Fisioterapia Pélvica Funcional ajuda crianças na conscientização do sistema urinário
O ato de “fazer xixi na cama” é considerado normal nos primeiros anos de vida, principalmente quando se abandona as fraldas e a criança começa a ganhar consciência do seu sistema urinário. Porém, quando a idade avança, considerando os 5 anos nas meninas e os 6 anos nos meninos, a perda involuntária de urina durante o sono caracteriza-se Enurese noturna. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 15% das crianças nessa idade apresentam o problema. As principais causas estão associadas a fatores genéticos, psicológicos, atraso no desenvolvimento do mecanismo fisiológico responsável pela micção, redução da capacidade funcional da bexiga, anormalidades na produção noturna do hormônio antidiurético ou no trato urinário e dificuldades para despertar e ir ao banheiro.
De acordo com a fisioterapeuta Thalita Freitas, da clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional, os pais que identificarem o problema devem encaminhar a criança para uma avaliação médica e tratar o problema com naturalidade, exercícios de conscientização e fortalecimento dos músculos do trato urinário. “A Enurese noturna primária é a perda involuntária de urina durante a noite por crianças com idade suficiente para ter controle da bexiga, mas nunca tiveram. A secundária caracteriza-se quando a incontinência ocorre após, pelo menos, seis meses de continência. O tratamento fisioterapêutico deve conter condutas individualizadas, que serão traçadas após uma avaliação completa, incluindo o estudo dos hábitos urinários e intestinais, padrões alimentares e de ingesta hídrica, além de testes físicos (não invasivos) para determinar a coordenação muscular, força e capacidade de relaxamento”, explica.
Nos pacientes diagnosticados com causas fisiológicas, uma série de métodos podem desenvolver o progresso, que cria a conscientização do esfíncter vesical e a capacidade de retenção e controle da uretra. “As opções de tratamento incluem terapias comportamentais através de alarmes noturnos e medicamentos. Quando não há sucesso através desses métodos, uma abordagem diferente, como a fisioterapia, pode ser apropriada para criar a consciência dos músculos e o próprio controle da uretra”, ressalta.
A fisioterapeuta ainda lista algumas dicas importantes para ajudar a criança no processo:
– Crie uma rotina com a criança para ir ao banheiro, mesmo que ela não sinta vontade de urinar. Isso ajuda no desenvolvimento dos sensores miccionais.
– Reduza o consumo de líquidos durante à noite.
– Leve a criança para urinar antes de dormir.
– Faça um calendário marcando os dias em que ocorreu o xixi durante o sono e quando não. Elogie as “noites secas” e acompanhe o desenvolvimento da criança.
– Evite brigar ou castigar a criança quando acontecer a micção noturna. Ao invés disso, estimule a vencer o problema.
Fonte: Thalita Freitas: Fisioterapeuta especialista na Saúde da Mulher da clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional, atuante na área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e obstetrícia. Supervisora do curso de Pós-graduação em Fisioterapia na Saúde da Mulher HC-FMUSP (2015) e Coordenadora do curso de Pós-graduação em fisioterapia, no módulo de Uroginecologia, na Faculdade de Medicina da USP (2014) – www.athalifisioterapia.com