Durante a gestação, é muito comum que os pais sonhem com o futuro da criança, imaginando como será a personalidade, os gostos, se irá puxar o pai ou a mãe e até mesmo qual será a profissão na fase adulta. Essa projeção tende a aumentar no decorrer da vida da criança: os pais ficam ansiosos para os primeiros passos, primeiras palavras, primeiro dia de aula etc., e sentem-se frustrados quando as coisas não saem exatamente da forma que sonharam.
A expectativa parental de quem a criança se tornará no futuro pertence apenas aos pais. Esses pensamentos nascem do sentimento puro e verdadeiro de querer o melhor para os filhos e têm a intenção de motivar e incentivar o sucesso dos filhos. Porém, por mais difícil que seja aceitar, os filhos não são uma extensão dos pais – eles têm seus próprios pensamentos, gostos, objetivos, valores e visões de mundo.
Toda essa expectativa dos pais pode criar uma cobrança nas costas da criança, mesmo que sem ter essa intenção ou consciência dos atos.
Apesar disso, é impossível não sonhar ou criar expectativas sobre os filhos. Então como lidar com elas sem causar prejuízos para a criança e para a dinâmica familiar?
- Entenda que seu filho tem um CPF próprio: junto desse número, também vem uma identidade própria e diferente de você. Busque amar e respeitar essas diferenças – não é justo que você ame apenas as partes que você julga serem “boas” do seu filho.
- Expectativas não são sempre ruins: exigências altas e rígidas podem causar estresse e ansiedade em toda a família. Mas quando as regras e combinados são colocados de forma clara, realista e incentivadora, pode ser um grande auxílio para o desenvolvimento de habilidades e maturidade dos filhos.
- Pergunte ao seu filho: você sabe o que você quer para o seu filho. Mas você sabe o que ele quer ou é capaz? É claro não podemos fazer apenas o que queremos, mas a receita certa para frustração é feita de: pais que querem que seu filho seja médico ou engenheiro e tire 10 em matemática, enquanto ele quer ser artista e prefere a aula de história.
- Encontre o equilíbrio: Seja flexível e se pergunte: “por que não?”. O que tem de tão ruim no que meu filho deseja para ele? Ele pode aprender algo com isso? Permita que a criança expresse seus próprios desejos e dê autonomia para que ela lide com as consequências, caso tudo dê errado. Deixe os ”nãos” para quando eles realmente forem necessários.
- O esforço importa mais do que o resultado: a cama não precisa estar arrumada perfeitamente, nem a roupa dobrada milimetricamente ou o boletim recheado de notas
10. A criança tem que dar o melhor de si, e o melhor vai evoluindo com a experiência: ela precisa realmente tentar arrumar a cama, dobrar as roupas e estudar. O resultado vem com o tempo.
- Valorize as potencialidades: com certeza existe algo que seu filho faz melhor do que você, afinal existem inúmeras habilidades. Reconheça e incentive esses talentos, mesmo que não correspondam às suas expectativas.
- Orientação parental e/ou psicoterapia: existem profissionais que podem ajudar nesse momento: o orientador parental irá auxiliar no alinhamento de expectativas e na busca de metas realistas e atingíveis, que sejam benéficas tanto para os pais quanto para os filhos. Já o psicólogo auxiliará a lidar com as frustrações e a entender e/ou flexibilizar valores e crenças relacionadas à criação de filhos e família.
É saudável, e essencial para o desenvolvimento, que os filhos criem suas próprias metas e objetivos: utilize reuniões familiares para criá-las ou entendê-las, e para alinhar expectativas. Procure ser um parceiro, apoio e local seguro para seu filho neste momento. Com amor, Giu