a nível mundial nos últimos anos, e o Brasil não funciona diferente, a uma queda nas coberturas vacinais de forma geral, em praticamente todas as vacinas disponíveis. Esse já era um problema previamente a pandemia, devido as fake news e movimento antivacinas, e se agravou muito durante os anos de COVID-19. Infelizmente durante o isolamento, a população deixou de levar as crianças para vacinação, atrasou intervalos recomendados, abrindo possibilidade

para o ressurgimento de várias doenças já controladas previamente ou dificultando o controle das que já estavam ocorrendo.

Situações extremamente preocupante aconteceram com o sarampo, poliomielite, febre amarela, difteria e agora mais recentemente com a coqueluche, com quedas importantíssimas das coberturas vacinais, algumas doenças e regiões chegando a 40% permitindo sim o ressurgimento de doenças e mesmo o risco de epidemia dessas no nosso país. Temos de lembrar que o mundo hoje é muito dinâmico e com o fluxo de viagens que acontecem, doenças de qualquer local do mundo podem chegar ao nosso país e encontrando uma população com “brechas” na cobertura e verdadeiros bolsões de susceptíveis e de fato esses problemas podem retornar, com surgimento de surtos, epidemias ou mesmo novas pandemias.

Motivados por toda a problemática a OMS, UNICEF e outras entidades muito importantes lançaram a campanha conjunta “Humanamente Possível, que marcou a Semana Mundial de Imunização, de 24 a 30 de abril de 2024. A campanha de comunicação global pede aos líderes mundiais que defendam, apoiem e financiem as vacinas e os programas de imunização que fornecem esses produtos que salvam vidas – reafirmando seu compromisso com a saúde pública, ao mesmo tempo em que celebram uma das maiores conquistas da humanidade. Todos podemos participar da campanha fazendo nossa “lição de casa” individualmente, mantendo a

cobertura vacinal de sua família 100% em ordem. Manter o esquema vacinal sempre em dia, colabora na prevenção dessas e de todas as doenças contempladas pelas vacinas. A ausência das vacinas sempre coloca as crianças e familiares em risco. Em caso de dúvida, procure sempre um profissional da saúde para orientações.

Dra. Daniela Vinhas Bertolini
Pediatra e Infectopediatra. Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Infectopediatra do Programa Estadual e Municipal de IST/Aids de São Paulo
@dradanielabertolini
Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on linkedin
LinkedIn
Share on twitter
Twitter
Share on email
Email

Subscribe To Our Newsletter

Subscribe to our email newsletter today to receive updates on the latest news, tutorials and special offers!