Por que participar de um grupo de gestantes pode ser um excelente aprendizado no preparo para ser MÃE!
Segundo Lamare (2005) a gravidez é um verdadeiro divisor de águas na vida de uma mulher. Os sentidos ficam alerta, a sensibilidade aumenta o acompanhamento de um novo ser que se desenvolve e a preparação para recebê-lo implica um profundo crescimento pessoal, tanto para a futura mamãe como para o futuro papai. São nove meses de deslumbramento, mas também de muitas dúvidas, apreensões, possíveis desconfortos e contratempos.
O bebê já antes de nascer é um ser inteligente, sensível, apresentando traços de personalidade próprios e bem definidos, e que tem uma vida afetiva e emocional estreitamente vinculada à sua experiência relacional com a sua mãe, estando em perfeita comunicação empática e fisiológica com ela, captando os seus estados emocionais e a sua disposição afetiva para com ele. A disponibilidade afetiva da mãe é fundamental para que ocorra o desenvolvimento psico-afetiva da pessoa, de célula a feto, de feto a bebê, de bebê à criança.
O grupo de gestantes
Para Maldonado (2005), o grupo de gestantes é um grupo homogêneo, pois são pessoas que estão atravessando uma mesma transição existencial, isto é, apresentam problemas semelhantes e estão dispostas a discutir situações comuns a todos. Segundo Viçosa (1997) o grupo aberto não limita as participantes por faixa etária, por período gestacional ou nível sócio-econômico, possibilitando a elas uma maior troca de experiências e lhes dando mais sensação de evolução, pois tem a oportunidade de vivenciarem atitudes, reações, emoções que ainda não foram experimentadas, ou que já vivenciaram e souberam lidar com os fatos.
No grupo de estrutura mista as vivências e experiências são focalizadas em um tempo do grupo, após a transmissão de informações relevantes ao tema focado. Sendo assim, o grupo se desenvolve com momentos estabelecidos para determinadas atividades, número fixo de sessões e seqüência pré-estabelecida de temas a serem abordados em cada encontro. Maldonado (2005) firmou que, “os dois momentos – transmissão de informação e discussão das vivências – se harmonizam e se interpenetram”. E ainda, “com gestantes a estrutura mista pode incluir também um tempo para ginástica, respiração e relaxamento”.
Sabe-se que a maternidade é um momento existencial extremamente importante no ciclo vital da mulher, pois proporciona novos níveis de integração e desenvolvimento da personalidade. Portanto, sendo um período de transição, contém ansiedades e fantasias decorrentes desta fase, sobretudo, é durante a gravidez que se inicia a formação do vínculo afetivo mãe-bebê.
Num grupo de gestantes são pautas de debate situações da vida atual, o parto, o pós-parto, os cuidados com o bebê, a amamentação e outros temas importantes que o grupo desejar abordar. Gestantes participam de encontros semanais. Focalizaremos aqui alguns temas presentes nos grupos de gestantes.
Todo indivíduo sente necessidade de pertencer a algum grupo humano que seja para ele uma referência, especialmente numa sociedade de massa que o despersonaliza, gerando sentimentos de isolamento e solidão. Uma mulher grávida pode ser oriunda de um círculo familiar e social restrito, em que foram mínimas as oportunidades de aprendizagem relacionadas, por exemplo, ao nascimento de um bebê. Já outra gestante pode vir de uma família numerosa, ter acompanhado outras gestações e ter alguma experiência com bebês, mas sabe que sua experiência de vida é única.
É única a história com sua família de origem, a história do relacionamento com seu parceiro, como serão únicos a experiência de parto e pós-parto. E é desse ponto de vista que cada uma deseja ser ouvida e ter sua experiência pessoal compartilhada, ou ainda, sua falta de experiência.
Suas dúvidas, conflitos e ansiedades, que ocorrerão em algum grau, mesmo em gestações desejadas e programadas. Se por um lado a abordagem dos temas que vão surgindo num grupo de gestantes é particularizada, por outro lado o coordenador de um grupo dessa natureza deve atender àquelas questões que surgem com freqüência por parte da maioria dos componentes do grupo.
A gestação, o parto e o puerpério são períodos de intensas modificações físicas, psíquicas, emocionais e sociais. Mesmo por fazer parte do desenvolvimento psicológico normal dos indivíduos ao longo de suas vidas, a gravidez é considerada um momento de transição vivenciado como crise, e oferece tanto a possibilidade de crescimento, integração e amadurecimento bem como de angústia e sofrimento.
Ao longo da gravidez impõe-se um importante trabalho psíquico a ser realizado pelo homem e pela mulher: a mudança de papéis e de identidade; além de filhos, homem e mulher tornam-se pai e mãe. A maternidade e a paternidade, no entanto, são conquistam psicológicas para a qual homem e mulher podem se habilitar, já que ninguém nasce sabendo ser pai ou mãe.
O grupo de atendimento às gestantes funciona em nível preventivo, tendo como resultado menores dificuldades no desempenho das funções profissionais; diminuição de riscos emocionais característicos da gestação, parto e pós-parto; melhores níveis de adaptação funcional e emocional; aumento da responsabilidade profissional, com menores índices de falta; menores níveis de ansiedade ao término da licença-maternidade. Gestante, casal, bebê e empresa são beneficiados com os resultados do trabalho de grupo realizado.