A intolerância à lactose é caracterizada pela deficiência na quantidade de enzima lactase produzida pelo intestino. A lactase faz a digestão (quebra) da lactose, que é o açúcar do leite. Essa deficiência se manifesta clinicamente com distensão abdominal, cólica, dor abdominal, diarreia e até vômitos, que podem ocorrer minutos ou horas após a ingestão do leite de vaca e/ ou derivados de leite.
Essa é uma situação extremamente rara em bebês e quando ocorre (galactosemia), requer um tratamento dietético urgente, inclusive com a retirada (suspensão) do leite materno, que é rico em lactose.
Não podemos confundir intolerância à lactose com alergia a proteína do leite de vaca, sendo essa muito frequente em bebês.
A intolerância à lactose pode ocorrer de modo transitório em bebês, crianças e adultos após um quadro de diarreia. Nesta situação, uma dieta sem lactose por um período de cerca de quinze dias é suficiente para que a mucosa intestinal se regenere e a pessoa possa voltar a ingerir alimentos com lactose.
Com exceção a esses quadros de intolerância após diarreia aguda, o diagnóstico de intolerância à lactose tem caráter definitivo.
Adultos e crianças ao longo da vida, além de descendentes de raça oriental podem desenvolver intolerância à lactose com o passar dos anos, por uma questão adaptativa do intestino que começa a produzir a enzima lactase em quantidades menores, surgindo sintomas quando a pessoa toma leite ou consome alimentos onde o leite esteja “mais vivo”, como é o caso de sorvetes, leite condensado, iogurtes, queijos, bolos com cobertura e recheio etc. Já no caso de alimentos com leite, porém assados (como bolos, bolachas), a lactose ali presente não vai causar sintomas.
A intolerância à lactose é uma questão quantitativa. O seu organismo vai tolerar uma quantidade de lactose, mas ultrapassando esse limite, a lactose não será quebrada e devidamente absorvida, sofrendo a ação das bactérias que vivem no nosso intestino e ocorrendo a fermentação, que determina os sintomas.
Para resolver esse “déficit”, existem medicamentos que nada mais são do que enzima lactase. Porém, mesmo com o uso da enzima, se a ingestão do leite de vaca se der em grande quantidade, mesmo com a enzima artificial, poderão surgir sintomas.
Todos os leites de origem animal (leite materno, leite de vaca, leite de cabra) contém lactose. A maioria das fórmulas infantis são à base da proteína do leite de vaca, mas com modificações nutricionais que retiram nutrientes em excesso, e por outro lado acrescentam outros, como ferro, DHA e ARA (que não estão presentes no leite de vaca).
No mercado, existem opções de leite de origem animal, com baixo teor de lactose ou zero lactose.
Outra opção para os pacientes com intolerância à lactose são os leites à base de proteína vegetal.
Para as crianças até cinco anos de idade, as fórmulas à base de proteína de soja (que são diferentes de sucos de soja ou leite de soja de caixinha), fórmulas infantis sem lactose (até 3 anos) ou compostos lácteos sem lactose, são as mais indicadas, por possuírem na composição os nutrientes recomendados pelo Codex Alimentarius e pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Vale dizer que não há evidência científica que fórmulas à base de soja causem alterações hormonais.
Para crianças maiores de 5 anos e adolescentes, assim como para o público vegano há várias opções prontas no supermercado, que variam em termos de marca e tipo (do que exatamente é feito o leite). Também é possível fazer essas preparações em casa. As possibilidades são muitas e dentre elas temos: leite de amêndoas, leite de castanhas, leite de aveia, leite de coco, leite de arroz entre outros. Eles podem ser utilizados por crianças maiores de 5 anos e adolescentes.
Para crianças com seletividade alimentar, a fim de evitar déficits pôndero-estaturais e carências nutricionais, recomendo o seguimento com uma nutricionista para uma avaliação, aconselhamento e a instituição de um programa alimentar mais adequado, pois os leites de origem vegetal (com exceção de fórmula de proteína de soja) vão conter uma menor quantidade de alguns nutrientes, principalmente a de proteína.
Intolerância à lactose:
*Até 3 anos
Fórmula infantil à base de proteína do leite de vaca sem lactose Fórmula infantil à base de proteína isolada de soja
*3 a 5 anos
Composto lácteo à base de proteína do leite de vaca sem lactose Bebida à base de soja
*Maiores de 5 anos
Leite de vaca com baixo teor de lactose Leite de vaca zero lactose
Leite ou bebida de soja
Leite vegetais: amêndoa, arroz, aveia, castanha, amendoim, entre outros.
Fonte: Dra. Cláudia G F Troccoli Menezes, CRM -SP 69769, Pediatra com área de atuação em Gastropediatria e Nutrologia infantil. Atende no Cuidar Consultório. (www.cuidarpediatria.com.br)