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Gravidez na adolescência

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Beautiful hispanic woman expecting a baby, touching pregnant belly pointing down looking sad and upset, indicating direction with fingers, unhappy and depressed.

A gravidez na adolescência é uma situação bastante delicada e muito mais comum do que as pessoas pensam. O Brasil tem um número muito expressivo de gestações na adolescência, não havendo estimativas de dados sobre a paternidade na mesma fase da vida. No nosso país as estatísticas do SUS de 2023 mostram que por dia, 1.043 adolescentes se tornam mãe no Brasil, com 44 nascimentos/hora de bebês filhos de mães adolescentes, duas delas tendo idade entre 10 e 14 anos. Dados bastante assustadores que nos levam a muitas reflexões.

A primeira semana do mês de fevereiro foi intitulada como a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída em 2019 tendo como objetivo a disseminação de informações sobre medidas preventivas e educativas que diminuam a ocorrência de gestações na adolescência.

Abrir espaço para tratar do assunto na família e em conversas com os adolescentes (de ambos os sexos) é uma ação preventiva. Conversar sobre sexualidade não estimula que o adolescente tenha relações sexuais, como muitos pais temem. O exercício da sexualidade por eles pode acontecer ou não independente dessas conversas. A diferença é que abrindo-se espaço para esse diálogo, esse exercício da sexualidade acaba sendo muito mais seguro, com menor possibilidade de gestações, situações de vulnerabilidade, violência e ocorrência de infecções sexualmente transmissíveis, possibilitando ao adolescente tomar decisões mais responsáveis sobre sua saúde sexual e reprodutiva. Conhecer o próprio corpo, plantar valores como respeito ao seu próprio corpo e ao corpo de outros é extremamente saudável.

Garantir a possibilidade das meninas irem a uma consulta ginecológica de rotina é outro importante caminho de prevenção. Nela poderão ser discutidos e ofertados métodos contraceptivos, ressaltando-se que os adolescentes têm direito ao acesso aos métodos.

O espaço de diálogo deve também ser promovido quando a adolescente está grávida, possibilitando uma gestação mais saudável, com uma rede de apoio, cuidado e proteção para ela e seu bebê, garantindo assistência não apenas a sua saúde física, mas também a aspectos psicossociais.

Quando vemos uma adolescente grávida, uma pergunta sempre vem em mente. Por que ela engravidou??? Várias são as razões para que tenhamos uma adolescente grávida ou a paternidade em um adolescente. Listamos abaixo algumas delas, mas várias outras são possíveis.

* desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos

* questões emocionais

* questões psicossociais

* contextos sociais, como falta de acesso a métodos contraceptivos ou assistência de saúde

* causas relacionadas ao desenvolvimento psíquico dos adolescentes como um pensamento mágico e inconsciente de estar grávida ou ser pai é ser sinônimo de que é amada/o ou ter de fato conquistado a outra pessoa

* questões relacionadas ao romance e mesmo a violência (situações opostas, mas que podem acabar da mesma forma)

* projeto de vida – alguns adolescentes têm SIM esse projeto de vida

É importante ressaltar, que a gestação na adolescência funciona como um importante fator de risco para complicações tanto maternas, como fetais e neonatais, além de ser fonte de possíveis problemas socioeconômicos, inclusive com altas taxas de abandono de escola e de futuras oportunidades de estudo e desenvolvimento profissional.

TODO adolescente, de ambos os sexos, deve ter além de espaço na família para o diálogo sobre sexualidade, possibilidade de assistência de serviço de saúde para orientação e tratamento caso seja necessário, com oferta inclusive de métodos contraceptivos.

Pais de adolescentes, abram esse espaço para o diálogo!!! Será uma rica experiência para seu filho/a ter você ao lado. Ter apoio da família durante a adolescência é tão importante quanto o apoio que as crianças recebem durante os primeiros anos de vida.

Estejam próximos dos seus filhos sempre!!! E tenha o pediatra como um amigo e apoio para essa fase.

Dra. Daniela Vinhas Bertolini
Pediatra e Infectopediatra. Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Infectopediatra do Programa Estadual e Municipal de IST/Aids de São Paul.
@dradanielabertolini
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