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Diagnóstico de Autismo: é possível obter o diagnóstico em uma única consulta?

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Diagnosticar autismo pode ser um processo complexo e demorado para muitas famílias, mas, em algumas situações, o diagnóstico pode ser obtido em uma única consulta. Minha história com Gael ilustra esse cenário de maneira impressionante.

Era dia 23 de dezembro de 2020. Chegamos ao consultório do Dr. Gustavo do Valle, o único neuropediatra que nosso plano de saúde disponibilizava. Dr. Gustavo é um renomado neuropediatra no Rio de Janeiro, especializado em Transtorno do Espectro Autista (TEA) há mais de 25 anos. Como mãe inexperiente, eu ainda nutria a esperança de que ele diria que Gael não tinha nada, que todos os “aconselhamentos” que recebemos para levar nosso filho ao neuro não passavam de um grande equívoco das pessoas ao nosso redor.

A consulta ocorreu em pleno auge da pandemia. Gael, uma criança curiosa, não parava quieto e explorava a sala do médico. Caminhava na ponta dos pés, girava em círculos e organizava os brinquedos à sua maneira. Enquanto isso, eu relatava minhas dúvidas ao doutor, explicando que Gael sabia ler algumas palavras, mas não conseguia dizer “mamãe”, “papai” ou mesmo “bom dia”. Estava em busca de respostas e mostrava ao doutor alguns exames coletados ao longo dos anos.

Dr. Gustavo observava atentamente o comportamento de Gael enquanto me ouvia. Gael continuava a girar as rodas de um pequeno caminhão de brinquedo e a andar de um lado para o outro, explorando o ambiente.

O momento do diagnóstico

Eu esperava sair dali sem diagnóstico algum. Tinha certeza de que seriam necessárias baterias de testes e múltiplas consultas. Após alguns minutos de observação, Dr. Gustavo pegou um papel timbrado, escreveu algumas palavras, assinou e me entregou. Era o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) para Gael, com as siglas CID 10 e CID 11. Fiquei em choque e incrédula, perguntando a mim mesma como ele poderia ter certeza em tão pouco tempo. O Dr. Gustavo, percebendo minha incredulidade, explicou:

“Já sei o que você está pensando: ‘Como você tem certeza que ele é autista?’ O diagnóstico é clínico. Eu faço isso há pouco mais de 25 anos. Acompanho inúmeros casos, seja de autismo de suporte 1, 2 ou 3, com ou sem comorbidades, verbais ou não, com ou sem epilepsia. Sou um neuropediatra especializado em TEA.”

Ele continuou detalhando as observações que o levaram ao diagnóstico:

“Assim que o Gael entrou aqui, iniciei a avaliação. Ele não olha nos olhos, anda na ponta dos pés, apresenta pequenas estereotipias com os dedinhos das mãos, o polegar batendo no indicador rapidamente. Além disso, nesses poucos minutos que você está aqui, ele passou cerca de três minutos girando a roda do carrinho que está no chão. Ele está atribuindo outra função ao brinquedo. Tudo isso eu observei neste curto espaço de tempo.”

A importância da experiência clínica

Dr. Gustavo enfatizou que o diagnóstico de autismo é clínico e se baseia na observação de comportamentos específicos característicos do TEA. Sua vasta experiência e especialização permitem identificar esses sinais rapidamente. Embora muitos pais possam passar anos buscando um diagnóstico, profissionais experientes podem reconhecer os sintomas do autismo em uma única consulta através de observações criteriosas e conhecimento profundo da condição.

Conclusão

Minha experiência ressalta a importância de pais e cuidadores buscarem profissionais especializados e experientes no diagnóstico de TEA. O diagnóstico é fundamental para dar início aos tratamentos multidisciplinares, visto que os primeiros anos de vida são valiosos para o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA. Enquanto muitos enfrentam longas jornadas para obter respostas, um neuropediatra qualificado pode fornecer o diagnóstico rapidamente, permitindo que as famílias comecem a buscar intervenções e suportes adequados sem atrasos adicionais. Não existe uma regra específica para o diagnóstico. O que existe é falta de conhecimento sobre o assunto. Falo com propriedade de causa, pois o diagnóstico do meu filho veio em 25 minutos de consulta.

Essa realidade pode ser impactante e até chocante para muitos, mas evidencia a importância de confiar na expertise e no olhar clínico de profissionais qualificados. Gael atualmente está com 7 anos e tem todo o suporte necessário para se desenvolver da melhor maneira possível, e tudo começou com uma única consulta.

Anna Flávia Camargo de Castro
Seja bem-vindo à minha coluna sobre maternidade atípica. Sou mãe de Gael, de 6 anos, autista de suporte 1, com hiperlexia e Altas Habilidades. Minha jornada começou com o diagnóstico de autismo do meu filho, sobrevivente de uma gestação trigemelar. Tornar-me assistente terapêutica e aplicadora ABA foi essencial para ajudá-lo. Nesta coluna, compartilho reflexões, desafios e aprendizados sobre maternidade atípica, usando meu “Método 1:1”, que inclui nutrição, tratamentos integrativos, terapias multidisciplinares, manejo em ambientes naturais e criação positiva.

@annaflaviacamargo_
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