Volta e meia falamos por aqui da importância de uma rede de apoio para um puerpério mais pleno, de como é válido identificar quem são as pessoas com as quais você grávida poderá contar no período pós-parto: pais, sogros, melhores amigos, tias, madrinhas, vizinhas. O que acontece é que não basta reconhecer as pessoas que fazem parte da sua rede de apoio. Depois de identificar as tarefas com que você vai precisar de auxílio (que no puerpério são todas as que você faz normalmente no seu dia a dia, já que você não vai querer fazê-las nem vai ter tempo para elas), é preciso conversar com essas pessoas, pedir ajuda, deixar claro que você conta com elas para isso ou aquilo especificamente.
O primeiro desafio
E é aí que surge o primeiro desafio do pós-parto, mesmo antes do pós-parto começar. Para muitas pessoas pedir ajuda para alguém é bem difícil. Em nossa sociedade individualista, somos ensinados a sermos – e é exigido que fossem – autossuficientes; crescemos sob a pressão de sermos capazes o suficiente, inteligentes o suficiente, fortes o suficiente, bons o suficiente para fazermos tudo por nós mesmos, sem precisar de ninguém. A partir daí, pedir ajuda passa a ser sinal de fraqueza, de fracasso, de inferioridade. Eis aqui um padrão a ser superado.
Li há pouco numa revista que para pedir ajuda com segurança, é necessário estar convencido da honestidade e justeza do que se vai solicitar. Não há período mais justo para se precisar de ajuda do que no puerpério. Uma nova configuração familiar, um bebê recém-nascido, uma nova mulher-mãe que não tem como saber ainda quem é exatamente, um novo pai. Um momento de novos vínculos, de renascimento. O começo da vida de um ser humano, que se refletirá no adulto que esse indivíduo será. Ajudar uma família no pós-parto é ajudar também a própria sociedade. Portanto, é honesto e justo pedir ajuda para esse momento de vida tão especial e único.
Toda mãe recente merece ser ajudada
Além disso, você precisa acreditar que você merece essa ajuda. Que pedir ajuda faz parte da vida e passa longe de ser sinal de fraqueza. Ao contrário, planejar o seu pós-parto com consciência, ter coragem e confiança para conversar com pessoas que naturalmente são significativas na sua vida é ser forte, ser brava, ser destemida, valorosa e ativa… Está vendo que só tem qualidade aí?
Também é importante ter claro que algumas pessoas podem não poder ajudar, e que isso não tem que ser decepcionante para quem solicita o auxílio. O mais relevante é que, da mesma forma que você será sincera ao pedir a ajuda, a pessoa seja sincera com você, e se comprometa realmente se puder.
Receber ajuda no pós-parto é ainda estabelecer conexões com as pessoas da sua rede de apoio. É fortalecer vínculos, é espalhar amor.
Permitir-se ser ajudada e saber pedir ajuda é chave para um pós-parto que ficará na lembrança como um momento intenso sim, mas que você conseguiu viver da melhor forma possível, graças à sua sabedoria de pedir ajuda e à bondade e carinho de quem terá lhe ajudado. Vale muito à pena!
Dica extra
Se as pessoas que fariam parte de sua rede de apoio não podem estar por perto, pense seriamente em contratar uma doula pós-parto. Ela ajudará você na preparação para esse período e no puerpério em si. E lembre-se que mesmo com uma boa rede de apoio, a doula pós-parto pode fazer diferença na sua experiência puerperal.
Dulce Piacentini é doula pós-parto e consultora em aleitamento materno na Abraço de Mãe, uma equipe de doulas que busca promover, com informação e apoio, o bem-estar da mulher da gestação ao pós-parto, através de serviços presenciais ou online. Saiba mais em www.abracodemae.com.
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