Em situações de pandemia, como a de COVID-19, os indicadores de países como China, Espanha e Brasil evidenciam que os casos de violência já existentes se agravam e, ao mesmo tempo, emergem novos casos (CAMPBELL,2020). Porém se tratando do número de notificações, foi observado uma redução de quase 70% no número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes, em comparação com abril do ano passado de acordo com o Departamento de Polícia Judiciária da Macro Região (Demacro/2020).
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a covid-19 deixou algumas crianças mais vulneráveis à violência e ao sofrimento psicossocial com a suspensão das aulas e a paralização dos atendimentos das entidades que atendem a pessoas com deficiências. Estes serviços, por serem locais de acolhimento, propiciam a identificação e notificação de situações de violência e de vulnerabilidades sofridas por esta população.
Neste momento, as crianças e os jovens estão mais tempo dentro de casa e enfrentam, com a família, a falta de recursos e as inseguranças. É necessário levar em consideração que dependendo de marcadores sociais como gênero, cor da pele, etnia, faixa etária, renda e estrato social, a pandemia atinge as famílias de forma desigual. Algumas populações – como por exemplo: com baixa renda, vivendo em assentamentos informais, minorias, indígenas, migrantes e refugiados, pessoas privadas de liberdade, pessoas com deficiência, LGBTQI+, população em situação de rua, entre outros – já acumulam discriminações e têm acesso dificultado aos serviços de saúde e a outros direitos sociais constitucionalmente garantidos.
Fatores de risco para a ocorrência da violência:
• O aumento do tempo de permanência e de contato dentro do lar, que nem sempre oferece as melhores condições de bem-estar, pode favorecer as tensões e os conflitos;
• Muitas vezes, o cuidado das crianças era compartilhado com a rede de apoio (avós ou outros familiares, creches, escolas, serviços de saúde, entre outros);
• Preocupação com os afazeres do trabalho remoto, o medo da perda do trabalho;
• Intensificação das atividades domésticas;
• Demandas escolares.
Os fatores combinados podem gerar mais ansiedade, irritabilidade e menor paciência para lidar com o cotidiano e com as necessidades das crianças e desencadear situações de violência, como:
• Violência psicológica: repetidas atitudes de humilhação, de desqualificação, ameaças de abandono, ocasionando diminuição da autoestima, pois convencem a criança de que ela é a pior, não amada, não querida.
• Violência física: palmadas e agressões com ou sem objeto, como tentativa de resolução de conflitos, porém não passam de práticas violentas e não educativas.
• Negligência e maus tratos: falta de cuidado ou forma de castigo como não alimentar, não apoiar as medidas de higiene, etc, apesar de ter recursos para suprir estas necessidades.
É importante ressaltar que o isolamento social continua sendo a forma mais eficaz no combate à disseminação do COVID-19. E de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é responsabilidade da familia e da sociedade denunciar situações de violência. Portanto fique atento e caso necessário, denuncie.
Canais de denúncias: Disque 100 ou procure o Conselho Tutelar mais próximo.
Referências Bibliográficas
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=4734:a-opas-oms-apoia-os-16-dias-de-movimento-pelo-fim-da-violencia-contra-as-mulheres&Itemid=820
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7152912/
https://www.childhood.org.br/violencia-domestica
https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=61240
Tudo bem passar meses sem menstruar após o parto?
Sabe o que me causa muita surpresa? Mulheres muito, muito, muito preocupadas com a menstruação não ter descido mesmo meses após ao parto. Claro, tudo