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Pais controladores

Tempo de Leitura: 3 minutos
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Young happy family having fun while coloring on the paper at home.

Observando pais e filhos com quem atuo, e me incluindo nessa seara, pelo simples fato de eu também ser mãe e não estar isenta de viver certas questões, reflito aqui sobre alguns pontos em relação ao excesso de controle que os pais exercem sobre os filhos.

A maternidade e ou paternidade é uma experiência única e todos sabem que inclui momentos fáceis e difíceis, assim como de felicidade e de angústia.

Colocar um filho no mundo é estar atento a muitas questões. E isso não significa algo fácil.

O que percebo é que muitos pais – e principalmente as mães, para se sentirem firmes e fortes nessa função, precisam estabelecer certo controle sobre os filhos, o que, em alguns casos, nem sempre é saudável para o desenvolvimento da autonomia e tampouco para a personalidade deles. Vale ressaltar que estou falando de controle, muito diferente dos limites, que são fundamentais na educação dos filhos.

A palavra controle, segundo o dicionário, significa, poder, domínio sobre alguém ou algo; domínio da própria vontade ou das emoções. E controlar significa, submeter a exame e vigilância; agir com restrição sobre algo ou alguém.

A partir disso, podemos pensar no porquê de alguns pais também terem a necessidade de estabelecer um controle além do necessário sobre os filhos. O que me ocorre é que quando precisamos impor nossa vontade ao outro, agindo com dominação, estamos impedindo que essa pessoa se desenvolva de modo psiquicamente saudável, pois podemos cercear sua criatividade e sua maneira de existir no mundo.

É possível observarmos em alguns bebês essa criatividade e autonomia limitada, em face do supercontrole das mães que, muitas vezes, nem percebem que estão causando um mal ao filho.

Em se tratando de bebês, crianças ou adolescentes, a personalidade individual é facilmente percebida sob o controle materno excessivo, e nesse momento, entra em ação a força de cada um. Por esse motivo é que muitas vezes apostamos muito mais nos bebês, nas crianças ou nos adolescentes que movimentam o ambiente (de maneira saudável, claro, sem que seja sintoma), pois essa atitude denota força e capacidade de lutar contra uma invasão ou aqueles que se adaptam, denotando desistência. Contudo, tais movimentações necessitam de olhar cuidadoso, pois podemos já estar falando de sintomas já instalados, causadores de alguma síndrome, podendo gerar até conflitos familiares.

Os pais precisam estar atentos às necessidades dos filhos e com isso apenas caminhar com eles, pois sozinhos são capazes de evoluir e desenvolver sua criatividade a partir deles próprios. E isso não quer dizer que devam ser ausentes ou negligentes, pois caminhar lado a lado não é sinônimo de “caminhar por” ou “abrir mão de”.

Entrar em contato com as próprias questões pode ser uma forma de perceber a relação que está estabelecendo com o filho, assim como o lugar que ele representa em sua vida, razão pela qual um processo terapêutico pode ser muito rico e elucidativo nesse momento. Muitas vezes os filhos fazem os sintomas, mas quem necessita de cuidados e orientação e, talvez até tratamento, são os pais.

Cynthia Boscovich
Psicóloga clínica e perinatal. Psicóloga do sono e especialista em transtornos de humor. Colaboradora do GRUDA (Programa de Transtornos afetivos do IPQ/ HC/ FMUSP).
Email: cyboscovich@gmail.com
Tel. 11 99687-9087
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