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Professor, meu filho é inteligente?

Tempo de Leitura: 3 minutos
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A pergunta não tem qualquer sentido, mas sempre é feita. Se aos três anos a criança fala, caminha, sorri, tem apetite, escolhe o que gosta, é evidente que sabe resolver problemas e pensar. Portanto, é claro que é inteligente. Mas o que os pais querem na verdade saber é se a criança é “muito” inteligente. Ainda que a diversidade de inteligências torne essa resposta um tanto quanto generalista, existem alguns traços no comportamento infantil que nos ajudam a perceber o potencial criativo de cada criança.
Se o seu filho é “muito” inteligente, parabéns. Estimule-o cada vez mais. Caso não seja, não se preocupe, basta estimulá-lo sempre que ele será.

Abaixo alguns itens que ajudam nesse diagnóstico:

· Curiosidade – A criança inteligente é a criança “xereta”, perguntadora, pronta para se meter onde não foi chamada. Ainda que tempos atrás se associasse a curiosidade infantil com “falta de educação”, a verdade é que ela é sempre bem-vinda, principalmente para pais e professores que sabem valorizá-la, discipliná-la e, sobretudo, legitimá-la.
· Bom humor – O riso fácil, a alegria espontânea, a facilidade em fazer piadas compatíveis com a idade e rir delas são claros indícios de atividades cerebrais intensas, tempestades de sinapses.
· Persistência e empenho na satisfação de seus interesses – Crianças pouco inteligentes são apáticas, conformistas, resignadas e, portanto, opõem-se àquelas crianças “chatas” que teimam em teimar.
· Facilidade em encadear idéias – Ao se contar algo, a criança inteligente costuma pular do texto para o contexto, da exposição para a analogia, inventando comparações, investigando exemplos, ainda que nem sempre pertinentes. A criança que, impassível, ouve uma história e não “mete o bedelho” para mudar a sua estrutura, não é muito inteligente.
· Liderança – Ainda que esse atributo não se manifeste em todas as ações sociais da criança, mesmo porque muitas vezes o lar em que ela cresce é extremamente castrador, quando se manifesta, indica uma inteligência viva e, portanto, intensa atividade cerebral.
· Sentimento de incontida revolta diante do que acredita ser injustiça – Ainda que nem sempre possa pensar em termos de uma moralidade independente, a criança inteligente fica furiosa quando se acredita injustiçada, quando descobre “preferências” no adulto e, algumas vezes, até mesmo quando acredita que algum amigo foi alvo de injustiça. Como detesta perder, prefere sempre que “todos ganhem” quando joga com amigos.
· Criatividade e imaginação, ainda que controladas por um propósito – O poder de fantasiar e viver as fantasias – um exemplo é “o amigo secreto” que chega lá pelos três ou quatro anos – é forma marcante de inteligência.

· Relativa facilidade de adaptação a novos desafios, novas situações, novos espaços, novas brincadeiras, novas pessoas – É natural alguma sensação de desconforto em caso de mudanças, mas a criança inteligente supera essa sensação com mais facilidade que outras da mesma faixa etária.
· Facilidade em relacionar informações aparentemente dispersas e, muitas vezes, distantes – Ao ver uma cena de TV, a criança inteligente constrói associações relativamente análogas vividas por ela ou por um amigo. Ao ouvir algo, faz essa idéia transitar por outros caminhos e descobrir novas estradas.
Para terminar, uma digressão histórica: quando Leônidas, general espartano, foi aconselhado a desistir da luta porque as setas inimigas eram tantas que, se atiradas todas ao mesmo tempo, escureceriam o céu, respondeu impávido: não importa, combateremos no escuro. A citação procede. Se a criança possui os elementos citados acima, estimule-a. Se não os tem, faça-os aparecer.

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