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Carne esponjosa: deixa ou tira?

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Sleeping girl in the bed

A adenoide, conhecida como carne esponjosa, é um tecido de defesa que existe atrás do nariz (figura 1) e tem seu maior crescimento entre 2-6 anos de vida, e depois disso tende a diminuir de tamanho. Na verdade, ela faz parte de um conjunto de defesa que existe em toda nossa garganta e nariz, chamado “anel linfático de Waldeyer” (figura 2), para combater os vírus e bactérias intrusas na via aérea.

Figura 1: Foto do nariz por dentro, mostrando a adenoide no fundo do nariz. Nesta foto, ela está aumentada de tamanho, estreitando a passagem de ar.

Foto 2: Representação do Anel Linfático de Waldeyer – todos estes pontinhos pretos que estão difusos em toda cavidade oral e nasal são órgãos de defesa, assim como as amígdalas palatinas, amígdalas linguais e a adenoide.

Apesar de fazer parte do sistema imunológico e ajudar a combater infecções, a adenoide pode se tornar um problema em duas principais situações:

  1. Quando inflama recorrentemente (chamado adenoidites) – crianças com adenoidite ficam com nariz congestionado, com catarro branco ou amarelado com muita frequência, roncos, respiração oral, com melhora temporária com medicamentos. Muitas vezes, esses sintomas são confundidos com resfriados que não vão embora ou recorrem com muita frequência, não dando quase trégua. Observem que o tamanho da adenoide mesmo em tamanho normal pode virar um meio de cultura, acumulando bactérias e, com isso, impedindo adequada função respiratória. Quando isto acontece, ela deixa de ser um órgão de defesa e passa mais a atrapalhar do que ajudar do dia a dia da criança. 
  • Quando a adenoide aumenta de volume e ocupa muito espaço atrás do nariz, estreitando ou bloqueando a passagem de ar.  Mas atenção! Se este aumento NÃO gerar consequências, não há necessidade de remover a adenoide. No entanto, se o aumento de volume da adenoide levar a roncos, com ou sem apneia do sono, respiração pela boca, babação no travesseiro, sono agitado com movimentação excessiva durante o sono, ela deve ser removida. Outra consequência importante de aumento de adenoide é o acúmulo de líquido dentro dos tímpanos (otite secretora), levando a diminuição da audição, podendo ser percebida por queda no desempenho escolar e desatenção.

Existem dois modos de se descobrir tamanho da adenoide. O primeiro é com  RX de perfil do rosto, chamado RX de cavum (figura 3).

Figura 3: Imagens de RX de perfil (chamado de RX de cavum): à esquerda a flecha azul mostra a passagem livre de ar por trás do nariz e boca, enquanto à direita mostra um estreitamento nessa passagem , decorrente de aumento da adenoide.

O segundo é um exame feito em consultório otorrinolaringológico chamado nasofibrolaringoscopia, que consiste em uma câmera de fibra óptica fina que se introduz na narina do paciente até o fundo do nariz. A grande vantagem da nasofibrolaringoscopia em relação ao RX, apesar de mais invasivo, ele dá informações sobre o canal que vai para o ouvido e avalia o espaço atrás do nariz com mais precisão. Em mãos experientes, o exame é indolor, não necessita de sedação e dura poucos segundos. 

Uma vez decidida pelo procedimento cirúrgico, a adenoidectomia é realizada sob anestesia geral, o que significa que o paciente ficará dormindo durante a cirurgia. Dura em torno de 30-45 minutos e atualmente é feita com visão endoscópica, permitindo adequada visualização do campo cirúrgico. Em pacientes sem doenças crônicas, pode ir embora do hospital no mesmo dia na vasta maioria dos casos.

O pós-operatório é indolor. Deve-se atentar sobre a necessidade de evitar esforço físico por pelo menos 20 dias após a cirurgia, bem como não fazer viagens nesse período para que caso haja necessidade de assistência pelo médico que operou, ele esteja por perto.

Um mito é a mudança de voz após a cirurgia da adenoide. Mentira: há somente melhora na ressonância da voz uma vez que há desobstrução da passagem de ar por toda a via aérea.  Outro mito a ser comentado é a diminuição da defesa do corpo com a remoção da adenoide: como eu mostrei na figura 2, existem “microadenoides” dispersas pela cavidade oral e nasal, então não há alteração na imunidade. Pelo contrário, ao passar a respirar pelo nariz e com sono mais tranquilo, a imunidade aumenta significativamente. Para concluir, se você ou seu filho está enfrentando dificuldades respiratórias, infecções frequentes ou problemas relacionados ao sono, consulte um médico otorrinolaringologista para avaliação cuidadosa do seu caso. Nem toda adenoide grande tem necessidade de ser removida, desde que não traga nenhuma consequência. Porém, manter adenoide que “mais atrapalha do que ajuda” é perpetuar infeções e prejuízos de médio e longo prazo, como alterações de crescimento craniofacial. Por último, é importantíssimo frisar que não há limite de idade para a cirurgia: ela deve ser feita quando há indicações claras, como mencionadas neste texto, independentemente da idade. Fico à disposição!

Dra. Sandra Doria Xavier
Otorrinolaringologista com Especialização em Medicina do Sono.
Pós Doutoranda pela UNIFESP. Professora e pesquisadora no Instituto do Sono SP
CRM-SP 101.577
@drasandradoriasono
ssandoria@yahoo.com.br
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