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Vacina contra vírus sincicial respiratório para gestantes

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Pregnant caucasian woman sitting with protective mask after vaccination

Tivemos há alguns dias no Brasil o lançamento da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) para gestantes, com o principal objetivo de proteção das gestantes e especialmente dos seus bebês para infecções pelo vírus, um dos principais causadores de bronquiolite.

O VSR é causador de infecções respiratórias, com predileção para recém-nascidos e bebês pequenos, sendo facilmente transmitido de pessoa a pessoa através de gotículas ou secreções respiratórias, tosse, espirro ou mesmo de forma indireta pelo contato com superfícies ou objetos contaminados, onde o vírus pode ficar vivo por várias horas. Ele possui um pico de circulação durante o inverno e primavera, mas com as mudanças climáticas, temos encontrado o VSR durante todo o ano.

A maioria das crianças terão sintomas leves de um resfriado, porém com potencial de gravidade muito expressivo para evolução para bronquiolite, sendo essa uma importante causa de internação, inclusive em unidades de terapia intensiva com necessidade de suporte de oxigênio, podendo ocorrer inclusive evolução desfavorável, com sequelas ou óbito.

Não há tratamento específico para o VSR, por isso, todo investimento deve ser feito em medidas de prevenção. Essas basicamente, são as mesmas contra qualquer vírus respiratório, ou seja, afastamento de sintomáticos respiratórios, restrição de visitas, lavagem de mão. Para crianças muito vulneráveis tínhamos uma medicação chamada palivizumabe, que é um anticorpo monoclonal, ou seja, um anticorpo pronto aplicado pelo SUS para grupos muito específicos, como cardiopatas, prematuros e pacientes com algumas comorbidades. Apesar de muito eficiente, esse anticorpo tem curto período de ação, uso muito restrito e alto custo. Além do palivizumabe, temos já licenciada uma vacina para pessoas maiores de 60 anos (AREXVY ® da GSK) e outro anticorpo monoclonal lançado (NIRSEVIMABE) mais ainda aguardando a chegada de fato no Brasil.

Tivemos então recentemente o lançamento de um importantíssimo passo para prevenção das infecções pelo VSR nos bebês. A vacina ABRYSVO® da Pfizer foi licenciada para uso em gestantes, que estando vacinadas, passarão anticorpos para seus recém-nascidos através da placenta protegendo esses contra hospitalização e doença grave pelo vírus nos primeiros 90 a 180 dias de vida da criança. O mecanismo e estratégia de proteção é muito semelhante com o da vacina de coqueluche ou influenza, no qual vacinamos a gestante para não apenas protegê-la, mas também objetivando a proteção do bebê.

A vacina ABRYSVO® deve ser aplicada no segundo ou terceiro trimestre de gestação em dose única. Os estudos mostraram um impacto de proteção muito bom com redução em 82% de doença grave em bebês provocada pelo VSR, 68% de redução de hospitalização nos primeiros 90 dias de vida e 57% de internações até 180 dias de vida dos bebês.

Apesar de ela ser liberada no 2° e 3° trimestre (a partir de 24 semanas), a recomendação oficial da Sociedade Brasileira de Imunização é que seja aplicada através de injeção intramuscular, entre 32 e 36 semanas de gestação, em dose única. Algumas pesquisas mostraram dados com relação da aplicação antes de 32 semanas e prematuridade. Isso ainda está sendo avaliado e por segurança no Brasil a recomendação tem sido após 32 semanas.

A vacina não é feita de vírus vivo, sendo de material inativado do VSR e portanto, impossível da própria vacina causar doença na gestante ou mesmo no bebê.

Importante dizer que a vacina não está liberada para puérperas (pessoas que já tiveram o bebê), nem para pessoas em aleitamento materno. Por ser uma vacina muito nova, também não houve liberação por hora para pessoas com imunodepressão, incluindo gestantes que vivem com HIV.

Por hora a vacina só pode ser encontrada em clínicas privadas de vacinação. Ainda possui custo muito elevado, mas considerando-se tudo que ela pode trazer de proteção ao bebê, ela é altamente recomendada caso a família possa realizá-la durante a gestação.

Conversem com seu médico e se possível, vacinem. Será um dos maiores presentes que seu bebê poderá receber.

Dra. Daniela Vinhas Bertolini
Pediatra e Infectopediatra. Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Infectopediatra do Programa Estadual e Municipal de IST/Aids de São Paulo
@dradanielabertolini
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