*Cynthia Boscovich
Ser mãe é uma arte, que requer dedicação, envolvimento, amor e sobretudo aceitação. A escolha de ser mãe implica em ter que lidar com várias questões o tempo todo. Ser mãe é o tempo todo ter que fazer escolhas e concessões.
O que nos tornamos com a maternidade é algo que não pode ser dito, mas que só pode ser compreendido pelo sentimento que se passa no coração, e o nome deste sentimento talvez seja AMOR.
Mas também é ter que vivenciar outros sentimentos, nem sempre muito aceitos, como o ódio, a culpa e o medo.
É possível amar alguém que nunca vimos antes?
É possível dedicar-se a alguém que no início é absolutamente dependente, sem exigir nada em troca?
O que é este sentimento tão simples e tão profundo que mobiliza, amolece ou paralisa o coração de tantas mulheres?
Muitas destas questões rondam a mente de muitas mulheres que não conseguem fazer a escolha de ser ou não ser mãe.
Em prol da maternidade, abrir mão da vida profissional (mesmo que seja temporariamente), da própria independência, de dar atenção exclusiva ao marido, de ter tempo para si própria, e lidar com o sentimento de dúvida ou incapacidade de executar este papel tão simples e ao mesmo tempo tão complexo, dentre outras inúmeras situações, não é uma tarefa fácil de ser decidida.
Qual mulher que nunca se questionou em relação a estas ou outras questões relacionadas à escolha de ser mãe?
Na medida em que a mulher vai tendo certeza deste papel, passará a viver, aceitar e a preocupar-se com um só objetivo, o bebê que irá chegar e o que poderão viver juntos.
Escolher ser mãe implica em ter que se deparar com a sua mãe interna, e isto não têm absolutamente nada a ver com o fato de ter sido ou não criado pela sua própria mãe biológica, tendo ela sido boa ou nem tanto, mas o quanto ela mesma é capaz de acolher as suas próprias questões e poder doá-las a outro ser de forma incondicional.
Ainda que esperemos que o outro, em algum momento da vida, reconheça esta dedicação, ser mãe requer não esperar nada em troca, mas ser simplesmente recompensada pelo seu próprio sentimento que faz com que esta escolha valha à pena.
É claro que algumas mudanças e preparos devem ser tomados, como a logística de vida e organização do lar que receberá um ser absolutamente dependente de outro para sobreviver, além da disponibilidade interna.
Cuidar do seu próprio corpo que passará por muitas mudanças, também será importante.
A maternidade é uma escolha que só pode ser pessoal. Tornar-se mãe de forma deliberada ou por acidente, ainda assim nos encaminham a ter que fazer escolhas, muitas delas que podem ser capazes de nos dar uma oportunidade de viver algo que é único, independentemente do número de filhos que decidirmos ter.
*Cynthia Boscovich é psicóloga