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Dispositivos de marcha e andadores

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Quando ele vai andar?

Essa é uma pergunta que quase todos os pais fazem em algum momento da vida de seus filhos. Este marco motor – andar – se desenvolve por volta dos nove meses até cerca de um ano de idade – lembrando que a aquisição da marcha em crianças tipicas ocorre em uma janela de 8 meses a 18 meses de vida. Mas e quando o andar não acontece neste período esperado?

Quando falamos de alterações no desenvolvimento motor, esta angústia de não saber se seu filho vai andar acompanha os pais de bebês prematuros e crianças com algum atraso ou alteração do desenvolvimento ao longo de toda a vida.

Existe uma sequência de desenvolvimento motor que compreende janelas do desenvolvimento e de aquisições. Como por exemplo, uma das primeiras aquisições motoras é o controle da cabeça, seguido da extensão do tronco de barriga para baixo, do controle do apoio das mãos de barriguinha para baixo, depois vem o controle do tronco para o bebê conseguir sentar, conseguir se deslocar ou arrastar de barriga e em seguida subir para quatro apoios e engatinhar. O bebê começa a explorar objetos mais altos se puxando para o estar em pé e dessa postura em pé consegue os seus primeiros passinhos, apoiado na mobília. Há um grande salto para a independência quando a criança se arrisca nos primeiros passinhos.

A pesquisadora e psicóloga americana Karen Adolph é autora de dezenas de publicações que exploram esse tema. Em um de seus artigos, ela enumera quantas quedas tem uma criança na fase de aprendizado motor da marcha. (Adolph 2012) São cerca de 17 quedas e cerca de 2.368 passos por hora em bebês de 12 a 19 meses de vida. Essa repetição e variabilidade das experiências favorecem a aquisição da marcha tipica.

Novas habilidades motoras criam novas oportunidades de exploração e aprendizagem que instigam cascatas de desenvolvimento em diversos domínios psicológicos.

Mas o que faz essas crianças caírem e levantarem tantas vezes?

É a vontade de explorar, de perceber seu corpinho em diferentes posições e de interagir com outras crianças, com outros objetos. Em comparação com os “engatinhadores”, os bebês que caminham percorrem mais espaço mais rapidamente, experimentam uma entrada visual mais rica, acessam e brincam mais

com objetos distantes e interagem de formas qualitativamente novas com seus pais e seus cuidadores.

E nas crianças com deficiência, quando muitas vezes o controle de cabeça não foi adquirido até um ano de idade?

Quando o sentar sem apoio não foi adquirido e já passou de dois, três, quatro anos de idade?

Não podemos e não devemos esperar esses marcos motores serem atingidos para que a vivência da marcha seja viabilizada.

Hoje existem tecnologias assistivas para locomoção, que são capazes de viabilizar a postura em pé e a marcha assistida, permitindo que a criança com deficiência de qualquer nível ou comprometimento motor possa vivenciar o seu corpo em pé e se deslocando no espaço.

A questão é: para quê isso se ela nem mesmo controla a cabeça?

Posso afirmar que ficar em pé é essencial para todos os corpos humanos a partir do nono mês de vida.

E o andar?

O estar em pé, verticalizado, trocando passos, explorando ambientes, desencadeia inúmeros benefícios, previne comorbidades e deformidades nos sistemas ósseo, muscular, digestório, respiratório, cognitivo, circulatório – além dos benefícios que estar em pé e podendo ter a exploração e interação com o ambiente promovem emocionalmente.

Essas vivências acontecem geralmente dentro da clínica de reabilitação. Dentro de um programa de estimulação motora e cognitiva, a inserção do treino de marcha deve ocorrer a partir dos 10 a 11 meses de vida das crianças com desenvolvimento atipico – lembrando que em pé já desde os nove meses. A literatura científica atual traz evidências que sustentam a inserção dos estimulos em pé e da marcha para bebês e crianças com alterações no desenvolvimento nas “janelas” de idade correspondente do desenvolvimento motor típico.

Não precisamos esperar nada. Nós precisamos ser facilitadores para as descobertas das vivências e das experiências nas posturas mais altas e em pé. Para isso, utilizar a tecnologia assistiva dos andadores – de baixo ou alto custo – viabiliza e auxilia as aquisições e exploração dos ambientes.

Não estamos falando dos andadores “comuns” que eram vendidos em lojas de bebês

– e que atualmente são proibidos e contraindicados devido ao alto risco de acidentes, além de privarem bebês de explorar o chão e evoluírem naturalmente para o caminhar, permitindo que seu corpinho se desenvolva adequadamente e perceba seus limites e reações de proteção para quedas.

Os dispositivos assistivos de marcha trazem algumas características que são individuais e que precisam ser observadas no momento da prescrição e da aquisição

de um andador. Quantidade e tipo de rodas, acessórios, suportes e regulagens são algumas das características a serem escolhidas no dispositivo.

Não existe o andador ideal.

O andador ideal é aquele que atende às necessidades de suporte e de alinhamento do indivíduo. É aquele que atende à demanda da família, financeiro, de transporte no carro, de acesso dentro do apartamento ou acesso a um terreno irregular. O andador ideal é aquele que permite que o indivíduo explore o movimento da marcha o máximo possível, com o maior prazer possível. Poder se locomover na rua, no parque, na escola, no supermercado, no shopping, no parquinho, aonde ela quiser ir e puder se divertir!

Esse é o andador ideal.

Fonte: Rebeca de Barros Santos Rehder, fisioterapeuta neurofuncional e proprietária das clínicas Espaço SETE
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