As diretrizes atualizadas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre introdução alimentar, reafirmam a importância de uma abordagem cuidadosa, baseada em evidências, para a alimentação de lactentes e crianças pequenas. Essas orientações têm como objetivo promover o crescimento e desenvolvimento adequados, prevenir deficiências nutricionais e reduzir o risco de doenças crônicas a longo prazo.
De acordo com a OMS, a introdução alimentar deve ocorrer por volta dos 6 meses de idade, quando o leite materno isoladamente já não é suficiente para atender às demandas nutricionais do bebê. No entanto, o aleitamento materno deve ser mantido como principal fonte de nutrição até os 12 meses e, de forma complementar, até os 2 anos ou mais. A introdução de alimentos complementares deve ser gradual, oferecendo uma variedade de alimentos ricos em nutrientes, adequados à idade, seguros e preparados de maneira higiênica.
Entre as recomendações destacadas pela diretriz, publicada em 2023, estão:
- Textura e Consistência: Alimentos devem ser inicialmente pastosos ou em forma de purê, progredindo para alimentos mais sólidos conforme a criança demonstra capacidade de mastigar.
- Frequência e Quantidade: A frequência e quantidade devem aumentar com o tempo, de acordo com a necessidade energética da criança, evitando superalimentação ou introdução precoce de alimentos com baixa densidade nutricional.
- Variedade Alimentar: A oferta de alimentos variados, incluindo frutas, vegetais, cereais integrais, proteínas animais ou vegetais e gorduras saudáveis, é essencial para garantir uma ingestão nutricional balanceada.
- Evitar Alimentos Ultraprocessados: A introdução de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras não saudáveis e sódio, deve ser evitada devido aos riscos de obesidade infantil e deficiências nutricionais.
- Evitar Sal e Açúcar Adicionados: A adição de sal e açúcar aos alimentos de bebês deve ser evitada, pois pode impactar negativamente a saúde metabólica e o desenvolvimento do paladar.
Além disso, as diretrizes alertam sobre o cuidado com alimentos que apresentam risco de asfixia, como nozes inteiras e pedaços grandes de frutas duras. O papel dos cuidadores na criação de um ambiente alimentar positivo e responsivo também é enfatizado, incentivando interações que promovam a autonomia da criança.
Outro ponto de destaque é a relação entre as escolhas familiares e a indústria alimentícia. Dentre esses pontos, podemos citar:
- A preocupação com o marketing abusivo de produtos que competem com a amamentação e influenciam nas escolhas das famílias;
- O alerta quanto ao uso excessivo e desnecessários de fórmulas infantis, compostos lácteos e “leites de crescimento”. Produtos que não apresentam vantagens nutricionais, têm maior custo, podem interferir de forma negativa na diversidade e formação do hábito alimentar da criança.
E finalmente, o documento reforça a importância de programas de saúde pública que orientem pais e cuidadores sobre a introdução alimentar, especialmente em populações vulneráveis, onde há maior risco de desnutrição ou práticas inadequadas de alimentação.
A introdução alimentar adequada, conforme preconizado pela OMS, tem o potencial de influenciar positivamente a saúde ao longo da vida, reduzindo a prevalência de doenças crônicas e promovendo hábitos alimentares saudáveis desde a infância. Se quiser saber mais, acesse: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/373358/9789240081864-eng.pdf?sequence=1