Com a chegada de um filho, alguns pais podem sentir ciúmes.
Saiba como lidar com isso.
A chegada de um filho traz mudanças difíceis de se prever antes do parto. É bastante comum que pai e mãe acabem surpreendidos por tarefas que se transformam em prioridades e que eles nem imaginavam antes do bebê nascer.
Já na gravidez, a mulher sofre alterações hormonais que podem levar a mudanças em seu comportamento. Choro, riso e insegurança são apenas algumas delas. A futura mamãe também exige atenção redobrada por causa de enjôo, azia ou inchaços, por exemplo. Muitos homens ficam confusos e inseguros nessas situações e podem vir a sentir-se enciumados com essa “nova” condição de sua mulher.
Isso pode levar a uma eventual mudança de comportamento por parte desses pais. Mas esta pode não ser a principal razão. Antes, é preciso averiguar se não há outras divergências entre o casal que estejam além da questão da gravidez ou do nascimento do bebê. Expectativas e desejos sobre a ideia da paternidade também são fontes de angústia que devem ser levadas em conta.
Para os homens, a gravidez sempre foi motivo de estranheza.
Desde os primórdios da civilização, os homens relacionam a gravidez com poderes femininos ou divinos. A condição por que passa a mulher é pouco familiar à biologia e à psicologia masculina, o que sempre despertou fortes e confusas emoções, como ciúmes, exclusão, etc. Desejo e medo acontecem simultaneamente e, para muitos homens, o despertar dessas sensações disparam uma percepção de que o filho pertence exclusivamente à mulher, que o carregou por meses e o amamentará por mais tempo ainda.
Mas a mudança também pertence a algumas mulheres que, por razões pessoais, podem se afastar de seus maridos quando tornam-se mães – o que alimenta este processo de exclusão no homem. Erroneamente, costuma-se mitificar a gravidez como se fosse algo que toda mulher conhece essencialmente e, assim, a livraria de todos os medos e inseguranças. Isto não corresponde à realidade. Pais e mães de primeira viagem não conhecem as transformações trazidas pela gravidez nos aspectos pessoais, físicos, sociais e financeiros.
A importância do diálogo.
Dialogar o máximo possível é fundamental. Também é importante incluir o pai em todos os aspectos da chegada do bebê, como escolher o nome e o médico, participar ativamente do pré-natal, ir às sessões de ultrassonografia, fazer as compras do enxoval e, principalmente, estar presente no momento do nascimento. O incentivo da mulher quanto a participação do parceiro e sua compreensão de que uma certa regressão pode acometer o comportamento do homem ajuda a simplificar qualquer conflito.
Conversar sobre os sentimentos e fantasias do homem é outro fator que deve ser levado em consideração. A mulher deve conseguir entender o que pode haver de errado e difícil, já que o bebê pertence ao casal. Nem sempre é tão simples. Muitos homens sentem a gravidez e a presença de um novo integrante em seu relacionamento afetivo como uma situação complexa, misteriosa e que exclui sua presença.
A criança não é só da mãe.
Nos primeiros dias da jornada da paternidade era comum ouvir que “o bebê é mais da mãe que do pai” ou que “todos os cuidados cabem à mãe”. Isto é cada vez menos comum, graças a uma mudança na posição do pai. O que tem se visto são mais parcerias masculinas, acolhendo e apoiando a mulher, e tornando a presença do pai mais marcante no desenvolvimento de seu filho.
Ficar lado a lado é melhor ficar de lado.
Muitos homens vêm lidando com essa situação de um modo mais maduro e proativo nos cuidados com suas crianças, transformando os sentimentos de exclusão, que por ventura estejam presentes, em participação, parceria e alegria. Alguns até ficam “grávidos juntos” – sentem enjôos, azia, aumento de apetite etc. – como se fosse uma tentativa de se aproximar do universo de suas companheiras.
É a mãe quem oferece o lugar de importância.
A mãe abre espaço e o pai vem para dividir essa relação de características bastante simbióticas. Um casal se comunica bem abre espaço para a presença do pai e essa presença é permitida e valorizada pela mãe, o que acaba por ser de grande valia para o desenvolvimento dos filhos. Outro fator relevante é que todas as mulheres envolvidas, desde a própria mãe até as avós, babás ou tias, aceitem e permitam essa aproximação e os cuidados que os homens dispensam aos filhos.
Observar o entorno e perceber as mudanças em cada um é o melhor caminho para se estabelecer um ambiente de diálogo e de solução dos problemas, antes mesmo deles se tornarem motivo de preocupação. Afinal, o momento é de alegria e crescimento e isso só pode ser plenamente alcançado por um casal unido em torno de um acontecimento único: a chegada de seu filho ou filha.