Hoje vamos falar sobre os marcos das aquisições dos sons, afinal isto é algo bem importante! O que é isto? Além de sabermos o que esperar de cada criança sobre a fala, precisamos entender que existe uma idade limite para que a criança adquira os sons da fala.
Uma criança finaliza a aquisição dos sons (para o Português-Brasileiro) por volta dos 5 anos.
O primeiro ano de vida é repleto de inúmeras conquistas no desenvolvimento da criança, tais como: sentar, engatinhar e andar e é nesta fase também, que esperamos ansiosos pelo surgimento das primeiras palavras, que ocorre graças ao desenvolvimento da linguagem adequado.
A linguagem é a habilidade de compreender e criar conceitos mentais de tudo o que é aprendido, graças às suas experiências prévias. Isto significa que a criança aprende através das experiencias que vivencia que devem ser ricas e interessantes. Existem sons mais simples, mais fáceis e outros mais complexos e por isso, são aprendidos mais tardiamente.
Com 1 ano, a criança começa a falar as primeiras palavras com significado, como “mamãe” e “papai” e não por acaso, pois estas palavras têm uma grande importância de significado na vida do bebê, por terem sido frequentemente apresentadas a ele e também pelo falo de ambas serem formadas por consoantes cujos sons são de fácil produção.
A partir dos 18 meses novas palavras são aprendidas com muito mais facilidade e rapidamente! Nesta idade tudo que a criança ouve tenta repetir. Claro que não sem trocas, afinal nesta idade os sons que esperamos que tenha adquirido são o B e M. Sua compreensão evolui tanto quanto a fala e ela já consegue manter pequenos diálogos. É esperado que a criança fale as palavras erradas, pois ela ainda não aprendeu todos os sons das consoantes. Assim, neste período devemos nos atentar ao número de palavras que ela sabe, não tanto ao como ela fala. À medida em que ela vai crescendo e adquirindo maior habilidade dos movimentos da boca, estes erros vão reduzindo e a fala ficando cada vez mais fácil de ser compreendida.
Entre 2 e 3 anos, a criança aprende cerca de 200 a 400 palavras novas, passando a elaborar frases com 3 a 4 palavras, como “qué passia mamae” (quer passear mamãe) e a contar pequenas histórias, com a ajuda de um adulto. Entendam que neste momento, a fala se torna cada vez mais clara e a criança já consegue expressar ideias simples. Nesta fase, esperamos que adquira os sons N, P, T, D (até os 2 anos), os sons K, G, N, NH (até 2 anos e 6 meses) e aos 3 anos já deve ter os sons F, V, Z, S
Entre os 3 e 4 anos o vocabulário está ainda maior, com aproximadamente 600 palavras, passando a usar as preposições como “em cima”, “com”, plural e sentimentos em frases longas de 6 palavras, tanto no presente, como também no passado e futuro. Mantém um diálogo sem dificuldades, e as histórias que conta têm mais detalhes. Apesar de ter ainda algumas trocas de letras, sua fala é facilmente compreendida. Com 3 anos e 6 meses já esperamos que tenha adquirido os sons X, J, Ge (geladeira) e com 4 anos já deve ter os sons L, LH, R forte (caRRo), R (poRta), arquifonema S (caStelo).
Aos 5 anos, a criança já consegue contar histórias sem a ajuda do adulto ou de figuras. Usa com facilidade frases maiores, com adequada noção de tempo e condições, ainda apresenta dificuldade na flexão verbal em alguns momentos, mas é facilmente compreendida pois fala praticamente todos os sons de letras. No limite de completar cinco anos, esperamos que a criança tenha adquirido os sons dos encontros consonantais, ou seja, duas consoantes como BR, PL, TR de Brasil, placa e trânsito.
O que não quer dizer que as crianças adquirem sempre na ordem que colocarei aqui. Estamos falando de uma média, pensando que a idade estabelecida é limite para aquele som. Isto quer dizer que até a idade limite, a criança precisa adquirir estes sons
Vamos pensar em um exemplo, que facilita a compreensão. Se eu tenho uma criança com 2 anos e 6 meses, já terá que falar os sons BMPT De N e adquirir os sons K G e NH.
Compreendem? Algumas já conseguem muitos sons antes disto, mas o que quero dizer aqui é o tempo MÁXIMO para aquisição.
Se sua criança está fora deste tempo e principalmente, troca muitos sons, procure ajuda de fono! Quanto antes identificamos estas trocas ou omissões, mais rápido o tratamento e menores as chances de complicações como na alfabetização! Lembrem-se que para o aprendizado da escrita, precisamos ser bons falantes!!!
Dra. Andréa Baldi
Fonoaudióloga – doutora pela PUCSP – especialista em motricidade orofacial
e em reabilitação oral,
especialista em atendimento de bebês
e crianças
@fonoandreabaldi