A pressão da família e da sociedade para ter filhos muitas vezes é enorme, e o fato de não conseguir engravidar pode fazer a pessoa se sentir um completo fracasso.
Admita que a dificuldade de gravidez é uma crise na sua vida
Ter dificuldade para engravidar pode representar uma das fases mais difíceis da sua vida. Não é frescura, não é um capricho. É um motivo perfeitamente justo para ficar triste. Para a psicóloga Kate Marosek, que atende casais em Washington, nos EUA, é importante que a pessoa reconheça que o problema é sério.
“É normal ter uma sensação profunda de perda, ficar estressado, triste ou sem saber o que fazer”, diz ela. “A pessoa não pode se recriminar por se sentir assim.” Encarar e aceitar o que você está sentindo ajuda a suportar essas emoções e a pensar mais racionalmente.
Não se culpe pelo problema
Procure resistir à tentação de ficar brava consigo mesmo, de ouvir aquela vozinha que lá no fundo fica dizendo: “…Eu não devia ter esperado tanto…”, “…Eu não devia ter tomado pílula por tanto tempo…”, “…Por que não me cuidei melhor?”.
Esse tipo de pensamento negativo só piora as coisas, afirma o especialista Yakov M. Epstein. Quando você começar a ter esses pensamentos sobre o que “devia” ou “podia” ter feito, lembre-se de que problemas de fertilidade acontecem, não são culpa sua.
Mesmo que você tenha tomado decisões no passado e hoje se arrependa, aquilo já passou, não adianta mais ficar remoendo. Tente se concentrar no seu futuro e nas coisas boas que virão quando o problema for finalmente superado.
Trabalhe em equipe com seu companheiro
Você e o seu parceiro precisam se ajudar nesta hora difícil. Evite a todo custo a armadilha de culpar o outro pela dificuldade de engravidar.
“Trabalho de equipe” não quer dizer que vocês dois tenham que sentir a mesma coisa ao mesmo tempo. Seria impossível. O que dá para fazer é procurar sempre prestar atenção no que o outro está sentindo naquela hora. “Quando um cuida do outro, os dois podem se unir para combater o problema juntos”, diz a psicóloga Kate Marosek.
Tentem encontrar, juntos, maneiras realistas de dividir o estresse e a frustração. Se a mulher está passando por um tratamento, o homem pode assumir a compra de remédios e a papelada para o plano de saúde, para o imposto de renda etc. Se um precisa tomar injeções em casa, o outro pode fazer a aplicação.
Aprenda tudo o que puder sobre o problema
Leia sobre problemas de fertilidade e faça todas as perguntas que quiser ao médico, sem medo ou vergonha.
Na área de reprodução humana, as técnicas mudam rápido, e você corre o risco de não poder tomar decisões por si só se não souber do que o médico está falando. Isso é ainda mais importante porque os tratamentos de fertilidade muitas vezes envolvem dinheiro. As clínicas podem ter interesse em “vender” o tratamento mais caro, e você precisa saber ao menos discutir a necessidade ou não do procedimento.
Estabeleça um limite de até onde tentar
Há casais que decidem, desde o começo, que não vão apelar para tratamentos muito complexos na tentativa de ter um bebê. Outros resolvem fazer todo o possível, não importa quanto tempo demore ou quanto custe, para realizar o sonho.
Só vocês podem chegar à conclusão de quando é hora de parar de tentar. É uma decisão que precisa ser tomada pelo casal, muitas vezes em conjunto com o médico. Mas é provável que você se sinta mais no controle das coisas se tiver um plano mais ou menos pré-traçado.
Um bom começo é pensar naquilo que você não quer fazer. Há pessoas que descartam a adoção ou o uso de gametas doados. Há outras que preferem não se submeter a tratamentos invasivos e caros como a fertilização in vitro. Nenhuma decisão será definitiva, mas ela ajudará você a se situar melhor, até em relação a seus próprios sentimentos e conflitos internos.
Pense em quanto vocês estão dispostos a gastar
Tratamentos de fertilidade são caros, e não vêm com garantia de sucesso. Por isso a questão do dinheiro é importantíssima. É preciso levar em conta que os remédios também são muito caros, portanto é necessário perguntar para o médico quanto o medicamento vai custar, se existe alternativa mais barata, se há algum lugar específico para comprar com desconto, e qual será mais ou menos o custo total dos remédios.
Vocês precisam pensar também que a duração do tratamento não é definida: pode ser que funcione logo de cara, pode ser que seja preciso segui-lo por meses ou até anos. E, se houver embriões a ser guardados na clínica, isso também tem um custo, que não é baixo.
Em primeiro lugar, descubra onde fazer o tratamento. Se tiver plano de saúde, informe-se para ver quais são os procedimentos cobertos. No Brasil, são raros os planos que cobrem tratamentos de fertilidade, mas vários dos exames e pequenas cirurgias fazem parte do cuidado normal à saúde da mulher, e por isso estão incluídos na cobertura.
Infelizmente os poucos serviços públicos que tratam a infertilidade gratuitamente têm filas enormes, mas sempre vale a pena se informar sobre o que existe na sua região. Existem centros que subsidiam os tratamentos e clínicas que fazem planos de pagamento especiais, incluindo mais de um ciclo. Não se esqueça de incluir o custo dos medicamentos na previsão de gastos.
Por mais duro que seja, você tem de se lembrar de que o tratamento de fertilidade é um investimento às cegas, porque você pode acabar gastando todas as suas economias sem conseguir o resultado desejado.
Busque o apoio de profissionais e de pessoas com o mesmo problema
A sociedade não se dá conta do tamanho da tristeza que a infertilidade provoca. A reação mais natural daqueles que não conseguem ter um bebê é esconder essa tristeza, o que acaba aumentando a sensação de isolamento e de vergonha.
“Encontrar outras pessoas que estejam passando pela mesma coisa pode ajudar a entender que muita gente tem problemas de fertilidade, e que a decepção é totalmente compreensível”, diz Linda Klempner, psicóloga que atua em Nova Jersey, nos EUA.
A internet é uma boa aliada nesses casos, porque facilita o contato de pessoas na mesma situação, de um modo que elas se sentem à vontade para desabafar.
Converse com o médico também para ver se a clínica não possui um serviço de psicologia especializado. Há centros de tratamento que se preocupam com essas questões, pois seus profissionais sabem melhor que ninguém o peso e o estresse que a dificuldade de gravidez provoca.
Dê-se o direito de evitar atividades que envolvam bebês
Se certas ocasiões são muito difíceis para você, como ir ao chá de bebê da colega que engravidou sem querer, sinta-se no direito de não ir. E, se a situação for inevitável, já que muitas vezes o bebê é de uma pessoa muito querida, não se culpe pela tristeza que sentir depois, e deixe as lágrimas escorrerem quando chegar em casa.
Na hora de comprar um presente, se for muito difícil entrar numa loja para bebês, prefira comprar um livro, já que as seções infantis de livrarias são bem mais inofensivas que lojas cheias de macacõezinhos e mulheres barrigudíssimas.
Procure equilibrar otimismo e pé-no-chão
No meio de um tratamento ou procedimento, você precisa ser otimista. É compreensível, no entanto, ficar cauteloso para não se iludir demais. Pergunte ao médico, em porcentagem, quais são as chances de sucesso, para procurar ter em mente que pode dar certo, mas pode não dar.
A tecnologia é tanta que muitos casais são levados a crer que algum tratamento vai funcionar, e vão tentando por anos a fio. É importante saber, no entanto, que cerca de um terço dos casais que passam por tratamentos de fertilidade acabam não conseguindo ter um filho biológico.
É uma realidade dura, mas por isso mesmo é preciso considerá-la.
Cuide-se e procure ter outros interesses
Passar por um tratamento de fertilidade é quase como um emprego, pois exige tempo e dedicação, além de ocupar praticamente toda sua cabeça. Assim, você precisa deixar espaço para alguma outra atividade ou hobby que lhe dê prazer.
Uma saída com as amigas (de preferência sem filhos!), um trato especial no salão de beleza, uma massagem ou um bom filminho com pipoca em casa são opções. Você pode experimentar coisas novas, como aquela aula de artesanato ou ioga que sempre quis fazer, ou aquela caminhada todas as manhãs. Ou quem sabe adotar um bichinho de estimação para já poder se chamar de “mamãe”…