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“Coitadinho! Quando comer, vai se acabar”! Será?

Tempo de Leitura: 6 minutos
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Beautiful young mother feeding her baby boy in highchair

“Coitadinho! Quando comer, vai se acabar”! Será?

Historicamente o ser humano busca o prazer em sua rotina. E essa liberação de prazer, bioquimicamente falando, está ligado intimamente a um grupo de substâncias liberadas no cérebro: serotonina, endorfina, dopamina.

Algumas substâncias ou situações podem aumentar o nível dessa liberação: estar com quem se ama, brincar, fazer o que se gosta, carinho, comida boa e comida não tão boa para o corpo, principalmente as mais estimulantes, como açúcar, gordura e sal. Drogas ilícitas ou lícitas (como remédios para depressão, álcool).

A grande maioria das pessoas consegue usar essas substâncias que liberam um nível maior e mais rápido desses hormônios e usufruir esse prazer, sem necessariamente ser um problema para sua saúde. Muitas pessoas bebem socialmente. Muitas pessoas consomem as “besteiras” de vez em quando, e tudo bem, sem problemas! Talvez você, adulto que lê esse texto, coma coisas apenas pelo bel prazer de comer. E isso é saudável (nunca se entregar ao prazer não é saudável!).

Mas tem a turma que abusa. E o abuso pode trazer consequências. Consequências variadas! Um corpo não sadio e um desequilíbrio de nutrientes consumidos (pense em alguém que bebe com frequência e tem seu estoque de vitamina B diminuído, ou alguém que come tantos doces que não sobra apetite para os vegetais, frutas e legumes) ou consequências graves (alcoolismo, aonde grande parte das calorias vem do álcool, e isso é pernicioso, inclusive socialmente ou uma alimentação baseada em açúcar, aonde as calorias vem basicamente do açúcar e daí, falta muito nutriente para manter uma vida saudável e isso é pernicioso para a saúde do indivíduo e custoso para a família, que e preocupa).

Nossos filhos provavelmente vão entrar em contato com álcool na vida deles. E vão entrar em contato com o açúcar. E é sobre o açúcar que vou me ater.

O que eu posso fazer agora, para ajudar o meu filho a utilizar essas duas substâncias que liberam prazer de uma maneira a não atrapalhar a vida dele?

Sobre o álcool, temos muitos dados. Sabemos, com certeza, que adiar o seu primeiro consumo faz muita diferença. O uso de precoce de bebidas alcoólicas pode ter consequências duradouras. Aqueles que começam a beber antes dos 15 anos apresentam predisposição quatro vezes maior de desenvolver dependência dessa substância do que aqueles que fizeram seu primeiro uso de álcool aos 20 anos ou mais de idade.

Parece que temos um tempo de maturidade mais ou menos ideal para que possamos ter responsabilidade sobre o consumo do álcool. Então, evitar o consumo até a vida adulta parece ser o caminho.

Em relação ao açúcar, guloseimas, sugerimos adiar a introdução após o primeiro (idealmente segundo) ano de vida.

O estímulo do paladar do açúcar é tão potente, que a tendência de ficarmos apaixonados e os outros sabores não interessarem muito quando pequenos é grande. Na realidade, não é só o que comemos, mas principalmente o que deixamos de comer que atrapalha nossa saúde.

Podemos ser perfeitamente saudáveis comendo nossas porções de frutas, vegetais, cereais, etc, e um docinho de sobremesa eventualmente.

Mas se você é mãe ou pai, sabe como é complexo ensinar uma criança a comer bem e de tudo. Precisa de tempo, investimento. Se jogar contra, oferecendo logo cedo um alimento que tem um alto poder de estímulo palatável, vai ficar difícil. É complexo apreciar a doçura de uma maçã quando se chupou 3 pirulitos antes. E não vale me dizer que a criança come super bem um prato de arroz e feijão. Arroz e feijão são bons, mas não é suficiente.

E antes dos dois anos, à vontade e a necessidade de introduzir açúcar na vida da criança é do ADULTO. Como o adulto sabe que esse é um prazer especial, quer proporcionar à criança. Mas a criança, antes do segundo ano de vida, não tem “vontades específicas”. Ela é alimentada, e aceita de bom grado a maior parte dos alimentos que lhe é oferecido, nem que seja pra cuspir depois. Ela quer provar. Mesmo o tampo da mesa, ou o sabor do controle da TV. Veja novamente o caso do álcool: ninguém tem dó de não servir a cerveja pra criança de 1 ano. E ninguém se espanta se um adulto degustar um copinho de cerveja em uma festa infantil, mas nega a criança. E nenhuma criança ficou “aguada” porque queria tomar um gole dessa cerveja, Mas ao se tratar de refrigerante, aquele campeão de açúcar, as frases vão do: “Tadinho”; “que dó” até “quando ele crescer vai tomar litros de refrigerante enlouquecidamente”

Provavelmente não vai. Claro que a criança vai crescer. E vai ter curiosidade. Pelo açúcar, socialmente aceito por todos. Pelo álcool, socialmente aceito entre os adultos. E olha, a vida não será fácil em relação a oferta. Vivemos num mundo obesogênico completamente disforme entre as informações que recebemos (e que nossos filhos vão receber também). Doces estão por TODAS as partes, na maior parte das vezes acompanhado pelo marketing do personagem favorito da criança. Doces estão relacionados a passeios e tempo com a família. A TV passa propagandas incansavelmente. As crianças em geral estão comendo muito pior do que antigamente, por esse excesso de oferta de alimentos não saudáveis.
Ao mesmo tempo, precisa ter a barriga negativa da menina famosa, o corpo sarado do ator. Tá fácil não.

Auto estima baixa por conta de modelos irreais, necessidade de mais estímulo para o prazer, enorme disponibilidade de alimentos ricos em açúcar e voalá: a realidade cruel que estamos vivendo: comer tá difícil.

Mas a gente tem o que fazer. Adiar esse primeiro contato pode ser o caminho para que esse relacionamento criança x açúcar seja mais equilibrado. E equilíbrio se dá pra todos os lados: se eu como menos açúcar sobra necessidade calórica para que eu me interesse pelos outros alimentos servidos pela minha família!

E você acha que é fácil tomar esse posicionamento, de adiar a introdução de açúcar? Entre em uma festa infantil com um bebê no colo e veja legiões de adultos querendo enfiar goela a baixo um algodão doce, só um brigadeiro, que mal faz um gole de refrigerante?

Não, matar não mata. Mas pode sim, prejudicar uma educação nutricional futuramente. O que custa esperar?

Quando a criança falar: por favor, tio, me dê esse brigadeiro, dê! Antes disso, pra quê?

Conteúdo autorizado para reprodução na Revista Materlife com a fonte retida pelo publicador.
Por: Dra. Karine N. C. Durães CRN: 19.559 – Nutricionista Materno Infantil – blog: http://nutricionistainfantil.blogspot.com.br/

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