Recentemente foi publicado nos jornais de todo país que alguns bebês passaram mal após usarem colírio para fazer o teste do olhinho. Mas, esse acontecimento foi um caso à parte raro de acontecer, “com certeza devido a problemas com o uso de colírio adulterado, e não com o exame em si. As mães não devem se alarmar com esta rara ocorrência e deixar de realizar o exame, pois ele é imprescindível”, explica Dr. Luciano Gonçalves, oftalmologista responsável pela autoria do Projeto Luz, que é um programa de prevenção da cegueira infantil criado em 1986, com o objetivo de chamar atenção para a importância do teste do olhinho para os recém-nascidos.
Na Caderneta da Saúde da Criança, do Ministério da Saúde, na página 12, há a exigência de que o exame do Reflexo Vermelho seja realizado e anotado. Esta caderneta é distribuída para todos os municípios brasileiros e o resultado do exame tem que ser anotado corretamente. Assim fica fácil saber se o exame foi realizado, afastando o risco de a criança crescer, por exemplo, com catarata congênita.
Qual a função do teste do olhinho?
Dr. Luciano – O teste do olhinho, na verdade, é o exame do Reflexo Vermelho, realizado com o oftalmoscópio que avalia se os meios transparentes do globo ocular estão normais, tipo córnea, cristalino e humor vítreo.
Em que semana ele deve ser realizado?
Dr. Luciano – O ideal é que o exame seja realizado na alta do bebê da maternidade. Infelizmente, muitas gestantes têm alta sem que o exame tenha sido realizado. Nestes casos, o exame deve ser feito ainda na primeira semana de vida. Peça ajuda ao pediatra.
O que pode ser descoberto através deste teste?
Dr. Luciano – Catarata congênita ou qualquer patologia que interfere nas estruturas transparentes do globo ocular.
O que é a catarata congênita?
Dr. Luciano – É a opacificação congênita parcial ou total do cristalino, com diversas etiologias – trauma, infecção intrauterina por vírus e/ou outros agentes patogênicos, de origem genética. As causas inflamatórias intrauterinas são as mais frequentes. Esta opacificação do cristalino poderá interromper o desenvolvimento da visão, causando danos irreparáveis se o diagnóstico não for efetuado precocemente.
O teste é realizado na mesma fase em bebês prematuros?
Dr. Luciano – O teste do olhinho deve ser realizado em todos os recém-nascidos, sejam eles prematuros ou não. O exame para avaliar lesão retiniana de prematuro é o fundo de olho. No teste do olhinho observa-se apenas o reflexo vermelho. O protocolo para as avaliações do mapeamento da retina nos prematuros tem fases de acompanhamento diferentes.
Os bebês prematuros correm mais riscos de sofrer problemas nos olhos?
Dr. Luciano – Os bebês prematuros que nascem com peso inferior a 800 gramas, com história de infecção e de necessidade de uso prolongado de oxigênio, se não forem bem acompanhados por retinólogos, correm riscos maiores de oftalmopatias.
Onde o teste pode ser realizado?
Dr. Luciano – Deve ser realizado ainda na maternidade pela equipe de neonatologistas responsável pela alta do bebê. Existem famílias carentes que não têm recursos para a passagem de ônibus e, com isso, quando encaminhados para outros locais, há o risco do exame não ser realizado. Na Maternidade Escola da UFRJ é proibida a alta sem o teste do olhinho.
Quais os riscos de não fazer o exame?
Dr. Luciano – Deixar de fazer diagnóstico precoce da catarata congênita. A catarata congênita tem que começar a ser avaliada o mais cedo possível, para evitar que se instale a ambliopia, que neste caso é de difícil recuperação. A ambliopia é a falta de visão por ausência do estímulo visual ao nível da fóvea retiniana de que o olho precisa para começar a desenvolver a visão.
Usa-se colírio nesses testes?
Dr. Luciano – O teste do olhinho, exame do Reflexo Vermelho, não exige o uso de colírios para dilatar a pupila. Isso se faz quando se suspeita de uma patologia ocular, catarata ou opacificação vítrea. A essas opacificações dá-se o nome de leucocoria.
Dr.Luciano Gonçalves – Prof. Adjunto de Oftalmologia da UFRJ e autor do Projeto Luz www.acd.ufrj.com.br/projetoluz
Fonte: Gravidez Absoluta