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Terror noturno, sonambulismo e pesadelo: devo me preocupar?

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Depressed young Asian woman sitting in bed cannot sleep from insomnia

Quem não teve um pesadelo memorável na vida? Será que é o mesmo do que ocorre com crianças pequenas que acordam gritando e nada as consola? Nem colinho de mãe? Vamos entender a diferença? Será que você precisa se preocupar?

Tanto pesadelos quanto terror noturno – que descrevi brevemente no parágrafo acima – são classificadas como parassonias na Terceira Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono. São eventos indesejados que ocorrem no início, durante ou no despertar do sono, caracterizadas por movimentos, comportamentos ou emoções.  Para entender o que ocorre nas parassonias, é importante entender que a consciência que existe no estado desperto, desaparece na medida em que adormecemos. Nas parassonias, há uma mistura entre o que se tem de consciência no estado de vigília (acordado) e o sono, com partes do corpo funcionando como “acordados” e partes do corpo em sono, gerando uma “dissociação”.

 Elas são divididas em grandes grupos, a depender do momento em que ocorrem: parassonia do sono REM, parassonias do sono NREM (sono não REM) e durante as transições sono-vigília.

Nas parassonias do sono NREM, há mistura entre o que ocorre na vigília e no sono NREM e os exemplos são despertares confusionais, sonambulismo e terror noturno.  Há capacidade de se movimentar, mas com função cognitiva prejudicada, ou seja, áreas do cérebro estão dormindo e outras, acordadas. Como ocorrem na transição entre o sono profundo e o despertar, o período da noite que caracteristicamente acontecem é no primeiro terço da noite.

No terror noturno, a criança desperta com grito, choro, desespero sem conseguir ser acalentada, com taquicardia, sudorese, e não tem memória deste episódio. A maioria dos episódios são curtos, mas alguns podem durar 30-40 minutos e os olhos podem ficar abertos. Após se acalmar, pode ficar por alguns minutos confusa e depois volta a dormir. Mudanças de rotina, estresse, privação de sono, uso excessivo de eletrônicos podem aumentar a frequência de aparecimento do terror noturno assim como de outras parassonias. Realmente não adianta tentar acalmar, pais ficam frustrados na tentativa de abortar a situação, mas ela é autolimitada. Costumam desparecer na puberdade.

Os despertares confusionais são momentos de, como o próprio nome diz, despertares acompanhados de confusão mental, falas desconexas ou atitudes esquisitas e, quando após esse início há saída da cama, passa a ser chamado de sonambulismo. Não tem respaldo científico a lenda de que não se pode acordar um sonâmbulo… se for acordado, estará um tanto confuso e desorientado. É importante assegurar que ele esteja protegido, pois apesar de estar andando e olhos geralmente abertos, sua mente está dormindo (lembre-se que é uma mistura de sono profundo e despertar). Não há atenção, planejamento, interação social coerente, orientação no tempo e espaço.

É comum observar que a criança que é sonâmbula ou que tem terror noturno tem pais ou outros membros da família que, quando crianças, também tiveram as mesmas questões. Muitos deles tem o genótipo HLADQB1*05:01, o que faz ter esse componente hereditário para estas parassonias. Além disso, a história parental de sonambulismo prediz a incidência e persistência de terrores noturnos em crianças.

Já o pesadelo é uma parassonia do sono REM, na qual o indivíduo lembra do que estava sonhando, se acalma na medida em que percebe que não era verdade o que estava acontecendo ou se acalenta no colo do cuidador e, caracteristicamente ocorre na segunda metade da noite, quando o sono REM é mais frequente.

Há necessidade de se investigar casos de parassonias recorrentes quando isto de alguma forma atrapalha a rotina familiar e da própria criança e/ou tem alguma característica que distoa das formas clássicas explicadas neste texto. De qualquer forma, é importante contar para seu pediatra sobre a frequência e características seja dos despertares confusionais, sonambulismo, terror noturno ou pesadelos do seu filho. Caso haja qualquer dúvida quanto a benignidade do quadro, vídeo polissonografia e uma consulta com médico especialista em sono pode ajudar.

Dra. Sandra Doria Xavier
Otorrinolaringologista com Especialização em Medicina do Sono.
Pós Doutoranda pela UNIFESP. Professora e pesquisadora no Instituto do Sono SP
CRM-SP 101.577
@drasandradoriasono
ssandoria@yahoo.com.br
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