Torcicolo: os bebês também sofrem com essa condição
Dor e mobilidade reduzida no pescoço e no corpo… Quem já teve torcicolo em algum momento da vida, provavelmente, conhece bem esses sintomas. Apesar de ser uma condição muito conhecida em adultos, é frequentemente encontrada em bebês, o que chamamos de torcicolo congênito.
Quando existe um olhar atento a cada fase do desenvolvimento do bebê, muitos pais e mães são guiados ao meu consultório, com queixas de falta de mobilidade, preferência postural e atrasos motores. Esta é uma condição que chama atenção, já que acomete grande porcentagem dos bebês e emite importantes sinais de alerta.
Estes sinais são: permanência ou preferência do pescoço para um lado; intolerância postural, seja nos bruços ou lateralidade; preferência por uma mama na hora das mamadas e demais dificuldades na amamentação; sucção que machuca o seio; ausência ou dificuldade de mobilidade corporal; inatividade e atrasos no desenvolvimento, dentre outras.
É necessário entender que muitas vezes o torcicolo congênito não está aparente no pescoço. Isso mesmo. O bebê com TC está em um vetor de força espiral, fazendo com que muitas vezes a entorse (torção) esteja em outros grupos musculares de seu corpinho, como nos tornozelos e quadris, ombros e tronco.
Muitas articulações e musculaturas podem estar acometidas pela alteração “postural”, deixando o corpo em desequilíbrio. Por isso, os bebês com TC desenvolvem, pelos mesmos bloqueios, assimetrias cranianas, atrasos de desenvolvimento e demais questões que necessitam de intervenção. Além disso, o torcicolo é capaz de desviar a simetria dos olhos, da mandíbula, alterar mastigação etc. A boa notícia é que há tratamento.
É necessário destacar que essa situação não se reverte sozinha e não passa conforme a criança cresce. Pelo contrário, esta é uma condição que precisa de tratamento, feito por fisioterapeuta especializado, realizando o reposicionamento de musculaturas e estruturas, tirando o corpo do bebê da torção e devolvendo sua função.
Se não tratado, o torcicolo pode levar a alterações severas como escolioses, por exemplo.
Também leva o corpo todo a utilizar compensações e desvios posturais para manutenção da função motora. Ou seja, o bebê cresce fazendo “gambiarras” motoras em seu desenvolvimento, gerando compensações tão profundas que muitas vezes passamos uma vida inteira cuidando de cada uma delas. É aparelho e placas nos dentes, palmilha nos pés, tratamentos posturais, analgésicos, entre tantas outras coisas que deixaria essa lista aqui extensa.
Por isso, a dica é estar sempre atento ao bebê e seu desenvolvimento. A qualquer percepção diferente da normalidade, é necessário procurar ajuda especializada. Quanto mais cedo tratar, mas fácil será a reversão desse quadro.
Dra. Lígia Conte
Fisioterapeuta especializada em desenvolvimento motor infantil e reabilitação neurofuncional @desenvolvecrianca