Nosso corpo vai mudando com a idade, e as glândulas do suor também. Na adolescência temos um aumento da produção de hormônios que atinge diretamente essas glândulas e causa uma modificação no suor, tanto no odor como na quantidade. Mas como saber se isso é normal ou não?
A sudorese é uma condição normal do nosso corpo e ajuda a manter a temperatura. É normal suar quando se está calor, durante a prática de atividades físicas ou em certas situações específicas, como momentos de raiva, nervosismo ou medo. Porém, a sudorese excessiva ocorre mesmo sem a presença de qualquer desses fatores. Isso porque as glândulas sudoríparas dos pacientes são hiperfuncionantes.
Essa sudorese anormal, transpirando até mesmo em repouso, se chama hiperhidrose. Ela tem diversas causas, como fatores emocionais, hereditários ou doenças. Diferentes regiões do corpo podem ser acometidas: axilas, palmas das mãos, rosto, cabeça, plantas dos pés e virilha. Quando é extrema pode se tornar embaraçosa, desconfortável, incapacitante, indutora de ansiedade, levando a prejuízos funcionas e sociais.
A hiperidrose pode ser primária, também chamada de essencial, ou secundária, quando aparece em decorrência de outras doenças ou medicações, entre elas hipertireoidismo, diabetes, obesidade e alterações hormonais. A primária normalmente aparece na infância ou adolescência, geralmente em mãos, pés, axilas, cabeça ou rosto. Em geral existem outras pessoas na mesma família com o mesmo problema.
Parece acometer mais as mulheres (60%) do que os homens (40%). Esses números, porém, são questionáveis, uma vez que elas costumam procurar atendimento com mais frequência do que os homens.
Existem dois testes para observarmos as áreas de sudorese excessiva. O teste do amidoiodo, que combinado com suor deixa uma cor azul escura. E o teste do papel, onde o mesmo é pesado antes de se colocar na pele do paciente e após colocar, podendo assim aferir a quantidade.
Em relação ao tratamento podemos usar algumas opções:
- Antitranspirantes: fortes e potentes para controlar os sintomas.
- Iontofores: procedimento que usa eletricidade para “desligar” temporariamente a glândula do suor e é mais eficaz para a transpiração das mãos e dos pés. Requer várias sessões e os efeitos colaterais, embora raros, incluem bolhas e rachaduras da pele.
- Toxina botulínica: toxina botulínica pode ser injetada na axila, nas mãos ou nos pés para bloquear temporariamente a sudorese, sendo seu principal inconveniente a dor na aplicação.
- Simpatectomia torácica endoscópica: Quando não respondem aos tratamentos clínicos, são considerados casos graves e pode-se recomendar um procedimento cirúrgico executado por cirurgião tóraxico ou vascular. Este procedimento desliga o sinal que avisa ao corpo para suar excessivamente. Sua melhor indicação é para os casos nos quais as palmas das mãos ou plantas dos pés são acometidas. A principal complicação é começar a suar em outras áreas do corpo, o que chamamos de hiperidrose compensatória.
- Curetagem/Lipoaspiração das glândulas de suor: procedimento que pode ser realizado na região axilar, em que, cirurgicamente, se retiram as glândulas de suor. Trata-se de procedimento invasivo, que deve ser muito bem discutido entre paciente e médico.
- Medicações como anticolinérgicos (por ex: oxibutinina e glicopirrolato): são medicações que foram criadas para tratar outras doenças, mas que têm como “efeito colateral” reduzir o suor. Estudos têm demonstrado resposta bastante positiva para hiperidrose em diferentes locais, e por longo prazo. Têm como principal efeito colateral a boca seca, e seu uso não é recomendado em gestantes, bem como não é recomendado em pacientes com alguns problemas oculares, intestinais ou urológicos.
Não existe uma prevenção efetiva, mas parece que manter-se dentro do peso ideal tem efeito benéfico. Fico disponível para eventuais dúvidas.