Dra. Angelina M. F. Gonçalves
“Doutora, meu filho tem fimose?”
Esta é uma pergunta frequente em um consultório de pediatria que preocupa muitas mães. Mas afinal de contas, o que é fimose?
Pode ser definida como uma dificuldade de exposição da glande, que é a “cabeça” do pênis, uma vez que o prepúcio ou a pele que o reveste apresenta um anel estreito ou se encontra aderido a ela. Cerca de 90% dos meninos nascem com fimose. Aos 6 meses somente 20% conseguem expor a glande e aos 3 anos, 90%. Trata-se de um evento congênito ou fisiológico na grande maioria dos casos.
A fimose patológica (cerca de 0,4/1000 meninos/ano), que se caracteriza por prepúcio não retrátil pode estar associada a processos inflamatórios (postites) que geram cicatrizes e pioram o estreitamento. Microtraumatismos decorrentes do uso frequente e inadequado de “massagens”, na tentativa forçada de descolar a pele, são ainda uma causa importante.
A presença da fimose impede uma boa higiene peniana, fazendo com que a criança tenha maior predisposição a infecções do trato urinário e futuramente maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis, câncer de pênis e câncer de colo de útero em suas parceiras.
Com relação à terapêutica, a tendência é evitar qualquer tratamento abaixo de 1 ano de idade. Crianças menores de 5 anos que apresentem fimose patológica, devem ser tratadas clinicamente por meio de uso de corticóides tópicos na forma de cremes. Cirurgia só é reservada para casos graves ou refratários.
A associação de terapêutica tópica a manobras de estiramento prepucial não traumático durante 4 a 6 semanas mostra uma eficácia de aproximadamente 95%. Se necessário, em casos de recidiva um novo ciclo pode ser realizado. Existem várias apresentações disponíveis no mercado, algumas compostas só por corticóides, outras em que há associação com enzimas. De maneira geral o efeito é similar e decorrente da ação anti-inflamatória. A posologia depende da composição. Não há relatos de efeitos colaterais sistêmicos.
Portanto, se seu filho tem fimose, não se preocupe. Caso não haja a remissão fisiológica, provavelmente o tratamento tópico será suficiente, caso não terá a necessidade de um procedimento cirúrgico.