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Obesidade Infantil: como ensinar uma alimentação consciente e sem terrorismo nutricional?

Tempo de Leitura: 5 minutos
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O tema Obesidade Infantil é bem amplo, mas vim aqui fazer um relato de quem “brigou” com a balança boa parte da vida. Não cheguei a ser obesa, mas sim, um sobrepeso significativo e que me incomodava ao extremo, em especial na adolescência (fase mais “cruel” para um indivíduo, ainda mais sendo uma mulher, onde as cobranças com a aparência são “elevadas ao quadrado”!).

Tive bulimia, que não se resume apenas à indução de vômitos, mas também ao uso de laxantes, de forma regular, toda vez em que se consome algo “fora do padrão alimentar” que a pessoa considera saudável. E tudo isso me gerava uma cobrança muito grande, que fazia com que me privasse de comer arroz com feijão, por exemplo, dentre outros alimentos que deveriam sim fazer parte da minha rotina alimentar, nas quantidades adequadas, dentro das minhas necessidades.

E assim foi boa parte da minha vida, até meus 20 e poucos anos, tendo começado aos 11 anos, quando tinha um entendimento maior que estava fora do padrão de beleza de “pernas finas” das minhas colegas da escola. Até que chegou um momento que a “chave virou” e pude perceber que não era bem assim que as coisas deveriam funcionar: não era só uma questão de aparência, mas, acima de tudo, saúde (algo que um adolescente não tem essa percepção, do que é mais importante). Além, é claro, de ter introduzido uma rotina de atividade física regular aos meus 16 anos de idade e não parei mais – com alguns exageros no meio do percurso, mas depois com o entendimento que o corpo precisa de descanso.

E desde quando comecei a fazer atendimentos a crianças e adolescentes, observo que, como tudo na vida, existe aquele famoso “8 ou 80” por parte dos pais: ou são muito permissivos, sem perceber que a criança está realmente em um estado nutricional preocupante, considerando apenas que está “cheinho”; ou privando a criança de ser criança, proibindo todo tipo de doce quando vão a uma festinha ou fazendo limitação dos grupos alimentares por serem veganos, por exemplo, sem buscar a ajuda de um profissional que os oriente.

Fato é que, não existe alimento proibido! (logicamente, respeitando as crenças alimentares de cada indivíduo e sua família). Tudo é uma questão de ajustes nas quantidades e na frequência que alimentos mais calóricos são consumidos. Isso precisa ser conversado com um especialista, no caso, o Nutricionista! Existem questões emocionais, que levam a transtornos alimentares. Essa privação excessiva pode ser um “gatilho” para tais condições, o que fará com que o resultado, em termos de estado nutricional da criança e adolescente, fique fora do padrão realmente saudável.

Ser saudável não está ligado apenas a hábitos alimentares. O indivíduo precisa ser visto como um todo. No caso de crianças e adolescentes, eles podem sim comer eventualmente um hamburger ou um brigadeiro na festinha dos amigos. Mas tudo sob a supervisão e orientação dos pais, instruídos por um Nutricionista, para que não se cometa excessos e comprometa o estado nutricional de seus filhos. Esses momentos com outras crianças ou jovens, é algo saudável. Consumindo o que gosta de comer, compartilhando memórias afetivas!

A relação com a comida não pode ter um caráter punitivo, mas sim de prazer, que é exatamente isso que ela nos proporciona, ao consumirmos algo que agrade ao nosso paladar. Porém, nem sempre iremos comer aquilo que mais gostamos, pois pode ser algo que interfira num acúmulo de adiposidade, que é o mais importante de ser avaliado, do que um peso na balança (músculo pesa mais que gordura!). É que esse acúmulo de adiposidade pode gerar doenças futuras, a exemplo do diabetes, da hipertensão arterial, do colesterol alto, dentre outras doenças. Na verdade, tais condições, tem se manifestado de forma bem precoce nos últimos anos.

Portanto, é preciso ter um olhar mais amoroso sob o aspecto da relação estabelecida com a comida desde a infância. É preciso que se estimule a prática de uma nutrição consciente, sem excessos, mas com prazer no que se consome. Sem terrorismo nutricional! A prática de atividade física regular, reduzindo-se o tempo de tela com eletrônicos, estimulando brincadeiras ao ar livre.

Mas não podemos romantizar o sobrepeso e a obesidade. Dados recentes do Atlas da Obesidade do Mundo 2023 revelam que mais da metade do mundo estará com sobrepeso ou obesidade até 2035! A estimativa é que 41% da população brasileira adulta tenha obesidade até 2035, sendo que, no caso das crianças, o crescimento será mais acelerado: 4,4% a cada 12 meses, até chegar a cerca de 27% dos mais novos.

Se precisar da minha ajuda, já que senti na pele essa cobrança excessiva, é só mandar uma mensagem por e-mail ou pelo meu Instagram que está aqui na coluna.


Nutricionista
Viviana Navarro
Pós-graduada em Terapia Nutricional em Pediatria pela UFRJ e também com especialização em Modulação Intestinal. Atende crianças e adolescentes, com foco em reeducação alimentar, a fim de ajudar o paciente a mudar a relação com a comida, sem “terrorismo nutricional”. Também atua junto ao público adulto que visa melhorar performance e àqueles que buscam o emagrecimento.


@vivinavarro.nutri
vivinavarro.nutri@gmail.com
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