Embora os cosméticos sejam normalmente associados ao uso adulto, produtos similares também são amplamente comercializados para crianças. Além das maquiagens mais tradicionais, como sombra e batom, as crianças também podem usar produtos para o corpo, como pintura facial, glitter corporal, esmalte, gel de cabelo e perfume ou colônia. Esses produtos infantis de maquiagem e corpo utilizam recursos como cores vivas, animais e personagens de desenhos animados para atrair a atenção das crianças. As plataformas de mídia social estão sendo cada vez mais utilizadas para divulgação desses produtos.
Apesar de a pele exercer uma função de barreira contra substâncias químicas, é importante ressaltar que a pele da criança é diferente da pele de adultos. A pele infantil é caracterizada como fina, frágil, sensível e imatura. Ela apresenta facilidade de descamação e maior perda de água que a adulta, pois nela as células estão menos coesas entre si. Nesta fase da vida, a pele apresenta menor resistência a agentes externos, o que explica sua textura diferenciada em relação à pele de um adulto. Aproximadamente, por volta dos 12 anos de idade, a estrutura e as funções da pele da criança já se assemelham às do adulto.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) criou regulamentos para garantir a segurança de crianças ao utilizar cosméticos. De acordo com a ANVISA, as maquiagens infantis podem ser usadas a partir dos 3 anos, desde que aplicada por adultos e a partir dos 5 já poderá manusear a maquiagem infantil sozinha com a supervisão de um adulto. Quanto à segurança, vale lembrar que a maquiagem de adultos não deve ser usada em crianças.
No Brasil, os produtos infantis estão subordinados à RDC nº 15, de 24 de abril de 2015, da Anvisa, que estabelece os requisitos técnicos relativos à formulação, à segurança e à rotulagem para a concessão de registro de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes para o público de até 12 anos de idade.
Umas das condições essenciais é que sejam excluídos todos os ingredientes que possam constituir uma potencial agressão cutânea. Para se ter certeza da qualidade do produto, a primeira providência é verificar se o produto está regularizado na Anvisa.
Os ingredientes que mais frequentemente são responsáveis por reações adversas a cosméticos são os conservantes e perfumes.
As crianças devem utilizar apenas produtos infantis, pois são elaborados de forma a manter as características da pele da criança. Alguns produtos são dermatologicamente testados ou hipoalergênicos; isto significa que foram testados sob o controle de médicos dermatologistas, o que reduz o risco de surgimento de alergia.
Um requisito para o uso de maquiagem infantil é ter baixo poder de fixação e ser facilmente removida da pele com água e sabonete infantil.
Quanto ao uso de protetores solares, é muito importante o uso diário nas crianças para prevenir queimaduras solares. O uso é recomendado a partir dos seis meses de idade e um médico deve ser consultado. O fator de proteção solar (FPS) do produto a ser utilizado nas crianças deve ser no mínimo 30, de acordo com o fototipo de pele ou conforme recomendação médica. Quanto maior o valor de FPS do produto, maior a proteção proporcionada. O protetor solar deve ser reaplicado a cada duas horas. Em praia ou piscina, mesmo que o produto seja resistente à água, os pais devem reaplicá-lo na criança após sua entrada na água ou depois de muita transpiração. Mesmo com esses cuidados, a exposição solar deve ser evitada no período das 10h às 16h.
Os esmaltes permitidos para crianças são aqueles à base de água, que podem ser removidos sem a necessidade do uso de acetona ou removedor. Por não conterem solventes, o cheiro dos esmaltes infantis é bem diferente daquele presente nos esmaltes para adultos.
Os batons e brilhos labiais devem colorir os lábios temporariamente. Como nos demais produtos infantis, a fórmula deve ser composta por ingredientes seguros.
Os fixadores de cabelo infantis podem ser coloridos, perfumados, ter fotoprotetor e efeito luminoso. São indicados para crianças a partir de três anos de idade e devem ser aplicados exclusivamente por um adulto.
Não há uma idade “segura” para que uma criança comece a utilizar produtos cosméticos, mas quanto menor for a exposição na infância, melhor. Muitas vezes, somente depois de várias exposições à substância alergênica é que ocorrem as reações. O mais importante é garantir a segurança dos pequenos.