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Mito ou verdade sobre relação entre coordenação motora grossa e fina?

Tempo de Leitura: 5 minutos
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3 years baby  at playground area

Verdade. As dificuldades com a coordenação motora fina frequentemente levam famílias a buscarem ajuda de vários profissionais na resolução dessa situação. Em especial, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos. Em muitas dessas vezes, as dificuldades em realizar atividades que exigem refinamento dos movimentos de braços e mãos resultam de atrasos e problemas com a coordenação motora grossa.

Vamos começar diferenciando atividades de coordenação motora fina e coordenação motora grossa. Quando falamos de coordenação motora grossa, referimo-nos as habilidades da criança realizar movimentos amplos (conforme a idade), como: andar, subir escadas, correr, pular com dois pés, pular com um pé, arremessar a bola, e assim por diante. Quando falamos de coordenação motora fina, referimo-nos as habilidades relacionadas aos braços, mãos e dedos (membros superiores), por exemplo: alcançar, agarrar, amarrar o cadarço, abotoar, desenhar, escrever, e assim por diante.

Somente após a criança iniciar a fase escolar é que algumas famílias percebem uma maior dificuldade da criança na manipulação de recursos e objetos utilizados na escola ou na creche. Entretanto, nos primeiros dois anos de vida, a presença de atrasos motores e sinais atípicos de movimento geralmente indicam que a criança vai apresentar alterações na coordenação motora grossa, ou seja, vai ter dificuldades nem adquirir e realizar habilidades importantes para a autonomia. Se em movimentos amplos ela se sente desafiada, imagina em movimentos refinados que pedem controle e destreza, será um desafio ainda maior. Problemas com a coordenação motora grossa dificultam a capacidade de realizar tarefas que exigem precisão da mão.

O que influencia essa relação entre coordenação motora grossa e fina? Vou compartilhar cinco fatores, mas existem mais. Consciência corporal, estabilidade postural, coordenação bilateral (dois lados do corpo), processamento tátil, coordenação olho-mão.

A consciência corporal é uma habilidade em que a criança tem boa percepção das partes do seu corpinho; essa habilidade é muito importante e tem relação direta com a fisiologia da criança por conta de receptores de sensações localizados especialmente em músculos e articulações. Em caso de atraso motor, ou hipotonia (baixo tônus), a informação levada ao cérebro pelos receptores é insuficiente para que ela reconheça seu corpo, e dessa forma, insuficiente para realizar as demandas de rotina: correr, pular, arremessar, escalar.

A estabilidade postural é a habilidade da criança se manter em equilíbrio, mesmo que esteja em movimento. O tronco, especialmente a região que chamamos de cintura escapular (região dos ombros), tem grande importância nessa habilidade, pois influencia o alinhamento do corpo em situações desafiadoras (instabilidade e quedas). A estabilidade postural é responsável por manter o tronco da criança seguro para que os membros possam movimentar de forma plena (SERRANO e LUQUE, 2015).

Sobre a coordenação motora bilateral, podemos citar como exemplo crianças que usam um lado do corpo mais que o outro. Até os dois anos de vida, não há predileção; portanto, se um bebê já apresenta preferência em utilizar um dos lados do corpo, ele já tem indicação de fisioterapia. Para crianças acima dessa faixa etária, sugiro avaliação de desenvolvimento e análise postural.

Quanto ao processamento tátil, falamos de um sistema riquíssimo em funções, mas que de forma geral se refere à informação do toque sobre a pele. Entre suas funções, temos a interpretação da informação tátil e a discriminação dessa informação; por exemplo, em caso de aproximação de algo quente, onde essa informação é processada como perigo e funciona como proteção para a criança.

Quanto à coordenação olho-mão, podemos relacionar a capacidade de coordenar movimentos dos olhos à atividade que está sendo realizada. Crianças com dificuldades em coordenação olho-mão geralmente apresentam atrasos de desenvolvimento. Então, como melhorar a coordenação motora? Deixar a criança explorar, acompanhar a autonomia conforme a idade: sentar, ficar em pé, usar as mãos para manipular, se a criança corre, se existem quedas (qual a frequência), se ela participa das aulas de educação física na escola, se gosta de desenhar e escrever. Crianças que apresentam alterações na coordenação motora frequentemente se recusam realizar quase todas as atividades mencionadas. Uma outra forma de acompanhar se as habilidades estão adequadas é: se em caso de bebê, conversar sobre essas dúvidas com o pediatra na consulta mensal; se em idade escolar, conversar com professores sobre o interesse e o desempenho das atividades propostas em ambiente escolar. Se ainda assim não for suficiente, agendar uma avaliação com um fisioterapeuta pediátrico.

Dra. Taciane Melo
Fisioterapeuta neuropediátrica, especializada em desenvolvimento de bebês,
Instrutora de Shantala,
Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz, Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), Membro da La cause Des Bébés, associação francesa transdisciplinar de estudos e pesquisas sobre bebês, unidade Brasil.
Mentora de desenvolvimento infantil, atendimentos
online e presencial.
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