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O despertar de Gael através da música: Como a musicalização ajudou a romper a bolha do autismo

Tempo de Leitura: 4 minutos
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A música entrou na vida de Gael como um portal mágico. Seu segundo hiperfoco se tornou um divisor de águas em seu desenvolvimento. Lembro do seu primeiro dia na musicoterapia, aos 2 anos e 8 meses. Na época, sem diagnóstico fechado de autismo, já percebia alguns atrasos. Como mãe de primeira viagem, tudo era novo, e o neurodesenvolvimento ainda era um mistério para mim.

O primeiro contato com os instrumentos foi transformador. Gael vivia em uma bolha, com crises de ausência, ainda não verbal e distante do mundo. Mas, ao ouvir os primeiros sons na sala de terapia, algo mudou. Pela primeira vez, ele percebeu o ambiente, olhou ao redor e aceitou ficar sozinho sem minha presença.

Para outras crianças, isso poderia parecer um detalhe comum, mas para Gael, que tinha extrema dependência emocional, foi um marco. A música se tornou seu refúgio seguro.

A grande virada veio aos 4 anos, quando iniciou as aulas de instrumentalização infantil na StarKids Music. A metodologia inclusiva respeitou seu ritmo e individualidade, permitindo que ele explorasse seu potencial sem pressões.

Musicoterapia x Instrumentalização Musical

Muitas pessoas confundem essas abordagens, mas são complementares.

• Musicoterapia: Utiliza a música para estimular o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional, sem foco no aprendizado técnico. Estudos mostram que a exposição musical precoce fortalece conexões neurais, ajudando no controle emocional, socialização e redução do estresse sensorial.

• Instrumentalização musical: Ensina a tocar um instrumento, promovendo coordenação motora, função executiva e planejamento. Pesquisas da Harvard Medical School indicam que crianças que aprendem um instrumento apresentam avanços significativos nessas áreas.

Enquanto a musicoterapia regula emoções e estimula a interação, a instrumentalização musical desenvolve habilidades técnicas e cognitivas.

Como a Musicalização Beneficia Crianças Atípicas?

Estudos em neurociência comprovam que a musicalização é eficaz no desenvolvimento de crianças com TEA, AHSD e TDAH. Estimula o córtex pré-frontal, aprimorando função executiva, memória de trabalho e controle inibitório, essenciais para a autorregulação e a aprendizagem. Também ativa o sistema límbico, favorecendo regulação emocional e processamento sensorial. Em crianças com superdotação, potencializa criatividade e plasticidade neural, ampliando aprendizado e resolução de problemas.

A musicalização impacta positivamente diferentes áreas do desenvolvimento infantil:

1. Regulação Emocional – A ativação do sistema límbico auxilia no controle da ansiedade e na expressão de emoções, beneficiando especialmente crianças com TEA.

2. Atenção e Concentração – O estímulo ao córtex pré-frontal melhora o foco e auxilia crianças com TDAH na organização do pensamento e no controle da impulsividade.

3. Coordenação Motora – A prática instrumental fortalece a motricidade fina, essencial para crianças com dificuldades motoras.

4. Socialização e Interação – O aprendizado musical ensina a esperar a vez, seguir instruções e interagir, desenvolvendo habilidades sociais estruturadas.

5. Processamento Sensorial e Cognitivo – A musicalização favorece a integração sensorial e a memória sequencial, promovendo maior autonomia e flexibilidade mental.

O Método StarKids: Música Para Todos

A StarKids Music se destaca por um método inclusivo, atendendo crianças neurotípicas e neurodivergentes. Sua abordagem respeita a individualidade, permitindo que cada aluno siga seu ritmo de aprendizado e se expresse através da música.

No caso de Gael, a instrumentalização foi um divisor de águas. Ele aprendeu a tocar de forma estruturada, sem perder a magia da música. A metodologia da StarKids permitiu que ele encontrasse um novo canal de comunicação e confiança.

Dos 2 anos e 8 meses na musicoterapia aos 4 anos na instrumentalização, acompanhei de perto sua evolução. Em 2023, ele se apresentou pela StarKids Music no Teatro Clara Nunes, tocando teclado – um verdadeiro marco no seu desenvolvimento.

Se tem algo que aprendi com Gael, é que a música não é apenas um aprendizado – é um salto no desenvolvimento.

Quanto mais cedo a musicalização entrar na vida de uma criança atípica, maiores serão os avanços. A música não é apenas um estímulo—é uma ponte para conexões, descobertas e, acima de tudo, um despertar transformador.

Anna Flávia Camargo de Castro
Seja bem-vindo à minha coluna sobre maternidade atípica. Sou mãe de Gael, de 7 anos, autista de suporte 1, com hiperlexia e Altas Habilidades. Minha jornada começou com o diagnóstico de autismo do meu filho, sobrevivente de uma gestação trigemelar. Tornar-me assistente terapêutica e aplicadora ABA foi essencial para ajudá-lo. Nesta coluna, compartilho reflexões, desafios e aprendizados sobre maternidade atípica, usando meu “Método 1:1”, que inclui informações sobre nutrição, tratamentos integrativos, terapias multidisciplinares, manejo em ambientes naturais
e criação positiva.
@annaflaviacamargo_
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