Cordão umbilical ao redor do pescoço do bebê. É tão perigoso quanto dizem?
O cordão ao redor do pescoço do bebê, também conhecido como circular cervical, é um achado extremamente comum no momento do parto, podendo estar presente em 15 a 30% dos nascimentos. Geralmente é motivo de grande preocupação entre os futuros pais e costuma ser tema de questões polêmicas como a necessidade ou não de se antecipar o parto e da obrigatoriedade de se realizar, nesses casos, a cesariana.
A circular cervical pode ser única ou múltipla e pode estar frouxa, justa ou apertada. Na maioria dos casos ela é única e frouxa. Ela acontece de forma aleatória, mas acredita-se que está relacionada à grande movimentação dos fetos e especialmente em cordões umbilicais mais longos.
Apesar de relatos de óbitos fetais pela presença da volta de cordão no pescoço, os estudos científicos demonstram que o achado da circular cervical não aumenta o risco de morte do feto nem antes, nem durante o parto. Nos raríssimos casos em que infelizmente acontecem complicações, elas costumam ocorrer na presença de circulares múltiplas e/ou apertadas. Os possíveis mecanismos associados a essas complicações fetais estão relacionados à diminuição do fluxo de sangue para o cérebro e a própria compressão do cordão junto ao pescoço impedindo a chegada de sangue oxigenado ao resto do corpo.
O diagnóstico ante natal pode ser feito através de ultrassom, especialmente quando utilizado o modo doppler. Quanto mais próximo do parto, maior a chance de acertar o diagnóstico, pois boas partes das circulares cervicais diagnosticadas muito antes do parto acabam desaparecendo até o momento do nascimento. Por ser considerado um achado normal durante a gravidez, à presença de circular de cordão não deve, nem costuma ser descrita nos laudos de ultrassom.
Durante o trabalho de parto nos casos, por exemplo, das circulares múltiplas e/ou apertadas, as possíveis alterações na vitalidade do feto que eventualmente podem acontecer, em geral são detectadas pela monitorização dos batimentos cardíacos fetais, permitindo ao obstetra a qualquer momento mudar a via de parto caso seja necessário para preservar o bem estar fetal.
Saber se o cordão está ao redor do pescoço do bebê não contribui em nada e só costuma deixar pais e obstetras extremamente preocupados e ansiosos. Por ser extremamente comum e comprovadamente não aumentar estatisticamente os riscos para o bebê, seu achado deve ser desprezado. Frente a tudo isso, podemos concluir que pela simples presença de uma circular cervical, o nascimento do bebê não deve ser antecipado e a via de parto não precisa ser a cesariana como muito se escuta falar por aí.
Fonte: Dr. Wagner Hernandez CRM 116.139 – www.wagnerhernandez.com.br