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Gastroenterites e desidratação

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Verão é época de gastroenterites, as famosas viroses. Agora, além dos vírus habituais e algumas bactérias que podem causar esses quadros, temos a preocupação do COVID, que pode ter como manifestação também, as alterações gastrointestinais. Os principais sintomas das gastroenterites são a diarreia e vômito, e se esses forem muito intensos e não for feita a reposição adequada a criança pode acabar evoluindo para desidratação. Isso ocorre porque a perda, não apenas de água, mas também de minerais e eletrólitos, como sódio, potássio, entre outros, é maior que a reposição. 

A desidratação pode ser reconhecida na criança por sintomas como boca seca, com pouca ou nenhuma saliva, olhos fundos, secos e sem lágrimas, diminuição da urina e sensação de muita sede. Em graus mais acentuados a criança pode ficar bem desanimada ou mesmo sonolenta.  

Independente da causa, de qual agente infeccioso esteja causando esse quadro, é importantíssimo o tratamento com a hidratação da criança. Sempre esse deve ser inicialmente tentado por via oral. A melhor escolha sempre é a solução de reidratação oral, que tem tudo balanceado e nas concentrações adequadas para o tratamento da criança. Além dela, outros líquidos podem ser ofertados a criança e se essa está em aleitamento materno, esse deve ser estimulado pois colabora muito para melhora da criança. 

Ofertar a solução de reidratação oral é sempre preferível a somente água. Pode também tomar água e é muito bom que receba, mas a solução de reidratação tem além da água, os eletrólitos e algumas marcas até alguns minerais (como o zinco) necessários para o tratamento da criança. Refrigerantes, sucos industrializados, bebidas energéticas devem SEMPRE evitadas para a reidratação, mesmo para adolescentes e adultos.

A reidratação oral tem de ser iniciada imediatamente após a identificação do quadro de gastroenterite. Se a criança não estiver com vômitos, a quantidade não precisa ser muito limitada, podendo ser oferecida após cada evacuação líquida ou até de hora em hora. Habitualmente ofertamos cerca de 50 a 100ml da solução para crianças até 1 ano, de 100 e 200ml para crianças de 1 a 10 anos e 400ml ou quanto desejar para pacientes maiores de 10 anos. 

Quando a criança estiver vomitando, deve-se evite dar grandes volumes de líquido por administração. Nesses casos o ideal é ofertar volumes pequenos e com maior frequência. Caso a criança recuse a reidratação ou persista vomitando, deve-se procurar assistência médica para avaliação. Evite automedicar seu filho. Caso seja necessário o uso de medicação, o ideal é que seja orientado pelo pediatra. 

Outras situações, além da desidratação, que a criança precisa ser levada para avaliação do pediatra em consultório ou no pronto-socorro são quando apresentar: 

* fezes com sangue ou pus

* vômitos persistentes

* febre persistente

* dor abdominal persistente

* sonolência excessiva ou queda importante do estado geral

* se tiver menos de 6 meses de idade

Sobre a alimentação nesses quadros, uma dúvida muito frequente é se essa deve ser suspensa em casos de gastroenterites. A resposta é não!!! O resultado da suspensão da alimentação no caso de diarreia aguda por gastroenterite é sempre ruim, isso porque a alimentação é um fator importante na recuperação, e para serve para evitar um prejuízo nutricional ainda pior. Manter a alimentação é um dos pilares do tratamento e orientação. A hidratação deve ser sempre ofertada como já conversamos em posts anteriores, e a alimentação habitual ofertada na mesma periodicidade e rotina. Caso a criança esteja inapetente, uma opção é dividir a oferta em menores quantidades com mais frequência. 

Nunca suspender o aleitamento materno!!!! Ele é importantíssimo na recuperação!!!!

A suspensão do consumo de leite (leite de vaca ou fórmulas) também é contraindicado nas diarreias agudas. Quando essa se torna mais prolongada o pediatra sempre deve ser consultado e algum ajuste no leite ofertado pode ser necessário. 

Evite sempre alimentos com açúcar, gorduras, condimentados, refrigerantes, sucos artificiais entre outros que possam trazer piora do quadro. Prefira sempre alimentos que tenham efeito mais obstipante. Algumas sugestões são:

  • Frutas como banana maçã, banana prata, goiaba, jabuticaba (sem casca), melão, pera, caju, maçã (sem casca), suco de limão (sem açúcar)
  • Cereais e farinhas como arroz, amido de milho, farinha de mandioca
  • Batata, chuchu, cenoura cozida, beterraba cozida
  • Frango e carnes brancas 

Em caso de dúvida, procure sempre a orientação do seu pediatra.

Dra. Daniela Vinhas Bertolini

Pediatra e Infectopediatra. Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Infectopediatra do Programa Estadual e Municipal de IST/Aids de São Paulo

@cuidarpediatria

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