Você sabia que apesar dos seis meses de vida ser considerado um marco para o início da introdução alimentar do bebê, ele por si não é suficiente para garantir que a introdução ocorra de forma segura? Para me referir a esse período, eu prefiro usar o termo “a partir dos 6 meses” e não “aos 6 meses”.
A introdução alimentar é um passo importante no desenvolvimento do bebê, e é crucial que essa fase ocorra da forma mais segura possível. Para que isso aconteça, o bebê precisa apresentar um conjunto de habilidades motoras, incluindo as mastigatórias; visto que ele está em transição alimentar. Segurar objetos com as mãos, levar objetos à boca, movimentar a língua para manipular os alimentos são funções motoras que demonstram desenvolvimento motor pleno. Assim como os sinais de interesse pelos alimentos, as tentativas de pegar os alimentos com a mão, a curiosidade ao ver uma criança ou adulto se alimentando e a imitação dos movimentos de mastigação.
Bem, não é de forma aleatória que esse marco de desenvolvimento foi escolhido. Espera-se que aos seis meses, o bebê tenha explorado as etapas anteriores de desenvolvimento, como a exploração do solo em diversas posturas, a exploração das mãos, e ainda, que apresente uma ótima sustentação de cabeça. Qual é o motivo de esperarmos que o bebê apresente essas habilidades ao invés de esperarmos que ele complete 6 meses de vida?
Evitar engasgos. Quando o bebê não apresenta os sinais de prontidão necessários para garantir a deglutição segura, ele está sujeito a sofrer engasgos durante as refeições; pois a cintura escapular precisa ter um nível aceitável de estabilidade para que a coordenação dos movimentos de respiração e deglutição ocorra de forma satisfatória, principalmente em alimentos sólidos. A cintura escapular é uma estrutura que inclui ossos e articulações da porção superior do tronco e parte dos membros superiores.
É pertinente que a família espere ao menos essas três características do seu bebê: que ele consiga segurar bem a cabeça, que ele conquiste o sentar, mesmo com apoio e que ele pegue objetos com a mão, ensaiando levá-los à boca. Pode ser que ele precise de pouco mais de seis meses para atingir essas etapas. Pode ser que a introdução ocorra no sétimo ou oitavo mês e está tudo bem.
O importante é que ela ocorra de forma segura para o bebê. E estamos falando de desenvolvimento motor típico, ou seja, desenvolvimento motor de crianças que não apresentam diagnósticos clínicos que comprometam o sequenciamento do desenvolvimento. Se essa criança com desenvolvimento motor típico estiver apresentando sinais de atraso no desenvolvimento, a família deve buscar um fisioterapeuta pediátrico para que as aquisições motoras transcorram como o esperado.
Se nós estivermos nos referindo a um bebê com desenvolvimento motor atípico, esse bebê precisa de fisioterapia regular para aquisições motoras relacionadas à cabeça e ao tronco; assim como fonoaudiologia de rotina. Essas conquistas motoras devem ser priorizadas, mas a evolução do bebê vai depender de vários fatores: da condição clínica e motora do bebê, da participação da família, da frequência e regularidade das terapias, e da expertise dos profissionais.
Por fim, gostaria de deixar algumas sugestões para as famílias que estão se preparando para a introdução alimentar: primeiramente, conversar com o pediatra para receber todas as recomendações alimentares necessárias e específicas, e acompanhar o ganho de peso. Caso a família precise de mais suporte nessa transição, é importante consultar um fonoaudiólogo pediátrico. Existem diversas estratégias alimentares que podem ser implantadas na rotina e podem facilitar esse período. E se for necessário mais suporte, um nutricionista pode ser consultado. O fisioterapeuta pediátrico é o profissional responsável por avaliar o desenvolvimento motor global da criança, caso haja dúvidas sobre o início da introdução alimentar baseada na biomecânica do bebê; esse profissional deve ser consultado.