De acordo com Dr. Paulo Porto de Melo (CRM 94.048), médico neurocirurgião formado pela Unifesp, as mulheres com epilepsia apresentam maiores riscos de complicações em gravidez, trabalho de parto e complicações para o concepto do que a população em geral. Porém, mais de 90% delas têm uma gestação normal e filhos saudáveis.
“Na mulher epiléptica a gravidez deve ser cuidadosamente planeada e vigiada a fim de minimizar os riscos maternos e fetais. Tomar ácido fólico três meses antes e três meses depois de engravidar e conversar com o médico para tomar medicamentos que controlem a doença são alguns dos cuidados necessários. Com adequado plano e manejo terapêutico, o risco de complicação fica bem reduzido”, garante o médico que é colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis (Missouri- EUA), introdutor e pioneiro da neurocirurgia robótica no Brasil.
Apesar do baixo risco, existe preocupação a de complicações gestacionais para a mãe, como o aumento de crises, e problemas de saúde no bebê, decorrentes do uso materno de medicamentos contra as crises epilépticas. Segundo Melo, há uma piora das crises em cerca de 1/3 das gestantes, causada pela interrupção ou troca de medicamento e a queda dos níveis da medicação em algumas fases da gestação. E a presença de crises fortes pode causar descolamento da placenta e sangramentos.
“O mais recomendável, além de programar a gravidez após controle adequado das crises, é manter a medicação de controle e ficar de olho na otimização da dose, caso seja necessário. Jamais interrompa a medicação ao saber que está grávida. O risco ao bebê será maior com a descompensação das crises do que com o uso do remédio, seja qual for”, alerta o neurocirurgião.
Já para o bebê, o risco maior é de malformação fetal, já que o uso de antiepilépticos está associado em diversos estudos a um pequeno aumento do risco de defeitos no lábio e coluna, além de problemas cardíacos. Nesse caso, além do uso do ácido fólico, é importante jamais suspender a medicação e sempre preferir, na medida do possível, medicamentos únicos e em menor dose capaz de controlar as crises. “O efeito nocivo de alguns tipos de crises epiléticas pode ser mais grave do que o dos próprios medicamentos. Por isso é preferível o pequeno risco do uso destes medicamentos na gravidez, do que o alto risco em consequência de crises não controladas na mãe”, diz o médico.
Quais cuidados deverei ter com o bebê?
Caso, mesmo após o parto, você esteja apresentando uma frequência elevada de crises, é aconselhável que os cuidados com o bebê sejam redobrados. Algumas recomendações podem ser úteis:
1. Amamentação
Todas as mulheres deverão amamentar seus filhos, inclusive aquelas com epilepsia. No entanto devem tomar alguns cuidados como: amamentar seu filho acomodada num colchão forrado com cobertores, colchas ou almofadas. Isso poderá evitar que a criança se machuque caso caia do colo da mãe se esta apresentar uma crise. “A falta de sono e o cansaço podem aumentar as crises, por isso recomenda-se que se faça uso de mamadeira intercalada com o peito”, sugere o médico.
Após a amamentação, observe se seu bebê apresenta sonolência excessiva ou agitação, porque o medicamento antiepiléptico pode estar interferindo no seu comportamento através do leite. No caso de ocorrência de qualquer alteração, não deixe de conversar com seu médico.
2. Transporte do bebê
A mãe deve evitar o uso de suporte corporal (baby-bag). O transporte da criança deve ser feita sempre no carrinho.
3. Banho
É mais seguro deixar a banheira do bebê no chão e com pouca água. Dar preferência ao uso do chuveirinho.
4. Troca de roupas
É aconselhável trocar as fraldas e outras peças de roupa do bebê preferencialmente em locais baixos ou no chão, para que ele não se machuque no caso da mãe ter uma crise.
Fonte – Dr. Paulo Porto de Melo (CRM 94.048), médico neurocirurgião formado pela UNIFESP e Colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis (Missouri- EUA), introdutor e pioneiro da neurocirurgia robótica no Brasil.