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Divórcio é do casal, não dos filhos!

Tempo de Leitura: 6 minutos
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Terminar um relacionamento não é fácil. Lidar com o término quando envolvemos filhos, é mais difícil ainda. Eles ficam perdidos, assustados e com medo de serem abandonados, a rotina e a dinâmica familiar mudam completamente e todos os envolvidos precisam de um tempo de adaptação para entender a nova realidade e o funcionamento dessa nova família que se apresenta.

Via de regra, com a separação dos pais, um dos dois sai de casa e a criança passa a morar apenas com a mãe ou o pai. Por conta disso, a criança começa a fantasiar que também será abandonada, já que um “abandonou” a casa. Muitas vezes ela ainda não tem discernimento para compreender um divórcio e suas implicações. Que esse processo é entre o casal e não tem nada a ver com ela – ou pelo menos, não deveria. É muito comum que ela confunda separação dos pais com ela – se meus pais não se amam mais, portanto, também não me amam mais.

É esperado, ainda que não saudável, que a criança sinta sentimento de culpa, angústia de nunca mais ver a pessoa que saiu de casa. Ela também se preocupa com o que será dela e da família no futuro. Então como lidar com tudo isso, estando machucado com o término do relacionamento e responsável pela criança?

O primeiro passo é ter certeza de sua decisão. Só tomar a atitude de contar para a criança sobre o divórcio quando ambos estiverem 100% certos da separação. Não é justo que seu filho tenha que lidar com um relacionamento ioiô, que vai e volta. É confuso e cruel.

O segundo passo é contar para a criança. Nesse momento, diga a verdade e seja muito sincero, o que absolutamente não significa dizer os motivos do divórcio ou falar mal do ex-parceiro. Dizer a verdade significa simplesmente dizer “não somos mais um casal e estamos nos separando, mas continuaremos te amando e sempre com você, independentemente de qualquer coisa”, sem inventar histórias de que “ah ele vai viajar” ou “vai voltar para a casa da vovó”. Isso provavelmente vai implicar em perguntas, responda a todas elas com a mesma sinceridade e muito acolhimento, tomando muito cuidado para não depreciar o ex-parceiro e em uma linguagem adequada para a idade de seu filho, sem usar palavras de baixo calão.

Nunca brigue na frente das crianças, principalmente durante o processo de divórcio, também não deixe a criança ver brigas que acontecem antes do momento da tomada de decisão da separação. Muitas crianças interpretam as brigas e separações como culpa delas, permitir que ela presencie brigas faz com que essas fantasias sejam reforçadas.

Mentir para a criança é quebrar a confiança dela. No futuro ela vai descobrir o que aconteceu e além de todas as angústias e medo de ser abandonado, que naturalmente fazem parte do divórcio, terão um sentimento de que não podem confiar nos pais porque eles não falam a verdade

O terceiro passo é não esconder da criança os sentimentos que envolvem a separação. A criança perceberá que você está triste, chorando, mais agressiva, irritada, mais cabisbaixa. Mostrar seus sentimentos irá incentivar a criança a olhar e falar sobre como se sente também, já que ela terá muitos sentimentos semelhantes ao do adulto e provavelmente precisará de ajuda para lidar com essa chuva de sentimentos.

O divórcio é uma separação do casal, nunca dos pais. Ou seja, a criança deve continuar em contato igual com os dois e, nunca, jamais entrar no meio de brigas e disputas do ex-casal, sejam elas financeiras ou emocionais. Ex.: você não pagou a pensão então vai ficar sem ver seu filho. Ou: vc só vai ver seu filho de novo se voltar para mim. A separação já é difícil por si só para todos os envolvidos, não vamos deixar ela pior ainda. O casal decidiu se separar, não foi a criança quem se separou dos pais.

Após a separação, é importante manter a rotina da criança o mais próximo da rotina anterior à separação possível. Viver sem um dos pais dentro de casa já vai ser uma mudança muito radical na vida da criança – fugir ainda mais da rotina e não ter uma previsibilidade e segurança do que irá acontecer torna tudo ainda mais difícil para a criança.

Não fale mal do ex-parceiro para a criança, nem na frente dela. A imagem que ela tem dos pais deve ser mantida, não importa o quanto você esteja magoado com seu ex-parceiro. Seu filho não merece ouvir uma figura de afeto sendo desqualificada pelo outro. Não importa o quão próximo você é dos filhos, nesse momento eles não são seus amigos – são pessoas tendo que lidar com uma situação tão difícil como você. Os pais são as referências de pessoas que os filhos têm,

geralmente para a vida toda. Como você acha que seu filho se sentiria com você falando mal de uma referência dele, uma parte de quem ele é?

Os sentimentos estão muito à flor da pele nesse momento. Entendo que as emoções aparecem como uma avalanche e é muito difícil de controlar, você sentirá raiva, desespero, descontrole, perdida, tristeza e muitos outros sentimentos naturais desse momento. Ainda assim, é sua responsabilidade zelar pela sua saúde mental e de seu filho. Nem todo mundo precisa de ajuda profissional durante ou após um divórcio, mas caso você perceba muita dificuldade na elaboração dessa nova realidade em você, no seu filho ou na relação entre vocês, procure ajuda de um psicólogo ou orientador profissional para seguirem o melhor caminho.

Apesar de ser uma sobrecarga muito grande, a criança precisa de seus pais nesse momento para ter um direcionamento para elaborar e amadurecer a nova percepção de família.

O respeito é parte fundamental desse processo, entre todos os envolvidos.


Dra. Giulia Paspaltzis
Psicóloga Infanto-Juvenil, fascinada pelo mundo da infância e da parentalidade, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamento na Infância e Adolescência. Ajudo pais e filhos a construírem um relacionamento mais saudável e respeitoso.

psigiuliapaspaltzis@gmail.com
@giuliap.psi
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