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Caminhos para melhorar o desenvolvimento global de bebês com atraso

Tempo de Leitura: 5 minutos
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O atraso de desenvolvimento é uma condição frequente dentro dos consultórios de fisioterapia e reabilitação. Quando tratamos de desenvolvimento infantil, tratamos de crianças que não possuem movimentação e/ ou habilidades esperadas para a idade; e isso pode ser resultado de uma série de fatores: histórico de gestação, parto e nascimento, condições genéticas, condições ambientais, e outras mais. Em casos de crianças acima de 3 anos, os sinais de alteração de desenvolvimento são mais claros, porque já esperamos um significativo repertório motor: esperamos que ela ande, corra, fale palavras, fale pequenas frases, aponte (dedo), segure objetos, realize pequenas escolhas em ambiente domiciliar ou escolar, e esperamos habilidades que vão além do componente motor, como as habilidades sociais, as cognitivas, as emocionais, e assim por diante.

Porém, em bebês, especialmente no primeiro ano de vida, o olhar do avaliador requer experiência e sofisticação na análise do repertório de movimento, pois muitos dos sinais que os bebês apresentam são sutis e podem passar despercebidos; essa não constatação inicial de problemas e atrasos de desenvolvimento pode tornar o tempo de terapia prolongado. Dessa forma, compartilho algumas sugestões que podem ajudar as famílias que vivenciam essa trajetória de melhorar o desenvolvimento.

A primeira sugestão é: comecem o tratamento assim que possível. Tratando-se de bebês, o tratamento inicial é a fisioterapia. Se a constatação de atraso motor tiver sido realizada em casa, pela própria família, ou pelo fisioterapeuta, sugiro uma consulta com o pediatra; pois existem diversas condições de saúde que podem influenciar o desenvolvimento do bebê e em alguns casos é preciso realizar rastreamento genético e encaminhar para outras especialidades. A segunda sugestão é o estabelecimento de rotinas. É muito importante que esse bebê tenha horários bem estabelecidos: alimentação, sonecas da tarde, banho, brincadeiras, sono noturno. Valorizar o sono do bebê deve ser uma prioridade da casa, por questões comportamentais e por questões de aprendizagem; o que bebê que consegue dormir o número de horas adequado para o tempo de vida, consegue absorver melhor o aprendizado em todos os sistemas do corpo quando estiver acordado. Como principais sistemas nós temos: o sensorial, o motor, o visual, o auditivo, o vestibular, o respiratório, o cardíaco, o hormonal (atuam na regulação de hormônios que possuem relação com o controle do estresse e com os que influenciam o desenvolvimento infantil global), a cognição, a linguagem e a comunicação.

Minha terceira sugestão é: incluam a massagem terapêutica na rotina do bebê. Existem diversos estudos científicos que exploram os diversos benefícios da massagem terapêutica para o desenvolvimento: a melhora do sono, a redução dos episódios de estresse, a melhora da movimentação corporal, especialmente membros de tronco (por conta dos estímulos táteis recebidos), a melhora do esquema corporal do corpinho, o aumento do vínculo com a mãe; e alguns estudos descrevem o aumento no ganho de peso em caso de bebês prematuros. Entretanto, para famílias iniciantes no mundo da massagem, sempre sugiro buscar informações específicas ou consultas com profissionais experientes porque existem contraindicações e situações especiais. Algumas das contraindicações para a massagem: o bebê possuir menos de 1 mês de vida, apresentar sinais de febre ou resfriado, apresentar quadros de diarreia ou de desidratação, ter recebido vacina no dia da massagem, possuir lesões abertas, luxações ou fraturas e ainda, algumas condições dermatológicas.

A quarta sugestão é: estimule o bebê em casa de diversas formas. Ler um livro, imitar sons de animais ou fazer caretas, apresentar um objeto da casa, pedir para ele segurar uma meia enquanto você troca, usar uma esponja macia no corpinho dele durante o banho. Todos esses exemplos ajudam o bebê com a cognição, concentração, estimulam o desenvolvimento motor e o sensorial. A quinta sugestão é: compartilhe com o bebê tudo o que será feito com o corpinho dele e as atividades do dia. Informar quando for trocar a fralda, a hora do banho, a hora da comidinha ou da mamada, assim como a hora de trocar a roupa ou passear. Caso o cuidador principal precise se ausentar durante algumas horas do dia, sugiro informar ao bebê para que ele se sinta seguro, pois os bebês são muito inteligentes, e muito emocionais. A ausência do cuidador principal pode gerar insegurança emocional. Minha sexta sugestão é: encha seu bebê de beijos, abraços e diga sempre o quanto ele é amado. O vínculo é abertura e permissão para explorar e experenciar sem medo. E adivinhem o que acontece quando ele explora e experencia? o aprendizado.

Dra. Taciane Melo
Fisioterapeuta neuropediátrica, especializada em desenvolvimento de bebês,
Instrutora de Shantala,
Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz, Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), Membro da La cause Des Bébés, associação francesa transdisciplinar de estudos e pesquisas sobre bebês, unidade Brasil.
Mentora de desenvolvimento infantil, atendimentos
online e presencial.
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