A palavra autonomia tem origem grega, autos, que significa “o mesmo”, “ele mesmo”, “por si mesmo”, e nomos, que significa “lei”. Dessa forma, ter autonomia é ser capaz de fazer suas próprias escolhas, é governar a si mesmo. De que forma bebês e crianças podem fazer as próprias escolhas? Partindo da visão que os bebês, mesmo não falando, são sujeitos que possuem vontades, preferências; da mesma forma que a criança. Isso é completamente normal, precisamos incentivar esse olhar de sujeito para com bebês e crianças. Entretanto, aos pais e adultos cuidadores, é preciso ter clareza que mesmo bebês e crianças pequenas tenham escolhas e preferências, nem sempre essas escolhas poderão ser tomadas porque os pequenos não possuem maturidade suficiente. Nesse ponto, entra a decisão final dos pais e dos cuidadores.
Diversos autores abordam sobre o impacto positivo que o incentivo e treino da autonomia pode gerar na vida adulta, especialmente em termos emocionais, comportamentais, e resolução de problemas. Algumas das principais sugestões o incentivo da autonomia em crianças pela visão de especialistas em educação, comportamento e saúde, são: a primeira, estimular tomadas de decisões da rotina, como a escolha de brinquedos, roupas, meias, e assim por diante. Se a criança ainda não possui idade para escolher um brinquedo, você pode por exemplo pedir que ela te auxilie enquanto você faz a troca de fraldas, veste as roupas, calça as meias; isso pode ser pedido mesmo que ela não verbalize. Compartilhar responsabilidades e escolhas é essencial.
Como segunda sugestão, ajudar com a autorregulação emocional. Considerando que os pais são o suporte emocional da criança, eles precisam oferecer colo, carinho e palavras de encorajamento e afeto, como cultivo diário da autoestima e da confiança. Além dos pais, os adultos cuidadores também possuem essa responsabilidade, sejam avós ou babás. Essa habilidade ajudará a criança a se sentir amada, apoiada e lidar com as adversidades e as frustrações em diversos ambientes. A terceira sugestão é favorecer a socialização e independência. Os pais e cuidadores também possuem esse papel considerado social. Seja em parques, piscinas, praias, igrejas; as famílias possuem esse poder de incentivar, ser exemplo, e auxiliar os pequenos a se engajarem no convívio social.
A quarta sugestão é criar um ambiente seguro para exploração. Explorar faz parte da infância, assim como mexer, desmontar, quebrar, brincar na areia, e descobrir o que acontece quando se faz algo. A criança que não se sente capaz, não se sente livre para explorar, essa criança não terá iniciativa. E o motivo não é aquela frase que às vezes ouvimos: “ela é boazinha”. O motivo geralmente vem por inibição/impedimento do explorar pelo adulto cuidador ou o motivo é por inabilidade do corpo, por ela não se sentir capaz de realizar essa brincadeira, atividade ou esporte.
A quinta sugestão é o incentivo ao movimento, através da atividade física e do esporte. Todas as crianças precisam realizar alguma atividade física para que cresçam de forma saudável para que se tornem adultos com longevidade associada à qualidade de vida. A atividade física na infância é uma das principais recomendações de órgãos internacionais que visam o combate à obesidade, ao sedentarismo, e demais condições de risco à saúde. E nesse contexto, como a autonomia se relaciona diretamente ao movimento quando a criança descobre ser possível fazer, associando as suas próprias escolhas; movimento e escolhas andam juntos. O movimento promove a autonomia, e parte boa é que o incentivo da autonomia pode ser feito desde bebê.
Destaco que a liberdade para o movimento em si é parte integrante da construção da autonomia e identidade da criança, pois ela está entrelaçada com as habilidades motoras. E aqui, refiro-me à coordenação motora grossa, que são os movimentos amplos; e à coordenação motora fina, que são movimentos que exigem habilidades manuais sofisticadas e possibilitam ações como: pintar, escrever, amarrar cadarços, abotoar botões, usar colheres, abrir e fechar potes, e outras mais.
A sexta e última sugestão é pedir auxílio com as tarefas domésticas. Existem artigos internacionais sérios que divulgam a melhora de habilidades motoras, cognitivas e até comportamentais em crianças, resultando em maior autonomia quando elas participam de atividades domésticas na infância e na adolescência. Pais e cuidadores, peçam ajuda para arrumar os brinquedos, arrumar a casa, enxugar a louça e até lavá-la, dependendo da idade.